62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 7. Ciência e Tecnologia de Alimentos - 1. Ciência de Alimentos
TEOR DE FENÓLICOS E CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DE FRUTOS DE CAJÁ-UMBUZEIRAS
Joana D'arc Maria Nascimento 1
Aldenise Chagas Curvêlo 1
Analécia Quirino Barros 1
Cristiane Rodrigues de Araújo 1
Enayde de Almeida Melo 1
Rita Cristina de Oliveira da Silva 1
1. Depto. de Ciências Domésticas, Universidade Federal Rural de Pernambuco/ UFRPE
INTRODUÇÃO:

As regiões Norte e Nordeste do Brasil produzem grande variedade de frutos tropicais, nativos e exóticos com boas perspectivas para exploração econômica (SACRAMENTO; SOUZA, 2000). Dentre as espécies frutíferas da região Nordeste brasileira destaca-se a Spondias sp., cujo extrativismo constitui fonte alternativa de renda para os pequenos produtores do semi-árido (CAVALCANTI et al., 1996). O cajá-umbu (Spondias spp) é uma frutífera nativa do Nordeste brasilei­ro, originada a partir de cruzamentos naturais entre o cajá (Spondias mombim L.) e o umbu (Spondias tuberosa Arr. Cam.) que apresenta acentuada variabilidade em função das variações morfológicas (LIMA et al., 2002). Observa-se uma demanda cada vez maior por alimentos que exibem propriedades funcionais, a exemplo dos frutos e seus produtos. Estes alimentos possuem em sua composição compostos antioxidantes, dentre os quais se destacam os compostos fenólicos, que atuam protegendo o organismo contra algumas doenças degenerativas (NICOLI; ANESE; PARPINEL, 1999). A escassez de dados científicos sobre o cajá-umbu, especialmente no que se refere ao seu potencial antioxidante, motivou a realização deste estudo, com vistas a quantificar teor de polifenóis e a capacidade anti-radical deste fruto.

 

METODOLOGIA:

Frutos de cajá-umbuzeiras, obtidos no comércio da região metropolitana da cidade do Recife, PE, foram higienizados e despolpados. A polpa de cajá-umbu (70mg) foi adicionado de solução de acetona a 80% (140mL) e submetida a agitação por três períodos de 20 minutos. Após cada ciclo de agitação foi procedida a centrifugação a 4000rpm e os sobrenadantes combinados, concentrados em evaporador rotatório a 40ºC e o volume final do extrato hidroacetônico aferido para 50mL. O precipitado resultante da centrifugação foi submetido ao mesmo processo de extração, usando subseqüentemente, solução metanol a 80% e água para obtenção dos extratos hidrometanólico e aquoso.

A concentração dos compostos fenólicos totais foi determinada por espectrofotometria utilizando o reagente Folin-Ciocalteau (Merck), segundo metodologia descrita por Wettasinghe e Shahidi (1999) e curva padrão de catequina. Em seguida, os extratos foram combinados e submetido a determinação da capacidade de seqüestrar o radical 1,1-difenil-2-picrilhidrazina (DPPH), segundo método descrito por Brand-Williams et al. (1995) e da Capacidade de Seqüestrar o Radical ABTS (2,2'-azino-bis- (3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico), segundo o método descrito por RE et al (1999). 

RESULTADOS:

O cajá-umbu apresentou teor de fenólicos totais de 189,42 mg.100g-1, sendo superior ao do umbu (32,70 mg/100g) e semelhante ao do cajá (184,16 mg.100g-1), frutos da espécie Spondias estudados por Andrade et al (2009) e  Caetano et al (2008), respectivamente. A capacidade de seqüestrar o radical DPPH dos extratos (hidroacetônico, hidrometanólico e aquoso) combinados, nas concentrações em fenólicos totais de 15, 30 e 60ppm, aos 5 minutos de reação foi inferior a 50%. Segundo a classificação estabelecida por Melo et al. (2008) que considera como forte, moderada e fraca capacidade de seqüestro aquela que atingir o percentual de 70%, entre 50 e 70% e abaixo de 50%, respectivamente, pode-se considerar que o extrato de cajá-umbu exibiu uma fraca capacidade de seqüestro do radical DPPH. A ação antioxidante do cajá-umbu frente ao radical ABTS·+ foi de 169,49 mMol TEAC.g-1, superior  a das polpas de acerola, manga, açaí e uva que exibiram valores de TEAC de 67,6; 13,2; 9,4 e 9,2 μMol. g-1, respectivamente (KUSKOSKI et al., 2005). Os compostos bioativos presentes no cajá-umbu apresentam habilidade de seqüestrar radicais livres, através da doação de hidrogênio e de elétrons.

CONCLUSÃO:

 

O Cajá-umbu disponível no mercado local apresentou teor relevante de fenólicos totais. Em função da presença destes compostos bioativos, o cajá-umbu exibiu ação anti-radical, atuando como seqüestradores de radicais, tanto doando hidrogênio como doando elétrons. Não obstante, a capacidade de seqüestro do DPPH exibida por este fruto, torna-se importante à sua inclusão na dieta, uma vez que contribuirá com o aporte de antioxidantes dietético, necessários ao organismo humano. 

  

Instituição de Fomento: FACEPE
Palavras-chave: Atividade antioxidante, Cajá-umbu, Compostos fenólicos.