O futebol é um esporte conhecido e admirado mundialmente. Modalidade de predominância aeróbia, porém determinada por situações anaeróbias, é um jogo extremamente complexo do ponto de vista fisiológico, e que em termos metabólicos, utiliza-se de fontes energéticas claramente distintas. Com base nesta complexidade do ponto de vista fisiológico, a hidratação é um fator importantíssimo que deve ser considerado antes, durante e depois do exercício. Sabendo que uma correta hidratação otimiza o rendimento do atleta, o desempenho no exercício é prejudicado quando o indivíduo encontra-se desidratado a 2% do seu peso corporal, e que se essa perda aumentar para 5% pode diminuir a capacidade de trabalho em cerca de 30%, além dos graves problemas de saúde que podem estar associados a esse estado. Assim, este estudo teve como objetivo verificar o comportamento hídrico em atletas de futebol da categoria sub-18 do ABC-RN nos diferentes microciclos de treinamento no período de preparação (pré-competitivo) para o campeonato estadual de 2009.

O estudo caracterizou-se como sendo quantitativo, de campo, do tipo descritivo e transversal.  Participaram deste estudo 22 atletas da categoria sub-18 do ABC F.C. do RN, do sexo masculino, com idade entre 15 e 18 anos, e massa corporal de 68 ± 6,1 Kg. Os atletas foram submetidos à medição da massa corporal antes e após cada sessão de treino, para verificar a diferença (perda) hídrica, durante quatro semanas (quatro microciclos). Os treinamentos aconteceram no turno vespertino, das 14h às 16h, de segunda a sexta, e aos sábados pela manhã no horário de 8h às 9h30min. Inicialmente os dados coletados foram submetidos a um teste de normalidade Shapiro-Wilk's com p-valor ≤ 0,05. Foi observado que os dados coletados, antes e após cada sessão de treinamento, nas quatro semanas não apresentaram distribuição normal. Assim, utilizou-se o teste não paramétrico ANOVA de Friedman com nível de significância p-valor ≤ 0,05, para verificar se havia ou não diferença significativa no balanço hídrico dos atletas entre os microciclos. Por fim, utilizou-se o teste de Wilcoxon, com a mesma significância, verificando se havia diferença significativa do balanço hídrico entre cada microciclo. O software utilizado foi statistic versão 7.0.

De acordo com os resultados verificou-se que houve uma maior perda hídrica nos microciclos de choque onde as cargas de treinamento giram em torno de 80% a 100% das máximas dos atletas. Com relação ao nível de desidratação, em todos microciclos ocorreram situações de desidratação ao nível de 2% do peso corporal dos atletas, sendo que no 2º microciclo (choque) o número de atletas que desidratou em pelo menos uma sessão de treino chegou próximo aos 50% dos avaliados na pesquisa.

Entendemos que é necessária uma maior atenção na reposição hídrica nos diferentes microciclos do período preparatório, pois as elevadas cargas de trabalho deste período estão diretamente relacionadas às perdas hídricas dos atletas, sendo de extrema relevância que os atletas tenham consciência da importância de estar sempre bem hidratados.