62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
AS EVIDÊNCIAS DO PROCESSO DE DESERTIFICAÇÃO EM DECORRÊNCIA DE ATIVIDADES E TÉCNICAS AGRÍCOLAS INADEQUADAS: O CASO DA AGROVILA 4 NO MUNICÍPIO DE IBIMIRIM-PE.
Ygor Cristiano Brito Morais 1
Augusto César Chagas de Vasconcelos 1
José Carlos de Lima Alves 1
Maria Lucielle Silva Laurentino 1
Paulo Gomes Mota 1
Michel Saturnino Barboza 2
1. Depto. de Ciências Geográficas, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE.
2. Prof. Orientador/Doutorando em Inovação Terapêutica - UFPE.
INTRODUÇÃO:
A Agrovila 4, no município de Ibimirim-PE, está localizada na Mesorregião do Sertão Pernambucano e encontra-se inserida na faixa climática tropical semi-árida, com temperaturas médias anuais de 26,8°C, e baixos índices pluviométricos, cerca de 580 mm anuais. Apresenta também uma vegetação nativa de caatinga e solos litólicos, pouco profundos. Essas características colocam a área dentre as com alto grau de suscetibilidade à desertificação, que é entendida, de acordo com Vasconcelos Sobrinho (2002), como o processo de degradação da vegetação, do solo e do regime hídrico resultante das condições climáticas e da ação do homem, conduzindo a diminuição de sua produtividade e da capacidade de se recuperarem. Em Pernambuco constata-se que fatores agravantes do processo de desertificação estão presentes na região semi-árida, desde práticas de manejo dos recursos hídricos, passando por diversas ações e técnicas agrícolas, inadequados para área. Na Agrovila 4 encontram-se esses fatores agravantes, principalmente, a irrigação por encharcamento e o desmatamento. Assim, o trabalho tem como objetivo evidenciar a ocorrência do processo de desertificação na área em função de atividades agrícolas que não levam em consideração as características físicas da região.
METODOLOGIA:
O desenvolvimento da pesquisa se deu através de análises de gabinete, através de bibliografias e levantamentos da produção agrícola do município de Ibimirim. Para melhor compreensão da análise buscou-se o entendimento de conceitos como desertificação e região. Foi realizada uma visita a campo por meio de uma excursão didática, na qual se visualizou a problemática da irrigação inadequada no solo. Além do mais, foi elaborado um questionário para ser aplicado com a população da área urbana do município, com o objetivo de saber qual o ponto de vista das pessoas em relação à produção agrícola local. E, através de imagens de satélite, LANDSAT, realizou-se uma análise temporal da área em relação ao uso do solo pela agricultura. Com isso, debates foram feitos para analisar e desenvolver os resultados obtidos "in loco".
RESULTADOS:
Com a implantação, pelo Governo Federal, do sistema de irrigação na Agrovila 4, se fez necessário a substituição da vegetação nativa pela atividade agrícola, deixando o solo exposto aos agentes erosivos. Além disso, os cultivos de banana, milho e goiaba presentes na área, utilizam em sua maioria a irrigação por encharcamento, com a ausência de uma rede de drenagem que escoe o excesso de água no solo. Essa prática irrigativa foi a solução encontrada em curto prazo para poder desenvolver esses produtos, que são típicos de ambientes tropicais úmidos. O problema é que a evapotranspiração no semi-árido é superior a precipitação e, como conseqüência, a água em excesso no solo evapora, ocorrendo a deposição de sais no mesmo. Com isso, diversos lotes destinados à agricultura encontram-se salinizados, constituindo, segundo Vasconcelos Sobrinho (2002), um fator indicativo do processo de desertificação. Como decorrência dessa salinização observa-se uma diminuição da produção agrícola local, o abandono e a venda das parcelas devido à perda de sua produtividade, além do êxodo dos agricultores, principalmente para os centros urbanos vizinhos.
CONCLUSÃO:
Diante dos resultados expostos fica evidente que diversos fatores contribuem para o surgimento do processo de desertificação na Agrovila 4. Desse modo, a irrigação por encharcamento sem uma rede de drenagem eficaz atrelada as características físicas da área e ao desmatamento da caatinga é totalmente prejudicial ao solo. Assim, é necessária a utilização de outras técnicas agrícolas que não agridam o meio ambiente, como por exemplo, a irrigação por gotejamento. Portanto, é essencial que o Governo Federal e os produtores rurais se atentem para essa questão, enquanto é possível evitar o agravamento das condições atuais. Caso contrário o impacto será grande, pois as áreas salinizadas tornam-se improdutivas, afetando diretamente a população local, que retira da produção agrícola o seu sustento.
Instituição de Fomento: DAE/PROACAD - Diretório de Assuntos Estudantis/Pró-Reitoria para Assuntos Acadêmicos - UFPE.
Palavras-chave: Desertificação, Irrigação, Semi-árido.