62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
O CONHECIMENTO DE PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE SOBRE A IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DO CÂNCER INFANTO JUVENIL
Maria Coeli Cardoso Viana Azevedo 1
Ana Dulce Batista dos Santos 1
Akemi Iwata Monteiro 2
1. Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
2. Profª. Drª /Orientadora - Departamento de Enfermagem da UFRN
INTRODUÇÃO:

O câncer é uma doença estigmatizada e traz impacto emocional, social, econômico para a família e o Estado. No Brasil, a estimativa de novos casos de câncer para o ano de 2010, ultrapassa os 370 mil novos casos (INCA, 2009). O câncer pediátrico representa 2,5%, ou seja, cerca de 9.368 novos casos de câncer em crianças e adolescentes até 18 anos. O câncer infantil representa a 2ª causa de mortalidade entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, no Brasil. Portanto seu impacto no número de óbitos na infância, por doenças torna-se significativo já que a 1ª causa está relacionada aos acidentes e à violência. Ao contrário do câncer no adulto, as neoplasias na infância são na sua maioria, de origem embrionária e apresentam crescimento celular rápido. Consequentemente, a divisão celular ativa, faz com que as células neoplásicas respondam melhor aos agentes quimioterápicos. Daí a importância da atenção primária a saúde enquanto porta de entrada do sistema único de saúde por viabilizar a identificação precoce de sinais e sintomas de câncer infanto juvenil. Sendo objetivo deste estudo, descrever alguns aspectos do conhecimento da equipe de saúde em relação ao diagnóstico e encaminhamento de crianças e adolescentes com suspeita de câncer, para iniciar tratamento especializado.

METODOLOGIA:

Estudo descritivo de abordagem quanti-qualitativa desenvolvido na etapa, de diagnóstico situacional do projeto de pesquisa-ação intitulado "Identificação de crianças e adolescentes com suspeita de câncer: uma proposta de intervenção", aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN, sob protocolo nº 152/09. Realizado na Unidade Básica de Saúde da Família de Felipe Camarão II, com 16 profissionais da equipe de saúde (odontólogos, enfermeiros, médico, técnicos de enfermagem e auxiliares de consultório dentário) que responderam a um questionário com perguntas abertas e fechadas. Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), obedecendo aos aspectos éticos, conforme Resolução 196/1996,do Conselho Nacional de Saúde.

RESULTADOS:

Dos 16 participantes da pesquisa 25% eram odontólogos, 12,5% enfermeiros, 31,2% outros (Auxiliar de consultório dentário e enfermeirandos), 6% médico. A maior parte dos entrevistados (81,25%) não participou de treinamentos direcionados a identificação de sinais e sintomas de câncer infanto juvenil. Contudo, 68,8% conhecem sinais e sintomas do câncer infantil dentre eles os mais prevalentes são: febre persistente, manchas e dores em membros inferiores, sinal de olho de gato, queda de cabelo, feridas que não cicatrizam, assimetria e sangramento corrente, perda de peso, aumento ganglionar, tumefações e leões de pele, leucocitose, dor abdominal e massas. Identificado ainda que 44% tem interesse em aprender sobre a temática. As poucas oportunidades em que os profissionais identificaram sinais e sintomas (31,2%) sugestivos de câncer encaminharam para serviços especializados: Liga Norte Riograndense Contra o Câncer, HospitaI Infantil Varela Santiago e Hospital de Pediatria (UFRN) mostrando conhecimento da rede de atenção oncológica, ao citarem os dois hospitais cadastrados para atenção oncológica, disponível no município de Natal. Todavia, foi também relatado o Hospital de Pediatria (UFRN), não credenciado, mas reconhecido pelos profissionais de saúde entrevistados.

CONCLUSÃO:

O conhecimento dos sinais e sintomas provavelmente pode ser justificado por influência da mídia televisiva, demonstrando a relevância deste, pois os mais citados são frequentemente divulgados em nosso Estado, através de spots para rádio e vinhetas de TV durante intervalos comerciais. Entretanto o conhecimento somente através da mídia não assegura a identificação apropriada na prática cotidiana dos profissionais, o que pode ocasionar o encaminhamento tardio ao serviço especializado e influenciar negativamente no prognóstico da neoplasia. Nesse sentido, constata-se a relevância para a saúde pública, do estímulo à qualificação dos profissionais quanto à identificação das crianças e adolescentes com sintomas de câncer na atenção primária, com vistas ao diagnóstico precoce.

                                                                                                             

Palavras-chave: diagnóstico precoce, câncer, criança .