62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
HISTÓRICO DA ANTROPIZAÇÃO DO IGARAPÉ DO TUBO LOCALIZADO NA ILHA DE CARATATEUA (BELÉM, PARÁ) SOB AS NARRAÇÕES DA COMUNIDADE LOCAL.
Célio Silva do Espírito Santo 1
Thayze Patrícia Santos da Silva 1
Eliane Brabo de Sousa 2
1. Fundação Escola Bosque prof. Eidorfe Moreira-FUNBOSQUE.
2. Prof.MSc./Orientadora. Lab. de Biologia, Fundação Escola Bosque-FUNBOSQUE
INTRODUÇÃO:

A expansão urbana, as várias formas de utilização dos recursos hídricos e florestais e o turismo predatório promoveram a descaracterização da paisagem natural da ilha de Caratateua (Belém-Pará). A partir da construção da ponte Enéias Pinheiro sobre o rio Maguari, facilitando o acesso à ilha, houve o aumento do número de moradores e visitantes na região atraídos, principalmente, pelas praias pluviais do local. Nestas, as principais alterações antrópicas são: a construção de bares e casas nas zonas de entre-marés; o lançamento de efluentes domésticos; a presença de resíduos sólidos; a destruição das matas ciliares e a erosão das falésias. Entretanto, pouco se percebe a antropização (transformação do ambiente por ação humana) dos igarapés da ilha de Caratateua, mas sabe-se que a população local ainda os utiliza para diversas atividades de contato primário. Logo, relembrar o processo histórico de antropização destes ambientes pode estimular a auto-reflexão dos moradores e suas mudanças de comportamento sobre o ambiente natural local. Desta forma, objetivo deste trabalho foi reconstituir as principais mudanças provocadas pelo homem no Igarapé do Tubo, localizado na ilha de Caratateua, através das narrações de moradores locais.

METODOLOGIA:

Em março de 2010, percorreu-se parte do Igarapé do Tubo desde a Avenida Nossa Senhora da Conceição até a praia do Barro Branco, compreendendo um trajeto de aproximadamente 500 m. Durante este percurso buscou-se observar e registrar (com máquina fotográfica digital) todas as evidências atuais e históricas de alteração ambiental provocada pelo homem. Posteriormente, utilizou-se como referencial a metodologia qualitativa, a qual envolve uma amostra relativamente pequena de entrevistados, mas com um estudo muito detalhado de cada um dos casos, permitindo a avaliação das dinâmicas atuais e do percurso histórico das alterações ambientais ocorridas na ilha de Caratateua. Assim, realizaram-se entrevistas abertas com 8 informantes-chaves (IC), isto é, pessoas que conhecem bem o assunto pesquisado, representando assim uma preciosa fonte de informações necessárias para descrever os processos históricos de antropização do igarapé do Tubo.

RESULTADOS:

Segundo relatos, o igarapé do Tubo manteve suas características naturais até a década de 90. Após este período, devido principalmente ao crescimento urbano desordenado no entorno e sobre o igarapé, perdeu parte das suas características ecológicas. Na década de 80, o igarapé foi utilizado pelas populações ribeirinhas que praticavam pesca artesanal de subsistência, principalmente de traíra, acará, Jijú, jacundá e camarão cascudo, servindo também de acesso para outras localidades da ilha de Caratateua. No entanto, a partir de meados da década de 90, o igarapé passou a servir como local de encontro e lazer para moradores e visitantes da ilha. Nos último dez anos, o igarapé vem sofrendo um intenso processo de antropização. Em registros fotográficos, pode-se observar resíduos sólidos diversos; contaminação das águas por óleo diesel de embarcações; a presença de animais domésticos e vetores de doenças (ratos, baratas, mosquitos e caramujos), a proliferação de macrófitas aquáticas tais como água-pé (Eichhornia crassipes), ninféias (Nynphaea sp.), gramíneas, plantas rudeirais, aningas (Montrichardia linifera), entre outras que podem caracterizar o excesso de nutrientes nas águas e o assoreamento do igarapé.

CONCLUSÃO:

A memória dos moradores mais antigos da ilha de Caratateua mostrou-se importante fonte de informações sobre as características naturais da região e suas mudanças ao longo do tempo. Atualmente, o igarapé inexiste em muitos pontos, sendo interrompido por barreiras físicas tais como a pavimentação asfáltica, a presença de residências ou deposição de aterros de construção civil. Porém, o igarapé resiste em outros pontos devido às inúmeras nascentes presentes ao longo do seu trajeto. Através do resgate histórico sobre o processo de antropização do Igarapé do Tubo pode-se iniciar uma auto-reflexão sobre as ações danosas a este recurso natural e servir de incentivo a um pensamento conservacionista sobre vários recursos naturais existentes na região.

Instituição de Fomento: Fundação Escola Bosque-FUNBOSQUE
Palavras-chave: Antropização, Igarapé do Tubo, Ilha de Caratateua.