62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 2. Botânica Aplicada
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DA TÉCNICA DE PH DE EXSUDATO PARA VERIFICAÇÃO DA VIABILIDADE DE SEMENTES DE Tabebuia serratifolia e Tabebuia ochracea
Ana Iaci Fonseca de Melo 1
Rosana de Carvalho Cristo Martins 1, 2
1. Faculdade de Tecnologia Eng. Florestal UnB
2. Profª
INTRODUÇÃO:
RESUMO O Cerrado é um dos hotspot mundiais que necessita de medidas urgentes para garantir sua perpetuação. Para tanto, são necessárias pesquisas de base e projetos silviculturais que contemplem a utilização de espécies nativas de uso múltiplo como Tabebuia serratifolia e Tabebuia ochracea. Dentre os aspectos que visam otimizar o sucesso de produção e os tratos silviculturais está a análise de sementes, para tal faz-se necessário o estudo de técnicas que sejam eficientes em avaliar o potencial fisiológico das sementes. O teste de pH do exsudato é um método bioquímico que se baseia nas reações químicas que ocorrem no processo de deterioração, que podem determinar a redução da viabilidade das sementes. Este trabalho visou identificar o melhor tempo de embebição para analisar a viabilidade das sementes pelo método individual da técnica de pH de exsudato. A coleta das sementes de Tabebuia serratifolia e Tabebuia ochracea foi realizada no período de maturidade fisiológica dos frutos. Os testes foram realizados no Laboratório de Sementes Florestais do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília. As sementes tiveram sua viabilidade verificada pelo teste de pH de exsudato utilizando-se o método individual. Foram aplicados três tratamentos diferenciados para este teste para ambas as espécies analisadas. No tratamento 1, as sementes foram postas em processo de embebição ao longo de 30 minutos, em câmara de temperatura constante de 25°C. No Tratamento 2, as sementes foram postas para embeber ao longo de 60 minutos. No Tratamento 3, as sementes foram expostas a embebição ao longo de 90 minutos. O delineamento estatístico adotado foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições de 25 sementes por tratamento. O resultados demonstram que o tempo de embebição deve ser de 90 minutos para analisar as sementes de T. serratifolia ao passo que para T. ochracea o tempo de embebição deve ser de 30 minutos.
METODOLOGIA:
A coleta dos frutos de Tabebuia seratifolia e Tabebuia ochracea, foi realizada um pouco antes da maturação fisiológica por se tratar de fruto deiscente e em matrizes de número mínimo de 10. A localização das matrizes variou em partes distintas do Distrito Federal (Fazenda água Limpa, Campus da UnB - Arboreto e Centro olímpico, Setor de Clubes Norte e outros). Uma vez efetuada a coleta dos frutos, procedeu-se o beneficiamento das sementes em condições de laboratório. No Laboratório de Sementes Florestais do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília após o estabelecimento do protocolo de tecnologia de sementes de Tabebuia serratifolia e Tabebuia ochracea, efetuou-se os seguintes testes: teste de germinação; teste de viabilidade pelo método do pH de exsudado (Matos, 2009). Para o teste de germinação de ambas as espécies, foram testadas 100 unidades de sementes, escolhidas aleatoriamente nos lotes coletados, que foram distribuídas em 5 repetições. As sementes tiveram as alas removidas sendo postas para germinar em rolo de papel filtro, com fotoperíodo de 8 horas e temperatura constante de 25ºC. A umidade foi verificada diariamente. O objetivo da realização do teste foi verificar a viabilidade dos lotes de modo que se pudesse estabelecer uma comparação com os resultados do teste de pH de exsudato. Para a execução do método de pH do exsudato foram formuladas duas soluções indicadoras: (1) A solução indicadora de fenolftaleína que é composta de 1 g de fenolftaleína dissolvida em 100 mL de álcool absoluto, e a adição de 100 mL de água destilada e fervida; (2) a solução indicadora de carbonato de cálcio que é composta de 8,5 g/L de água destilada e fervida. Para este método foram empregados três tratamentos. O primeiro tratamento consistiu em pôr as sementes íntegras em contato com a água destilada e expô-las às soluções indicadoras por 30 minutos na câmara fria. O segundo tratamento consistiu em pôr as sementes íntegras, em copos descartáveis individualizados, contendo água destilada, na câmara de temperatura constante por 60 minutos. Após este período foi adicionada uma gota de solução indicadora de fenolftaleína seguida de 1 gota de solução de carbonato de cálcio, que serão misturadas com o auxílio de um bastonete plástico. No terceiro tratamento após 90 minutos de imersão da semente na água destilada acrescentaram-se as soluções indicadoras. Foram adotadas cinco repetições de 20 sementes por espécie. A interpretação foi realizada com base na coloração dos exsudados resultantes. Os resultados foram expressos pelo percentual dos valores encontrados após o teste. O delineamento estatístico adotado foi inteiramente casualizado, com cinco repetições de 20 sementes por tratamento. A análise estatística proposta para ambos os testes foi a análise de variância seguido do teste de Tukey a 1% de significância.
