O MEB foi criado em 1961 e resultou de um convênio entre a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e da União. O Movimento pretendia oferecer à população rural, através de escolas radiofônicas oportunidades em termos de alfabetização e que esta tivesse uma base mais ampla para ajudar o homem rural a se defender das ideologias difundidas naquele período. Esse movimento foi o único que sobreviveu ao golpe de 1964, porém, começou aos poucos a se extinguir, com exceção de algumas regiões do norte do país. O MEB em Tefé tinha o intuito de prestar serviços à população ribeirinha que se encontrava esquecida, bem como orientar e conscientizar os indivíduos menos favorecidos do seu valor como ser humano. A pesquisa tem como objetivo: analisar as ações pedagógicas do MEB em Tefé entre 1975 e 1980, já que este se desenvolveu com propósitos diferentes do contexto em que estava inserido, compreender os propósitos políticos e pedagógicos desenvolvidos pelo MEB e analisar os fatores que contribuíram para que o movimento sobrevivesse ao período da ditadura. A escolha do tema ocorreu por acreditar-se em sua relevância enquanto estudo científico, já que irá preencher lacunas educacionais existentes no âmbito regional, uma vez que há uma ênfase maior na historiografia em âmbito nacional.

A pesquisa foi embasada em documentos oficiais que se encontram na Prelazia em Tefé/AM, por conter um grande acervo documental referente ao MEB. Foi utilizada também a História Oral para que pudéssemos analisar de forma mais consistente as ações do movimento. Meihy (2007), afirma que a História Oral é um recurso moderno, capaz de promover análise de processos sociais. Para isso foi elaborado um roteiro de entrevistas com perguntas norteadoras sobre o MEB e foram entrevistados três ex-professores, três ex-alunos e duas ex-supervisoras que participaram do movimento, bem como os manuais pedagógicos e o estudo bibliográfico referente ao tema para dar embasamento teórico-metodológico para a pesquisa.

A equipe do MEB em Tefé foi escolhida por Dom Joaquim de Lange, bispo da região do Médio Solimões. Os monitores eram indicados pela comunidade e aqueles que sabiam ler e escrever eram contratados para lecionar já que o objetivo dos representantes do MEB era de propiciar a população menos favorecida o direito à educação. Os lideres do MEB proporcionava aos monitores orientação contínua através do rádio para que estes adquirissem conhecimentos e habilidades para alfabetizar aos alunos. O coordenador pedagógico do MEB era escolhido pelo Bispo Dom Joaquim que representava a igreja católica. O Bispo estava sempre atento aos problemas do analfabetismo e por isso buscava estratégias para diminuir o índice de analfabetos em Tefé. Dentre estas estratégias foram organizadas reuniões, encontros pedagógicos e participação do coordenador de Tefé Protásio Lopes no Seminário de Educação de Base em Aracaju. Ao retornar a Tefé reuniu-se com um grupo de professores que não dispunham de formação específica para lecionar no intuito de socializar os conhecimentos adquiridos no evento. No final da década de 1970 não existia Universidade em Tefé e as pessoas que tinham a pretensão de estudar tinham que mudar para outras cidades para poder cursar uma faculdade, e depois retornavam para lecionar.

Ao analisar as fontes documentais constatou-se que o MEB em Tefé foi rico em atividades educativas, já que seu objetivo era levar o ribeirinho a descobrir os meios de dominar a situação de abandono em que vivia, mudando suas concepções e transformando-o em cidadão consciente de seus direitos e deveres. O MEB teve por finalidade a promoção integral humana e cristã dos jovens e adultos e isso se dava através do desenvolvimento de programas de Educação Popular. No entanto a partir de 1964 o MEB teve que rever suas ações pedagógicas e com isso percebeu-se que ele desacelerou suas atividades educativas. No período da ditadura o MEB repensou a forma de trabalhar a educação política e o desenvolvimento do conhecimento crítico e libertador dos indivíduos menos favorecidos. No decorrer da década de 1970 as ações pedagógicas do MEB passaram a ser desenvolvidas de forma diferente das ações no âmbito nacional. Tais mudanças ocorreram com o respaldo de Dom Joaquim que utilizou como principal instrumento a Rádio Educação Rural de Tefé para efetivar as ações desenvolvidas nas comunidades ribeirinhas mais carentes da região do Médio Solimões. O trabalho desenvolvido pela equipe do MEB em Tefé foi significativo, uma vez que propiciou as comunidades mais distantes melhores condições de vida.