62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 5. Química de Macromoléculas
AÇÃO DE UMA HETEROFUCANA DA ALGA MARINHA MARROM Dictyiota menstrualis SOBRE CÉLULAS ENDOTELIAIS DE AORTA DE COELHO
Luciana Guimarães Alves Filgueira 1
Thiago Gomes Costa 1
Isac de Lima Fernandes 1
Roberta da Silva Campos 1
Edda Lisboa Leite 1
Helena Bonciani Nader 2
1. Departamento de Bioquímica, UFRN, Natal/RN
2. Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, UNIFESP/EPM, São Paulo/SP
INTRODUÇÃO:
As fucanas são polissacarídeos complexos que fazem parte da matriz extracelular de algas marrons. A estes compostos são atribuídas as mais diversas atividades farmacológicas tais como: anticoagulante, antitrombótico, antiviral, antitumoral, antioxidante, entre outras. As homofucanas são polímeros de L-fucose sulfatada, enquanto as heterofucanas apresentariam além da L-fucose sulfatada, outros açúcares tais como: xilose, glicose, galactose, manose e ácido urônico. As estruturas das fucanas variam de espécie para espécie e, as vezes, em diferentes partes da mesma planta. A complexidade estrutural desses compostos é atribuída às múltiplas possibilidades de ligações entre os monossacarídeos constituintes e a distribuição dos grupamentos sulfato no composto, o que torna cada polissacarídeo único. Sendo assim, cada fucana extraída será potencialmente um novo composto a ser descoberto, tanto estruturalmente como em relação às atividades biológicas e farmacológicas que ele possa vir a apresentar num determinado modelo experimental. No presetne trabalho, temos como objetivo extrair e caracterizar estruturalmente uma fucana da alga marron Dictyota menstrualis, bem como analisar possíveis atividades farmacológicas desempenhadas por esta fucana frente às células endoteliais de aorta de coelho.
METODOLOGIA:
As heterofucanas foram extraídas da alga Dictyota menstrualis por proteólise com a enzima maxatase e posterior precipitação dos polissacarídeos com concentrações crescentes de acetona. A fração 1,0v (precipitada com 1,0v de acetona) foi purificada por cromatografia em troca iônica e gel filtração. A fucana A foi caracterizada estruturalmente por cromatografia em papel e dosagens bioquímicas como descrito em Leite e col. (1998). A dessulfatação foi feita conforme descrito por Nagasawa et al. (1979). Os testes de atividade anticoagulante foram feitos com kits comerciais de APTT, PT, TT e HEPTEST. A atividade antitrombótica foi feita como descrito por Reyers e col. (1980). As células endoteliais de aorta de coelho (RAEC) foram mantidas em meio F-12, enriquecido com 10% de soro fetal bovino (SFB) e penicilina/estreptomicina, respectivamente, 10.000 U e 10 mg para cada litro de meio. A marcação metabólica dos glicosaminoglicanos sulfatados com [35S]-sulfato de sódio na presença ou ausência dos polissacarídeos, a análise dos glicosaminoglicanos sintetizados da célula e do meio de cultura, os experimentos de biotinilação e ligação da fucana nas RAEC foram feitos segundo Rocha e col. (2005).
RESULTADOS:
A relação molar para a fucana A foi de 1:1:3,6:0,8:1 para fucose, xilose, galactose, ácido glucurônico e sulfato, com massa molecular aproximada de 21kDa. Acredita-se que a fucana A possua uma estrutura central composta de ácidos urônicos com ramificações de xilose, fucose e galactose. A fucana A não mostrou possuir atividade anticoagulante in vitro pelo método da USP e também frente aos métodos APTT, PT, TT e HEPTEST. Por outro lado, a fucana A apresentou atividade antitrombótica "in vivo" de maneira tempo-dependente e também por estimular a síntese de heparam sulfato em células endoteliais de aorta de coelho. A atividade estimulatória mostrou ser dose-dependente e o estímulo máximo ocorre com a concentração de 50g/mL de fucana A, equiparando-se a heparina. A fucana A dessulfatada não foi capaz de estimular a síntese do HS. A fucana A biotinilada (marcada) para sua visualização no sistema celular. Os dados confirmam a ligação da fuc A na matriz, visto que a ligação apresenta um padrão de marcação fibrilar comum de matriz e também uma colocalização com a fibronectina.
CONCLUSÃO:
Esses resultados demonstram uma fucana com ação antitrombótica que possui capacidade de interação com células endoteliais e moléculas de matriz. Desse modo sugerimos que a fuc A pode exercer diversas funções farmacológicas em outros sistemas experimentais, principalmente por se ligar a fibronectina.
Instituição de Fomento: CAPES, CNPq
Palavras-chave: Fucanas, Células Endoteliais, Atividade Antitrombótica.