RESULTADOS:
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Teste de germinação 3.1.1 Tabebuia serratifolia. Tabela1: Percentual de sementes germinadas de Tabebuia serratifolia. repetição T serrat. Percentual de sementes germinadas 1 11 55 2 12 60 3 9 45 4 14 70 5 16 80 TOTAL 62 62 O resultado expresso pelo teste de germinação demonstra que o lote de Tabebuia serratifolia coletado apresentou viabilidade de 62% (Tabela 1). Este resultado pode ser explicado pela presença de sementes vazias e pelo ataque de fungos durante a germinação. A presença de fungos durante a germinação coincide com o relato de Sales e Castro (1994), os autores identificaram a presença do fungo Alternaria alternata, que é capaz de comprometer o desenvolvimento das sementes de Tabebuia serratifolia. O método do rolo aliado à temperatura constante e o fotoperíodo de 8 horas apresentaram características satisfatórias para aplicação do teste de germinação na espécie. Podendo, portanto ser recomendadas. 3.1.2 Tabebuia ochraceae Tabela2: Percentual de sementes germinadas de Tabebuia ochracea. repetição T. ochra. Percentual de sementes germinadas 1 8 40 2 1 5 3 13 65 4 9 45 5 7 35 TOTAL 38 38 O resultado expresso pelo teste de germinação demonstra que o lote coletado possui viabilidade de 38% (Tabela 2). Este resultado, assim como nas sementes de T. serratifolia, pode ser explicado pela presença de sementes vazias e pelo ataque de fungos durante a germinação. Observou-se mais a presença de semntes vazias e chochas do que de sementes atacadas por fungos, o que pode ser explicado pelo fato de que para T. ocrhacea o índice de viabilidade é menor que o índice obtido para T. serratifolia. Ressalta-se que para T. ochracea é ainda mais difícil a visualização do conteúdo da semente e que ao abrir exemplar do lote avaliado observaram-se sementes de coloração escura, sendo estas apontadas como sementes chochas. Outra observação pertinetente em relação à germinação de T. ochracea é a poliembrionia, ou seja, a ocorrência de vários embriões na mesma semente. Verificou-se poliembrionia em cerca de 18 % da sementes germinadas. 3.2 Teste de pH de exsudato pelo método individual 3.2.1 Tababeuia serratifolia Para T. serratifolia os tratamentos 1 e 2 não apresentaram diferença (Tabela 3). Mas o tratamento 3 se mostrou mais eficiente uma vez que demonstrou viabilidade de 100% das sementes. O tempo de embebição para análise de viabilidade de sementes de T. serratifolia é significativo. Recomenda-se como mais adequado à utilização do tempo de embebição maior. Aqui precisamos por dados da estatística feita com Prof Ildeu!!! Tabela 3: Sementes viáveis de Tabebuia serratifolia em seus três tratamentos: T1= tempo de embebição de 30', T2= tempo de embebição de 60' e T3= tempo de embebição de 90'. Repetição T1 % T2 % T3 % 1 8 40 8 40 20 100 2 6 30 7 35 20 100 3 7 35 6 30 20 100 4 8 40 8 40 20 100 5 6 30 6 30 20 100 TOTAL 35 35 35 35 100 100 O percentual de viabilidade encontrado pelo teste de germinação é bastante diferenciado dos valores encontrados pelo teste de pH de exsudato, havendo uma diferença de até 38% quando comparado com resultado de melhor desempenho do teste de pH, e de 27% quando comparado aos outros tratamentos. Estas diferenças não se relacionam a presença de sementes vazias, uma vez que ao término do teste de pH, as sementes foram verificadas individualmente para verificar a presença do material genético. Quanto ao tempo de embebição, verificou-se que o maior tempo apresentou o melhor resultado para técnica. 