62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 1. Físico-Química
Estudo das Interações do D9-THC com o Receptor Canabinoide CB1 Modelado
Emmanuela Ferreira de Lima 1
Káthia Maria Honório 2
Karen Cacilda Weber 3
Paula Homem de Mello 4
Albérico Borges Ferreira da Silva 5
1. IQSC-USP
2. EACH-USP
3. UFPB
4. UFABC
5. IQSC-USP
INTRODUÇÃO:
Marihuana (Cannabis sativa) é uma planta amplamente usada pelo ser humano há séculos e suas várias aplicações têm benefícios importantes. A elucidação do principal constituinte psicoativo da planta, o D9-tetrahidrocanabinol (D9-THC) facilitou o estudo dos efeitos farmacológicos e comportamentais dos constituintes específicos da cannabis. Os efeitos farmacológicos relacionados ao sistema nervoso central incluem analgesia, estimulante de apetite em pacientes com AIDS, efeito broncodilatador, efeito anticonvulsivo, etc. O estudo das interações entre o D9-THC e o seu receptor biológico, CB1 (encontrado no cérebro) é de suma importância para o entendimento dos efeitos terapêuticos e psicotrópicos desse composto. Nesse trabalho foi realizado um estudo de docagem molecular entre o CB1 e o D9-THC ativo e um análogo inativo (2-carbóxi-D9-THC) a fim de conhecer onde acontecem as interações ligante-receptor e quais são as principais diferenças entre elas.

METODOLOGIA:
O modelo 3D do receptor CB1 foi construído com a metodologia de modelagem por homologia usando a estrutura cristalográfica da rodopsina bovina (1F88-PDB). O alinhamento das estruturas secundárias foi realizado com o programa Clustal W, e para a modelagem 3D do receptor CB1 o programa MODELLER foi usado. O modelo obtido foi validado com o programa PROCHECK e submetido à otimização por dinâmica molecular. A estrutura otimizada foi aquela utilizada para os estudos de docagem molecular (o AUTODOCK foi usado), onde as principais interações entre os compostos canabinoides e o receptor CB1 são avaliadas.

RESULTADOS:

A partir de dados da literatura é possível verificar que o resíduo de aminoácido lisina 115 (K115) é de extrema importância para manter a atividade biológica do receptor. Várias conformações do D9-THC foram estudadas e aquelas que apresentaram uma interação como ligação de hidrogênio de até 3Å foram consideradas. A conformação do composto ativo que melhor interagiu com a lisina115, apresentou uma ligação-H de 2,24Å entre um H da lisina e o oxigênio fenólico do D9-THC. Enquanto que para o composto inativo, as interações mais próximas permitidas foram entre os resíduos de metionina e asparagina,

CONCLUSÃO:
Os estudos de docagem confirmaram as interações do D9-THC com o resíduo de lisina, importante para a atividade do receptor canabinoide CB1. Enquanto o composto inativo não interage com esse resíduo.
 

Instituição de Fomento: CNPq, FAPESP e CAPES
Palavras-chave: Canabinoides, Receptor CB1, Modelagem Molecular.