Esta pesquisa é orientada a partir do entendimento de que os sujeitos pesquisados são capazes de construir conhecimento e intervir no contexto em que atuam. Assim, a forma que consideramos mais adequada para captar a realidade que ora nos propomos a investigar, é aquela que nos aproxima do cotidiano dos sujeitos da pesquisa identificando as representações e os significados que eles atribuem aos acontecimentos cotidianos (GOLDEMBERG, 1997). Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo, tendo como meio de investigação o estudo de caso. Os instrumentos de coleta de dados utilizados na pesquisa foram a observação e a entrevista semi-estruturada. Os sujeitos que fizeram parte do processo de investigação foram doze professores, três gestores e dois supervisores. Destacamos ainda, que a participação das pesquisadoras no cotidiano das atividades profissionais desses sujeitos nos ajudou também a compreender de maneira mais efetiva as representações sociais que estes fazem do papel do Supervisor no contexto do trabalho pedagógico. Tal estratégia encaminhou a pesquisa para uma abordagem de pesquisa-ação.

A análise dos dados coletados durante a pesquisa evidenciou que as representações sociais que os professores e gestores fazem do papel do Supervisor Escolar expressam diferenças e muitas vezes contradições. Constatamos que a identidade profissional do Supervisor é representada de maneira confusa e indefinida. As representações identificam o supervisor como um técnico - burocrata e fiscalizador das ações dos professores; um profissional pouco interativo, sem inovação e desinteressado; e finalmente representado como um profissional transformador, que pode contribuir diretamente para construção de um trabalho coletivo e crítico no interior da escola. Essas representações têm desencadeado ações muitas vezes desarticuladas, que dificultam a efetivação de um trabalho pedagógico coletivo, crítico e transformador, indispensáveis para a própria formação desses profissionais que fazem a escola e os/as alunos/as que estão sob suas responsabilidades.

Os resultados alcançados na pesquisa indicam que as representações sociais que professores e gestores fazem do supervisor escolar refletem de maneira geral, uma visão conservadora e tecnicista adquirida muitas vezes no próprio Curso de Graduação em Pedagogia. Constata-se a necessidade de repensar a formação inicial e continuada desses profissionais para que possam atuar efetivamente nas novas demandas educativas numa sociedade globalizada e em mudanças. É indispensável que o próprio supervisor e os demais profissionais da escola, especialmente gestores e professores, conheçam o seu papel para que coletivamente, considerando as especificidades de cada função, construam ações comuns e interdisciplinares no contexto escolar. Os resultados dessas atuações favorecem a formação de profissionais críticos, éticos e comprometidos com a construção de uma sociedade mais humana consciente.