O ciclo sono/vigília (CSV) sofre influência de inúmeros estímulos ambientais, tais como: o ciclo claro e escuro, e os horários de trabalho, escola, alimentação e exercícios. O profissional docente possui uma alta carga horária de trabalho dentro e fora da sala de aula e ainda busca por melhores metodologias de ensino e qualificação profissional. Estas múltiplas tarefas podem contribuir para o surgimento de alterações no CSV, tais como: irregularidade nos horários de sono e redução na duração do sono, que podem comprometer a saúde e causar prejuízos na vida profissional e pessoal dos professores. Portanto, o objetivo desse trabalho foi caracterizar o CSV de professores do ensino médio de escolas públicas e privadas da cidade de Natal/RN.

O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética do HUOL/UFRN. Em seguida foi realizada uma reunião com 98 professores de 10 escolas, sendo 50 de escolas públicas e 48 de escolas privadas, com o intuito de explicar a pesquisa e entregar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A coleta de dados consistiu do preenchimento dos questionários de hábitos de sono e do diário de sono por 15 dias.

A pesquisa contou com professores de ambos os sexos, com idades entre 27 e 57 anos. Predominaram os professores casados (62%) e que tinham filho (65%). A maioria leciona em 2 ou 3 escolas (65%) e em 3 turnos (40%). O padrão do CSV dos professores não diferiu com relação ao tipo de escola. Entretanto, o CSV dos professores diferiu entre a semana e o fim de semana. Durante a semana, os professores deitam e levantam mais cedo. Além disso, no fim de semana o horário de levantar no sábado é mais cedo que no domingo, o que sugere uma semana de trabalho até o sábado. O tempo na cama é reduzido durante a semana quando comparado ao fim de semana (Anova; p<0,05). Os motivos mais alegados pelos professores para dormir nestes horários nos dias de semana foram os horários do trabalho (56%) e as atividades extraclasses (56%). Além destes motivos, 28% alegaram os afazeres domésticos e 23% sentir sono. Nos fins de semana, 38% dos professores relataram ir dormir nestes horários por causa da TV, e 26% pelas festas. Entre os motivos mais alegados para os horários de acordar na semana, estão o horário de trabalho (72%), os afazeres domésticos (30%) e as atividades extras (20%). Nos finais de semana, o principal motivo alegado foi não sentir sono (41% - Qui-quadrado; p<0,05).

O padrão do CSV dos professores é diferente durante a semana com relação ao fim de semana, pois há diferenças nos horários de levantar e deitar. Além disso, há uma redução do tempo na cama nos dias de trabalho e extensão nos dias de folga, o que pode ser decorrente de uma privação parcial de sono durante a semana. Sugere-se que o principal motivo para os horários de levantar e deitar na semana é o horário de trabalho ou as atividades relacionadas ao trabalho.