62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 5. Psicologia da Saúde
HUMANIZAÇÃO PARA TODOS: UMA ANÁLISE DA SAÚDE PSÍQUICA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Luciana Carla Barbosa de Oliveira 1
Eulália Maria Chaves Maia 2
1. Programa de Pós- Graduação em Ciências da Saúde -UFRN
2. Programa de Pós- Graduação em Ciências da Saúde - UFRN
INTRODUÇÃO:

O trabalho vinculado ao setor de enfermaria exige atenção e vigilância. A exposição crônica de indivíduos ao trabalho estressante acarreta desde a dificuldade de atuação, insatisfação profissional, até reflexos na sua saúde (física e/ou psíquica). O profissional de saúde atuando no hospital, por exemplo encontra-se em sua rotina exposto a vários fatores, tais como: enfermidades, más condições de trabalho, alta demanda, baixos salários, escalas em turnos irregulares, entre outros. Tais fatores acumulados podem influenciar negativamente na sua qualidade de vida, e conseqüentemente no seu modo de atuar. Neste sentido, torna-se pertinente um olhar específico à humanização direcionada ao profissional de saúde, já que este tem em seu ofício o cuidar do outro. Considerando a ausência de estudos abrangendo a relação entre os temas: humanização, profissionais de saúde, stress e saúde psíquica, o presente estudo buscou avaliar e descrever os níveis de saúde psíquica e stress dos profissionais de saúde; comparar os níveis da saúde psíquica e stress dos profissionais inseridos em instituições congratuladas pela humanização via Ministério da Saúde com os de hospitais em processo de humanização, e; verificar a avaliação dos profissionais de saúde acerca da humanização direcionada aos mesmos e suas variáveis.

METODOLOGIA:

Foi realizado um estudo com 126 profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas e assistente sociais), atuantes no setor de enfermaria em 06 hospitais públicos (03 premidos pelas ações de Humanização e 03 não premiados) no Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. A pesquisa apresentada de caráter multidisciplinar contou com o apoio de estatísticos, psicólogos, assistente social e administradores. Foi efetivado um estudo de delineamento transversal, de natureza quantitativa e qualitativa. Como instrumentos, foram utilizados: um questionário semi-aberto constando características sócio-demográficas, de trabalho e humanização; o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de LIPP (ISSL), e; o Questionário de Saúde Geral de Goldberg (QSG). Os referidos instrumentos permitiram analisar os níveis de saúde psíquica e stress dos profissionais de saúde abrindo um debate sobre a humanização.

RESULTADOS:

Os trabalhadores são predominantemente mulheres (84,9%), casados (54,8%), apresentando idades de 46 a 55 anos (40,5%), com tempo de serviço na instituição encontra-se acima de 20 anos (22,2%) e 16 a 20 anos (20,6%). A carga horária de trabalho é de 40 horas semanais (71,4%), apresentando múltiplos vínculos de trabalho (61,9%). A saúde psíquica encontra-se em um nível bom, no entanto, também houveram indivíduos em processo de agravamento tanto no stress psíquico (F1) apresentado tanto no QSG (54,7%) quanto pelo ISSL (42,1%). Ao observar as categorias, os enfermeiros (41,5%), nutricionistas (20,8%), médicos e assistentes sociais (18,9%) estiveram entre os mais atingidos. Analisando os grupos de hospitais que apresentaram uma boa saúde geral - F6, (com escores entre 5 a 50%) estavam 63% do grupo de hospitais premiados e 70% do grupo de hospitais não premiados. Percebe-se que o fato do hospital ser premiado, ou reconhecido não interfere no nível de stress e na saúde psíquica do profissional de saúde. Quanto aos discursos constatou-se um baixo conhecimento sobre o tema da humanização, de modo que poucos identificam ou sabem que o serviço ao qual assiste está em processo de adoção a uma Política Ministerial. Detectou-se também a necessidade de ações voltadas a saúde do trabalhador.

CONCLUSÃO:

Com os resultados expostos foi possível observar que a realidade da saúde é um tanto precária de modo que, inseridos em um hospital, é possível encontrar não só sujeitos doentes em tratamento, mas também alguns dos próprios profissionais (cuidadores) com sua saúde debilitada, (necessitando de cuidados e atenção) em pleno exercício de suas atribuições: o cuidar do outro. Tais resultados apontaram para a necessidade de se investir mais em programas direcionados ao bem-estar dos profissionais que lidam diretamente com a saúde das outras pessoas, visto que se torna muito difícil a estes sujeitos oferecer um atendimento de qualidade quando não se dispõe de condições físicas, psicológicas e materiais para o desempenho de suas funções. Diante da vulnerabilidade em que o indivíduo apresenta, torna-se viável se propor um melhor direcionamento de tratamentos ou ações preventivas a estes sujeitos, cujo enfoque esteja direcionado à redução do stress, qualidade de vida e ergonomia no trabalho, assim como o investimentos em ações que busquem um cuidado humanizado ao profissional de saúde.

Instituição de Fomento: Programa de Pós- Graduação em Ciências da Saúde; Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal/RN
Palavras-chave: Ocupações em saúde, Política, Saúde ocupacional.