62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 7. Economia Regional e Urbana
CONCENTRAÇÃO DE RENDA NO MEIO RURAL E URBANO DO NORDESTE: UMA ANÁLISE DA DECOMPOSIÇÃO DO ÍNDICE DE GINI
Daniella Medeiros Cavalcanti 1
Jorge Luiz Mariano da Silva 1
1. Depto. de Economia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
INTRODUÇÃO:
O elevado grau de concentração da renda é uma das características mais marcantes da economia brasileira. Apesar de sua recente queda observada nos últimos anos por FERREIRA et alii (2006) e BARROS (2009), ainda assim o Brasil apresenta os piores indicadores em relação a outros países. De uma perspectiva social, a desigualdade de renda exclui aquelas pessoas com baixo poder aquisitivo das oportunidades do bem-estar social em detrimento de outras com maiores rendimentos. SIQUEIRA & SIQUEIRA (2006) afirmam que o Nordeste ainda continua sendo a região com maior desigualdade de renda, o que justifica estudos voltados para essa região. NEDER e MARIANO (2004) destacam que as políticas sociais ajudaram a reduzir a desigualdade de renda rural, entretanto ainda é grande a diferença entre a desigualdade da renda urbana e rural. Alguns problemas como o êxodo rural e a própria forma de como o espaço rural e urbano se desenvolveram determinaram a concentração dos rendimentos da população residente em cada um desses espaços. Dada essa problemática, esse trabalho objetiva analisar a desigualdade de renda urbana e rural, no Nordeste, via decomposição do índice de Gini por fontes de renda, no período de 2001 a 2008.
METODOLOGIA:
Reuniões contínuas realizadas na base de pesquisa da UFRN entre coordenador e bolsista com a finalidade de pesquisar, discutir textos, tabular e estimar dados relevantes para a pesquisa, com auxílio do projeto REUNI.
RESULTADOS:
O trabalho usa a decomposição do índice de Gini por fontes de renda, proposta por FEI RANIS (1978) e PYATT et alii (1980). Os dados foram coletados na Pesquisa Nacional por Amostras Domiciliar - PNAD, no período de 2001 a 2008. A renda familiar foi desagregada em seis fontes: aposentadorias e pensões; doações; juros e rendimentos; aluguéis; trabalho principal; e outros trabalhos. O Gini da renda total (G) foi decomposto pelos seguintes elementos: o coeficiente de concentração (Rk); a razão entre a média da fonte de renda com a média total (Sk); e o Gini de cada fonte (Gk). Entre outros resultados observou-se que, em relação ao período e espaço analisado, as duas fontes de renda com maior participação na renda total familiar foram o trabalho principal e as aposentadorias, sendo esta última mais importante no setor rural. Em 2008, a participação das aposentadorias na renda média das famílias rurais foi de 32% e de 20,7% no setor urbano. Em relação ao Gini total, notou-se uma tendência de desconcentração de renda no urbano do Nordeste, com G=0.58 em 2001 e G=0.54 em 2008. Já a renda no setor rural apresentou muita oscilação, tendendo a desconcentrar renda de 2001 a 2004 e concentrar em 2005 a 2007.
CONCLUSÃO:
Com base nos resultados da decomposição do índice de Gini, notou-se que, o setor urbano revelou uma maior desigualdade de renda do que no setor rural, sendo o trabalho principal a fonte de maior importância para o setor urbano. Embora as aposentadorias apresentem uma maior participação no meio rural, sua distribuição entre as famílias mostrou-se bastante concentrada. No tocante ao Gini de cada fonte, as doações, os aluguéis e os outros trabalhos foram as que mais concentram renda. Isso acontece porque são poucas as famílias que têm no seu rendimento mensal destes tipos de rendas. Constatou-se ainda uma tendência de desconcentração na renda urbana e uma ampliação, nos últimos anos, do processo de concentração no setor rural.
Instituição de Fomento: Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais - REUNI
Palavras-chave: Desigualdade, Índice de Gini, Concentração de renda.