62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
PREDISPOSIÇÃO PARA DESENVOLVER RESISTÊNCIA INSULÍNICA ATRAVÉS DA MEDIDA DA CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA EM POLICIAIS MILITARES
Alan Nascimento Meireles 2
Gilmar Mercês de Jesus 1, 2
Éric Fernando Almeida de Jesus 2
1. Universidade Estadual de Feira de Santana / UEFS
2. Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atividade Física e Saúde / NEPAFIS
INTRODUÇÃO:

A obesidade abdominal, avaliada comumente pela circunferência da cintura, tem apresentado associações importantes com a hipertensão arterial, o diabetes mellitus tipo II e a síndrome metabólica, doenças que custam muito aos cofres públicos anualmente, por sua morbidade e mortalidade (WHO, 2006). Atualmente a importância da obesidade como problema de Saúde Pública advém de estudos que compreendem que os adipócitos integram um órgão com atividade endócrina e metabólica, não sendo apenas constituintes de um tecido com a função de armazenagem energética (BARROSO; ABREU; FRANCISCHETTI, 2002). Recentemente, pela praticidade e acessibilidade, a utilização da circunferência da cintura foi sugerida como método alternativo de avaliação do risco de desenvolver resistência insulínica (VASQUES et al., 2009). O Objetivo deste estudo foi estimar a prevalência de predisposição para a resistência insulínica (RI), através da circunferência da cintura (CC) em um grupo de Policiais Militares (PM).

METODOLOGIA:

Estudo transversal realizado com uma amostra de 252 PM. Variável dependente: predisposição para desenvolver RI, avaliada pela CC. Co-variáveis: idade, estado civil, nível habitual de atividade física (NHAF), tempo de serviço, graduação e função na polícia. O NHAF foi avaliado pelo International Physical Activity Qustionnaire (IPAQ) versão curta, sendo classificado, conforme critérios de freqüência semanal e tempo, em sedentário, irregularmente ativo, ativo e muito ativo. A amostra foi constituída por método aleatório de amostragem probabilística com correção para uma população finita, utilizando-se para o cálculo os seguintes parâmetros: prevalência (12,9% de excesso de gordura abdominal (OLIVEIRA et al., 2009), nível de significância estatística (5,0%), erro de estimação da prevalência (3,6%) e número de sujeitos da população (901). A CC foi medida, no ponto médio entre a crista ilíaca e a última costela, com trena de acrílico, flexível e inextensível (marca Cardiomed®), de 1,5m de comprimento. A medida foi realizada em triplicata, utilizando-se a média aritmética na análise dos dados. O estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da UEFS, protocolo nº 056/2009. Todos os indivíduos participaram mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

RESULTADOS:

Percebe-se que a maioria dos policiais investigados são solteiros, com idades na faixa etária de 30 a 40 anos, têm baixa graduação na PM e exercem função operacional (policiamento ostensivo). Observa-se que a maior parte dos sujeitos exerce a função policial militar há mais de 10 anos. A avaliação do NHAF revelou 9,5% de policiais sedentários e 27,5% de irregularmente ativos. Ao todo, 37% dos sujeitos apresentam baixo nível de atividade física (S/ IA). A predisposição para RI ocorreu em 31,0% dos sujeitos. Na análise bruta, a predisposição para RI foi mais prevalente entre os sujeitos mais velhos, com maior graduação, maior tempo de serviço e entre os S/ IA. Após o ajuste feito pela regressão logística múltipla, apenas a idade e o NHAF permaneceram associados à RI entre os PM. Esse resultado indica a significativa participação dos níveis apropriados de prática habitual de atividades físicas, e por conseqüência de aptidão física, na constituição de um adequado perfil bioquímico entre os policiais, tendo em vista que a aptidão física, sobretudo a cardiorrespiratória pode exercer importante ação no controle de variáveis bioquímicas como as lipoproteínas e a glicemia (SILVA et al., 2006).

CONCLUSÃO:

Conclui-se que a idade e o nível habitual de atividade física apresentaram-se como fatores importantes para o risco de resistência insulínica entre os Policiais Militares investigados. Nota-se que entre esses fatores, apenas o NHAF é susceptível a modificações e ao considerar todos os benefícios da prática regular de atividades físicas para a saúde, recomenda-se a criação de uma política institucional de incentivo a adoção de um estilo de vida mais ativo entre os policiais, e que lhes garanta condições para a prática regular de atividades físicas, com adequada orientação profissional e com segurança.

Palavras-chave: Circunferência da cintura, Resistência insulínica, Policiais Militares.