62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 2. Manejo Florestal
FENOLOGIA REPRODUTIVA DE Leandra scabra DC. (MELASTOMATACEAE)
Arthur de Almeida Marinho 1, 2
Talita Geovanna Fernandes Rocha 1, 2
Anny Gabrielle da Cruz Chaves 1, 2
Elias de Sá Farias 3
Cristiane Gouvêa Fajardo 2
Fábio de Almeida Vieira 1, 2
1. UAECA
2. UFRN
3. UFLA
INTRODUÇÃO:
Leandra scabra (Melastomataceae), conhecida como camará-do-mato ou pixirica, possui hábito subarbustivo, ampla distribuição geográfica e alta densidade em florestas tropicais. A espécie apresenta longo período de frutificação, oferecendo grande quantidade de frutos de dispersão zoocórica, importante para a colonização em áreas secundárias, bordas ou clareiras naturais no interior de florestas. Os frutos são do tipo baga, suculentos, violáceos escuros, com elevado número de pequenas sementes por fruto, característico de espécies pioneiras em estádios sucessionais. A fenologia estuda a ocorrência de eventos biológicos repetitivos e sua relação com mudanças bióticas e abióticas, buscando esclarecer a sazonalidade desses eventos. Os ciclos fenológicos de floração e frutificação, por exemplo, podem ser ajustados pela competição entre polinizadores e também dispersores de sementes, que dependem dos recursos oferecidos pelas plantas. O desenvolvimento sazonal de espécies florestais tem grandes implicações na dinâmica dos ecossistemas, sendo informativo para programas de conservação dos recursos genéticos e manejo florestal. Assim, esse estudo objetivou avaliar o comportamento fenológico de Leandra scabra, assim como a sincronia intrapopulacional nas fenofases de floração e frutificação.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado na "Mata da Subestação", que se situa no município de Lavras, sul de Minas Gerais, nas coordenadas geográficas 21°13'17''S e 44°57'47''W, integrando uma área que pertence à Universidade Federal de Lavras, UFLA. O fragmento florestal cobre uma área de aproximadamente 8,5 ha e reveste a encosta de um morro, com altitudes variando entre 910 e 940 m. A vegetação classifica-se como Floresta Estacional Semidecídua Montana e insere-se no domínio da Mata Atlântica sensu lato. Foram avaliadas semanalmente as fenofases de 20 indivíduos no período entre Novembro/2007 e Fevereiro/2009, totalizando 64 observações fenológicas. Os eventos avaliados foram floração e frutificação. As fenofases foram quantificadas por meio do índice de atividade (porcentagem de indivíduos com a fenofase) e por notas de intensidade (porcentual de Fournier) em cada avaliação. Foi calculada a sincronia intrapopulacional nos eventos de floração e frutos maduros, sendo considerados períodos com alta sincronia aqueles que apresentavam mais que 60% do porcentual de Fournier para os eventos analisados.
RESULTADOS:
A fase reprodutiva de L. scabra é subanual, com mais de um episódio de floração e frutificação por ano. A espécie floresce com maior intensidade em dois períodos: entre julho e outubro e entre dezembro e janeiro, com períodos estendidos de frutificação entre novembro e março, época de maior precipitação. Assim, a estratégia de floração está relacionada com o período ótimo de dispersão dos frutos e das sementes, ou seja, na estação chuvosa. De fato, os frutos carnosos zoocóricos são produzidos durante a estação de maior precipitação. Observou-se ainda uma frutificação extemporânea em agosto, provavelmente uma estratégia da espécie para saciar os predadores de sementes. A sincronia intrapopulacional na fenofase de floração foi alta em agosto e entre 22 de dezembro e 14 de janeiro. Este período pode ter sido importante para elevar os níveis de polinização, pois indivíduos florescendo sincronicamente em uma população podem atrair maior número de visitantes florais e aumentar o transporte de pólen entre plantas. A fenofase de frutificação apresentou sincronia elevada entre 31 de dezembro e 14 de janeiro. A estimativa desse período é importante para auxiliar na coleta de sementes visando à exploração do germoplasma e produção de mudas para a recuperação de áreas degradadas.
CONCLUSÃO:
Leandra scabra possui comportamento fenológico reprodutivo subanual, com mais de um episódio de floração e frutificação por ano. As estimativas de sincronia intrapopulacional da floração e frutificação indicaram, respectivamente, os períodos mais propícios para a polinização cruzada da espécie e para coleta de sementes visando à conservação ex situ e produção de mudas para a recuperação de áreas degradadas.
Instituição de Fomento: UFRN (PROPESQ-REUNI) e FAEx
Palavras-chave: Comportamento fenológico, Intensidade de Fournier, Sincronia.