62ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 7. Música e Dança
OS CANTOS DE TRANSFORMAÇÃO DO SER: FORMAS DE BELEZA COM A ARTE
Artemisa de Andrade e Santos 1
Edmilson Ferreira Pires 1
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN/PPGED
INTRODUÇÃO:
O objetivo deste estudo é apresentar as propriedades ontopoiéticas aplicadas ao canto e as experiências sensoriais de um grupo de cantores. Por meio de recursos expressivos, inspirados durante o processo de construção plástica, buscou-se aprofundar o estudo no campo musical dentro de uma proposta que aproxima a Educação Estética às diferentes dimensões da Educação do Sentimento. O processo vivido e configurado de reconhecer-se propõe uma contribuição ancorada na concepção de corporeidade (CAVALCANTI, 2004) e na Teoria Autopoiética de Maturana (1980) para o trabalho com a música. Compreende e fundamenta o despertar para a recriação do canto como propiciadoras de emoções, envolvimento e entusiasmados sentimentos motivados pelo exercício de expressão e de apropriação do próprio ser.
METODOLOGIA:
Nesta investigação criativa utilizou-se uma abordagem qualitativa privilegiando eixos de pesquisa da corporeidade em relação ao canto e sua fruição, valores e intenções que se revelam como indicativos da subjetividade dos sujeitos. Os cantores participantes deste estudo são da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A fim de propiciar a sensibilização e o encontro consigo mesmo, apresentamos diversas possibilidades para o grupo de cantores, nos apropriando de recursos expressivos que ampliam a percepção de si e à criação de sentidos que permitam uma interação com o mundo circundante. Consideramos relevante aproximar o processo de criação plástica e a música para estimular discussões acerca do pensar além, isto é, a transcendência, a estruturação, o devaneio, a imaginação e as propriedades ontopoiéticas, a saber, a autotelia, a autoterritorialidade, a autoconctividade, autovalia e a autofruição. O enfoque às propriedades ontopoiéticas destes cantores explica a diversidade no processo de criação e de conhecimento com base no vivido e na percepção das emoções musicais.
RESULTADOS:
Cantar proporciona uma vivência educativa que integra e ressignifica a vida humana por meio do sensível. Ao reconhecer que as emoções se entrelaçam com pautas de beleza e revelam um novo olhar à sua corporeidade, os cantores criam, ampliam e intensificam os espaços em que convivem com outras pessoas, assim, representam por meio de processos de criações plásticas as relações e conexões de vida, música e sentidos corporalizados. A riqueza nos momentos de criação transforma a nossa própria experiência de cantora e pesquisadora aprofundando a percepção para a expressividade da emoção em conduzir grupos com vivências criativas.
CONCLUSÃO:
A eficiência desta proposta consiste essencialmente na harmonia de experiências marcantes, sistemáticas e fundamentadas no vivido, no sentido, para viabilizar o canto. Constatou-se que a condução no processo de criação traz histórias verdadeiras de modo espontâneo corporalizados e representados em cenários de criação simbólica. O estudo sugere reinventar a cada criação, a reelaboração verbal e não-verbal de quem a vivencia. Na tentativa de aproximar a vivência artística ao processo de formação dos cantores, resgatamos seus depoimentos de forma não linear e assimétrica nos diferentes percursos de seu envolvimento com a música. Diante desses recortes, percebemos que o seu envolvimento com a música e a criação fortalece laços sociais e resolve conflitos intrapessoais pela via das sensações e emoções. Assim, pode-se dizer que a configuração da corporeidade dos cantores se funde a partir da criação e a materialização do pensamento e de sua realidade. Desse modo, o canto e os sentidos serão elaborados e organizados para corporificar a experiência e suas nuanças.
Palavras-chave: Corporeidade, Cantores, Experiências Sensoriais.