62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 13. Ensino Profissionalizante
O PAPEL DESEMPENHADO PELOS ESTAGIÁRIOS DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS: APRENDIZES OU LÍDERES?
Thaíssa Maiara da Silva Tavares 1
Janete Pamplona Rodrigues 1
João Ribeiro dos Santos Filho 1
Marcos Raimundo Pereira da Silva 1
1. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ / IFPA
INTRODUÇÃO:

O estágio curricular supervisionado é uma atividade fundamentalmente pedagógica. Os alunos dos cursos técnicos do IFPA (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará) Campus Belém - a exemplo dos demais IF's brasileiros - necessitam completar a sua formação técnica com os estágios ofertados pelas empresas conveniadas ao Instituto para, no exercício deste estágio, colocar em prática o que foi aprendido em sala de aula e, nesse contexto, prepara-se melhor ao mercado de trabalho. O objetivo desta pesquisa é mostrar o papel que o estagiário está desempenhando dentro da organização empresarial. Pois ora ele exerce funções inerentes à sua formação, ora exerce funções que, por obrigação, deveriam ser realizadas por funcionários da empresa. Num contexto cada vez mais comum os estagiários são inseridos nas organizações não mais como aprendizes somente, mas também como instrumentos capazes de tomar decisões extremamente importantes voltadas ao desenvolvimento da empresa. Nesta abordagem faz-se uma análise sobre até que ponto esse tipo de inserção ajuda ou atrapalha o desenvolvimento empresarial e, por consequência, ajuda ou atrapalha o aprendizado do estagiário.

METODOLOGIA:

Para este estudo foram coletados dados obtidos nos arquivos do Departamento de Estágios do IFPA. Ao término do estágio curricular obrigatório os estagiários preenchem um relatório no qual eles avaliam seu estágio através de questões envolvendo vários aspectos curriculares. O documento visa observar o grau de satisfação e aproveitamento com relação aos programas de estágio ofertados pelas empresas conveniadas ao Instituto e quais as perspectivas para a sua profissão. Neste estudo foram analisados 1.008 relatórios respondidos num período de quatro anos (2006 a 2009), cada questionário composto por questões objetivas e em algumas delas podendo ser expressas manifestações subjetivas ao que é perguntado. O objeto deste estudo habita em duas questões primordiais que dizem respeito à responsabilidade e reconhecimento dado ao estagiário por parte da empresa, buscando analisar até que ponto o estagiário é mero aprendiz à procura de complementação para o que lhe foi ensinado em sala de aula e sobre o fato dele exercer funções decisivas no que tange ao funcionamento e desenvolvimento da empresa.

Para um exame minucioso dos resultados foram cruzadas as respostas objetivas com as justificativas que foram enfatizadas pelos estagiários nos espaços que lhes fora dado para tal finalidade.

RESULTADOS:

As respostas evidenciam que a responsabilidade e o reconhecimento conferidos pela empresa aos estagiários são superestimados e satisfatórios, respectivamente. Haja vista que, quando perguntados sobre se sentirem seguros e se as pessoas dentro da empresa confiam quando eles desempenham suas tarefas, 94% dos entrevistados afirmaram que sim, as pessoas confiam e eles se sentem preparados para o exercício dessas. Apenas 5% disseram que as pessoas confiam, mas eles não se sentem preparados, declarando que a justificativa para esta resposta é de que ele não conseguiu absorver as competências que se objetivava em sala de aula e que na empresa as tarefas realizadas são muito difíceis. A outra pergunta selecionada para embasamento desta pesquisa foi sobre a inserção em funções de liderança. 57% responderam que periodicamente exerceram função de liderança, outros 11% afirmam que sempre as exerceram e 32% nunca exerceram tal função. Aqui, esbarra-se em um grande problema que, embora seja positivo o percentual, detecta-se que o estágio foge ao seu objetivo, que é de aprendizado, e o estagiário encontra-se inserido numa função que lhe exige mais do que sua posição de aluno para resolver crises e até mesmo exercer funções inerentes a funcionários da empresa.

CONCLUSÃO:

Na atual realidade profissional os estagiários têm sido personagens de grande reconhecimento dentro das empresas. Num cenário preparado para eles atuarem como aprendizes, eles periodicamente assumem papéis de liderança, uma vez que é dada a esses alunos a incumbência de tomar decisões que só seriam cabíveis, geralmente, a chefes de departamentos ou pessoas experientes dentro da organização. Muito embora o estagiário fique satisfeito com tal posição, a empresa pode comprometer tanto a sua rotina quanto o aprendizado do aluno, sendo este o principal objetivo do estágio, pois estando ele em função de liderança, na qual lhe é dada a responsabilidade de tomar decisões importantes para resolver crises dentro da empresa, fatalmente ficará prejudicado em absorver os conhecimentos práticos inerentes ao seu perfil de estagiário. Constata-se que as empresas esperam que os estagiários "cheguem prontos" e, em vez de se comprometerem a complementar a formação destes, os delegam responsabilidades inerentes a funcionários de seu quadro. Para que ambas as partes obtenham aproveitamento integral do programa de estágio faz-se necessário que a empresa trabalhe de acordo com o perfil inerente ao estagiário técnico e este, por sua vez, colabore para o desenvolvimento da empresa de forma coadjuvante.

Palavras-chave: Estágio Curricular, Liderança, Mercado de Trabalho.