62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 1. Análise de Controle de Medicamentos
CONTROLE DE QUALIDADE EM COMPRIMIDOS DE PREDNISONA 20mg FRACIONADOS PARA REAJUSTE DE DOSES
André Leandro Silva 1
Tamyres Suelen Fernandes 1
Francisco Alexandrino Júnior 2
Karolyne dos Santos Silva 3
Leonardo Doro Pires 4
1. Graduandos em Farmácia, Universidade Potiguar (UnP). Natal/RN.
2. Graduando em Farmácia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Natal
3. Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (UFRN), Natal/RN.
4. Prof. MsC./Orientador. Laboratório de Controle de Qualidade (UnP), Natal/RN.
INTRODUÇÃO:

A prednisona é indicada para o tratamento de doenças endócrinas, que respondam à terapia com corticosteróides. Ela proporciona potente efeito antiinflamatório, anti-reumático e antialérgico. As reações adversas clássicas são a osteoporose, catarata, glaucoma, candidíase oral, imunossupressão, aumento de peso e atrofia cutânea, que podem ser revertidas ou minimizadas com a redução da dose. Partir ou dividir comprimidos tem sido uma prática adotada há muitos anos e por isso, vem sendo objeto de estudos relacionados à eficácia e segurança de fármacos, bem como a farmacoeconomia. O consenso entre alguns profissionais é que a estabilidade e a qualidade dos comprimidos fracionados pode não ser a mesma de comprimidos intactos. A partir do momento em que a quebra expõe o núcleo do comprimido, este pode não ter mais o mesmo perfil de estabilidade determinado pelo fabricante do comprimido intacto, estes comprimidos estão sujeitos ao aumento da friabilidade e fragmentação, modificação de dissolução e aumento da degradação. O objetivo deste trabalho foi identificar por meio de testes em controle de qualidade, as alterações decorrentes, em teor e peso médio, de comprimidos de Prednisona 20mg fracionados para adequações posológicas.

METODOLOGIA:

A metodologia utilizada foi a preconizada pela IV Farmacopéia Brasileira, para Peso Médio (PM) de comprimidos inteiros, que recomenda pesar 20 comprimidos e determinar o peso médio através do cálculo da média aritmética. Foram partidos 10 comprimidos com uma lâmina de bisturi n°24, posicionando a superfície cortante sobre o sulco do comprimido e exercendo força o suficiente para a formação das metades. Os comprimidos testados foram pesados inteiros, e após fracionados, foram pesadas suas metades para análise de uniformidade de peso, sendo esperado peso de 50% em relação ao comprimido intacto. A análise de teor foi feita de acordo com a monografia de doseamento, que indica: pesar e pulverizar 20 comprimidos. Transferir quantidade de pó equivalente a 5 mg de prednisona para balão volumétrico de 50,0 ml e adicionar 30 ml de etanol. Agitar, mecanicamente, por 15 minutos e completar o volume com o mesmo solvente. Homogeneizar e filtrar. Diluir, sucessivamente, com etanol até uma concentração de 0,001% (p/V). Medir as absorbâncias das soluções em 239 nm, utilizando o etanol para ajuste do zero. Calcular a quantidade de C12H26O5 nos comprimidos a partir das leituras obtidas. Alternativamente, realizar os cálculos considerando A (1%, 1 cm) = 420, em 239, em etanol.

RESULTADOS:

O lote de comprimidos apresentou PM de 421,5mg ±6,4 (RSD 1,5%), não havendo comprimidos fora do peso especificado pela Farmacopéia. O Teor do lote foi de 102,0% (para prednisona, aceita-se até 105,0%). Os quais permitiram a continuidade do experimento com o referido lote. As bandas, obtidas por fracionamento, de maior tamanho pesaram em média 224,6mg ±19 (RSD 8,5%) e as de menor tamanho pesaram 183,6mg ±13,7 (RSD 7,5%) em média. Significa dizer que as bandas maiores corresponderam, em média, a 55% do peso do comprimido intacto. Durante o processo de fracionamento, verificou-se perda em massa correspondente a 2,4% ±2 (RSD 84,1%) do peso do comprimido íntegro. Vale salientar que em comprimidos íntegros, a perda em massa máxima, por friabilidade, é de 1,5%. Quando observado o teor, verificou-se que as bandas maiores corresponderam a 55,1% ±4,3 (RSD 7,8%) do teor do comprimido íntegro e as menores bandas a 45,3% ±3,1 (RSD 6,9%). Os valores máximos e mínimos alcançados em teor, nas bandas obtidas foram 61,2% e 41,3%, respectivamente.

CONCLUSÃO:

Os resultados encontrados confirmam que quando se fraciona um comprimido, ainda que ele possua sulco com delimitação do centro, não garante a obtenção de metades iguais em peso e teor. Observa-se também que peso e teor das bandas conseguidas não se reproduzem, ainda que observados mesmas lâmina, operador e lote de comprimidos. Adequando a definição da IV Farmacopéia Brasileira que determina variação máxima de 5% em teor, para comprimidos íntegros, metade destes poderia, portanto, variar em até 2,5%. Tal variação foi superada na maioria das bandas analisadas. Uma alternativa à ausência de comprimidos em diversas concentrações seria a manipulação magistral dos ativos nas dosagens necessárias à terapêutica.

Palavras-chave: Prednisona, Fracionamento, Reajuste de dose.