62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
NEUROPLASTICIDADE: CONDUTA FISIOTERAPÊUTICA EM GRUPO SOBRE O EQUILÍBRIO EM HEMIPARÉTICOS CRÔNICOS
Daniela de Lucena Monteiro 1
Ana Stela Salvino de Brito 1
Carlúcia Ithamar Fernandes Franco 2
Doralúcia Pedrosa de Araújo 1
Renan Guedes de Brito 1
Renata Newman Leite Cardoso dos Santos 1
1. Departamento de Fisioterapia, Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
2. Profa. Dra./ Orientadora - Departamento de Fisioterapia - UEPB
INTRODUÇÃO:

As doenças cerebrovasculares (DCVs) constituem a terceira causa de morte nos países desenvolvidos, sendo responsáveis por 9-14,7% dos óbitos na população acima de 30-40 anos. Além disso, observa-se aumento na incidência das DCVs com o avançar da idade, de 100/100000 indivíduos com idade entre 45-54 anos, para acima de 1800/100000 naqueles com idade superior a 85 anos. Como conseqüência, representam o grupo mais freqüente de doenças do sistema nervoso central (SNC) no idoso, que leva, na maioria das vezes, a perda da capacidade funcional. O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é um distúrbio focal, de origem isquêmica ou hemorrágica, que afeta a função cerebral, levando, comumente, a um déficit motor caracterizado por uma hemiplegia ou hemiparesia no dimídio contralateral ao hemisfério lesado. Tal disfunção ocasiona alterações de equilíbrio, o que faz os indivíduos acometidos apresentarem maior risco de quedas. Diante disso, a fisioterapia mostra-se como método indispensável no processo de reabilitação,  uma vez que objetiva a recuperação do controle motor, agindo diretamente sobre a neuroplasticidade. Desta forma o presente estudo visa investigar a atividade moduladora do tratamento fisioterapêutico em grupo sobre o equilíbrio em hemiparéticos crônicos.

METODOLOGIA:

Trata-se de estudo longitudinal, descritivo, com abordagem quantitativa. Fizeram parte deste estudo 15 pacientes de ambos os gêneros, sendo incluído na pesquisa os indivíduos que apresentassem diagnóstico de AVE com tempo de lesão igual ou maior que seis meses e aptos a realizar atividades na bola-suiça, excluindo os que apresentassem diagnóstico de AVE associado a outras doenças neurológicas, afasias, déficit visual não corrigido e não deambulantes.  Foram utilizados como instrumentos de avaliação o Protocolo de Avaliação Neurológica da Clínica-Escola de Fisioterapia da Universidade Estadual da Paraíba-UEPB para caracterização sócio-demográfica e clínica, e a Escala de Equilíbrio de Berg (EEB), para análise do risco de quedas. Os pacientes foram submetidos a um programa de intervenção fisioterapêutica em grupo, duas vezes por semana, com 50 minutos de duração por atendimento, durante três meses, sendo avaliados antes e após o tratamento. Os resultados foram expressos em porcentagem, média e desvio padrão, utilizando, para análise dos dados, o programa Graph Pad Prism 3.02, sendo considerado significativos os dados com p<0,05. O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da UEPB sob o Nº 0089.0.133.000-09.

RESULTADOS:

Através da análise dos dados, pode-se observar que 73,3% dos pacientes são do gênero masculino, corroborando com os dados de Polese et  al.  (2008), onde 62% dos participantes eram gênero masculino. A Organização Mundial da Saúde (2000), divulgou que a incidência de AVE ocorre em torno dos 50 anos de idade. Da mesma forma, evidenciou-se neste estudo, onde a média de idade foi de 52  9,0 anos. Com relação ao local da lesão, os resultados mostraram a predominância do hemisfério esquerdo (80%), corroborando com os dados de Oliveira (2009), onde o dimídio corporal direito foi mais afetado, sendo este contralateral ao hemisfério cerebral lesado. Em relação a análise do risco de quedas, os resultados obtidos neste estudo apresentaram um aumento significante (p<0,01) com valores de  54,0  5,04 quando comparado antes do tratamento com valores de 47,0  8,6. No estudo realizado por Carvalho et al. (2007), as médias encontradas na EEB, em hemiparéticos crônicos, foram de 43,0  10,4, antes do tratamento, e 44,9  9,6 após, demostrando que estes resultados foram mais significativos. Em relação ao tempo pós AVE foi encontrado uma média de 3,00  3,82 anos, entretanto, não é possível realizar qualquer correlação com a literatura, pois tal item é específico da amostra de cada pesquisador.

CONCLUSÃO:

Após a realização do estudo, foi possível observar que a maioria dos pacientes eram do gênero masculino, com idade média de 52 anos e de 3 anos pós-AVE. Foi possível verificar a predominância da lesão no hemisfério cerebral esquerdo em relação ao direito. Após a aplicação da EEB, pontuou-se aumento dos valores encontrados, verificando a diminuição do risco de quedas. Baseado nos resultados obtidos, foi possível concluir que a intervenção fisioterapêutica em grupo foi capaz de modular a capacidade funcional, uma vez que houve aumento do equilíbrio, resultante da diminuição do risco de quedas.

 

Palavras-chave: AVE, Equilíbrio, Fisioterapia.