3.2.2 Tabebuia ochraceae Para T. ochraceae os tratamentos diferenciados quanto ao tempo de embebição não apresentaram diferença (Tabela 4). Por não haver variância nos dados apresentados não fez necessária a aplicação de tratamentos estatísticos nos resultados. Tabela 4: Sementes de Tabebuia ochraceae em seus três tratamentos: T1= tempo de embebição de 30', T2= tempo de embebição de 60' e T3= tempo de embebição de 90'. Repetição T1 % T2 % T3 % 1 20 100 20 100 20 100 2 20 100 20 100 20 100 3 20 100 20 100 20 100 4 20 100 20 100 20 100 5 20 100 20 100 20 100 TOTAL 100 100 100 100 100 100 De acordo com resultado obtido, não há diferença nos resultados quando se altera o tempo de embebição para sementes de T. Ochracea. Este resultado demonstrar que o tempo de 30 minutos utilizado por Matos (2009) pode ser aplicado com eficiência para avaliar as sementes de T. ochraceae. Dá-se preferência ao tratamento com menor tempo por ser o mais rápido e mais barato. Tanto para analisar sementes de T. serratifolia como de T. ochraceae o teste de pH de exsudato é eficiente para analisar a viabilidade, pois trata-se de uma técnica rápida não possibilitando o desenvolvimento de fungos que possam mascarar a leitura de viabilidade das sementes. Ressalta-se a importância de realizar uma verificação a presença de material dentro dos tegumentos para que a técnica seja precisa.
CONCLUSÃO:
4. CONCLUSÃO Os estudos realizados em laboratório indicam que a técnica de pH de exsudato é eficiente para analisar as sementes de T. serratifolia e T. ochracea. O método, além de rápido e economicamente viável em comparação com outros métodos, não destrói o embrião submetido ao teste. Percebe-se que o uso desta técnica pode ser promissor no que diz respeito a aperfeiçoar a avaliação da qualidade de sementes florestais no Brasil. Para T. serratifolia o tempo de embebição mais ajustado foi o de 90 minutos, o mesmo não ocorreu com relação ás sementes de T. ochraceae, onde verificou-se que os menores tempos de embebição apresentaram melhores resultados. Com essa singularidade para cada espécie percebe-se a necessidade de mais estudos do método do pH de exsudato em outras essências florestais. O conhecimento específico pode determinar o tempo de embebição mais indicado para cada espécie. São necessários projetos de pesquisa sobre a influência da temperatura na análise de viabilidade de sementes florestais pelo método do pH de exsudado ou exsudato?, considerando-se que o fator temperatura pode ser de grande relevância no que diz respeito a sua interação com o tempo de embebição da semente. Desta forma, seria testada a hipótese de que a temperatura influencia de alguma maneira o processo de embebição das sementes.
Instituição de Fomento: UnB e Cnpq
Palavras-chave: sementes florestais, viabilidade, pH de exudado.