62ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 6. Psicologia do Desenvolvimento Humano |
A NOÇÃO DE JUSTIÇA NA ESCOLA: REPRODUÇÃO DA VIOLÊNCIA SOCIAL |
Lucia Leite Gonçalves 1 Josivânia Alexandre da Silva Dourado 1 Karina Rios Nobayashi 1 Vera Regina Decarli 1 Liliana Pereira Lima Azevedo 2, 1 |
1. Depto. de Saúde, Curso de Psicologia. Universidade Nove de Julho/Uninove, SP 2. Profa. Orientadora |
INTRODUÇÃO: |
Nosso estudo está relacionado a questões ligadas à noção de justiça e ao desenvolvimento moral construídos no espaço escolar em crianças de 7 e 8 anos de idade, para a conquista da autonomia. Nosso ponto de partida é que a noção de justiça aprendida nas relações estabelecidas na escola é resultante da violência social, ao mesmo tempo em que contribui para sua formação e manutenção. O universo escolhido para ao estudo é a escola, tendo em vista que partimos da premissa que esta se constitui numa instituição formadora importante da subjetividade humana. O projeto visa colaborar para que seja ressignificado o conceito de justiça, trazendo a possibilidade de repensarmos as relações vivenciadas na moral do grupo que convive na escola para que desta forma possamos contribuir na diminuição de fatores formadores da violência social e institucional. Para tanto, investigamos como as atitudes de crianças e adultos, que com elas se relacionam, refletem o significado do valor justiça. |
METODOLOGIA: |
Levantamento bibliográfico e estudo de campo. O grupo de pesquisa foi dividido em duas duplas de alunas para que cada uma delas fizesse pesquisa de campo numa escola. Trabalhamos com uma escola particular e uma de ensino estadual da região oeste de São Paulo. Cada participante da dupla atuou com observação não participativa, utilizando metodologia fenomenológica de coleta de dados, em uma situação específica: recreio e aula de educação física, com o público alvo de crianças de 7 e 8 anos de idade. O estudo é comparativo, de realidades diversas, contextualizando os sujeitos em seu momento social, cultural e histórico, dentro da realidade brasileira. |
RESULTADOS: |
Obtivemos resultados parciais da primeira etapa do trabalho, nas duas escolas; a hipótese inicial era de que as escolas particulares têm um espaço maior de reflexão no trabalho que envolve a formação dos sujeitos. No entanto, os resultados do estudo comparativo das duas escolas observadas demonstram o oposto: na escola particular observou-se que a criança não tem espaço de expressão e não há discussão e reflexão sobre os significados das atitudes dos educadores e das crianças. Por outro lado, na escola pública oferece-se um trabalho voltado para a conscientização da noção de justiça. Outra discrepância é a noção de justiça entre as duas escolas, a primeira incentiva inconscientemente a questão da sociedade competitiva, violenta e individualista, a segunda demonstra uma consciência sobre os valores gerais e tem como proposta trabalhar esses valores na escola incluindo a família. A questão da autonomia envolve a consciência das regras e respeito mútuo, relacionados ao diálogo, convivência com o diferente, solidariedade. |
CONCLUSÃO: |
Essa primeira etapa de coleta de dados do nosso estudo contribuiu para derrubar o mito da escola pública "ruim" e particular "boa", os resultados foram opostos, portanto servindo para desmistificar e considerar cada uma em sua realidade, independente de ser pública ou particular. Observamos que num espaço escolar de convivência onde não há discussão e reflexão sobre as atitudes ligadas à noção de justiça, existe a ocorrência da reprodução de um certo padrão de comportamento normatizado pela sociedade. Consequentemente, há a eliminação do mais fraco, por não ser o "bem sucedido", que recebe o estigma do "problemático" por apresentar características diferenciadas e não toleradas e, com isso, excluído e não integrado aos grupos escolares, como deveria acontecer. Deficiências são produzidas com a naturalização dos fenômenos sociais. A individualização no momento em que se aponta o indivíduo sendo o problema, o responsável por atitudes não aceitas pela sociedade e pela instituição, corresponde a um desses fenômenos sociais. O conceito de justiça é o transformado, na instituição escolar, em sinônimo de vingança e o de educação, em sinônimo de punição! Dessa forma podemos reafirmar que a escola reproduz a violência social. |
Instituição de Fomento: Universidade Nove de Julho - Uninove/São Paulo-SP |
Palavras-chave: Desenvolvimento moral, Noção de justiça na escola, Violência social. |