Os corantes, que apresentam uma variedade de usos, são descartados, muitas vezes, junto com os efluentes nos corpos aquáticos, principalmente devido a perdas nos processos de tingimento, o que constitui um grave problema ambiental. A contaminação de rios e lagos com compostos têxteis provoca, além da poluição visual, sérios danos à fauna e flora dos ecossistemas. O tratamento biológico é uma importante alternativa a ser considerada entre as tecnologias de tratamento disponíveis, e assim, neste trabalho é proposto um estudo de remoção de um corante com propriedades bastante recalcitrantes, o azul de metileno, em condição aeróbia e termofílica, na ausência de fontes adicionais de carbono.

O estudo de remoção do corante foi realizado a partir de um cultivo de 1mL do inóculo de Geobacillus stearothemophilus UCP 986 em 150mL de volume do meio LB (Luria Bertani) na presença de duas concentrações do corante azul de metileno, 10mg/L e 20mg/L, e sob aeração. Um sistema-controle contendo apenas o meio de cultura LB (150mL) e 1mL de inoculo foi executado simultaneamente. O cultivo foi realizado por um período de 48 horas sob agitação orbital (150rpm) a temperatura de 50°C. Experimentalmente, foram realizadas análises do líquido metabólico centrifugado (livre de células) referente aos tempos de 12h, 24h, 36h e 48h de crescimento da biomassa microbiana, considerado os parâmetros de: cor (por espectrofotometria), DQO (por titulometria), pH (por potenciometria), proteínas totais (Labtest®), biomassa (por gravimetria), atividade emulsificante e índice de emulsificação. Todas as análises foram realizadas em duplicatas.

Nos resultados obtidos para a análise de cor observou-se que a concentração inicial em estudo de 10mg/l, as mais satisfatórias reduções, inferindo assim para a maior concentração testada (20mg/l) uma condição inibitória à ação do microrganismo; o que não impediu nas últimas horas de cultivo uma leve remoção deste parâmetro. A análise de pH mostrou resultados que estão acima da faixa de neutralidade. Em relação à DQO os valores foram proporcionais aos observados na redução de cor, correspondentes a aproximadamente 21% de remoção. Os resultados de proteínas totais mostraram valores menores para o cultivo de 20mg/L de corante, mostrando uma tendência à liberação de proteínas no líquido metabólico a partir de 36h em ambos os cultivos. Quanto aos resultados de atividade de emulsificação observam-se valores satisfatórios para ambas as concentrações, o controle do experimento apresentou atividade de emulsificação, com 48h, 2,7 U.A.E, e a partir de 24h os resultados referentes aos cultivos com corante se aproximam desse valor. Em relação ao índice de emulsificação, é possível ver bons resultados das leituras realizadas a 0h, no entanto, não apresentam boa estabilidade, pois o índice referente à leitura a 24h reduz consideravelmente.

Em geral, pode-se concluir que houve degradação do corante azul de metileno pelo G. stearothemophilus em condições aeróbia e termofílica, o que foi evidenciado pelos resultados de redução de cor, pH e DQO, especialmente para a menor concentração inicial em estudo (10mg/L). Em termos, pode-se inferir ainda que além da degradação do corante houve ainda a biossorção do corante na parede celular do microrganismo. Nas condições avaliadas, associado à degradação da molécula orgânica ocorreu simultaneamente produção de espécies biossurfactantes, como evidenciado pelo incremento das característica de atividade superficial para a emulsificação.