62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
EFICIÊNCIA DE SISTEMAS DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO CONVENCIONAIS NA REMOÇÃO DE ECOTOXICIDADE
Sinara Cybelle Turíbio e Silva Nicodemo 1
Larissa Isabelle Ferreira Batista 1
Virginia Eleonora Ferreira Batista 1
Izabel Cristina de Andrade 1
Guilherme Fulgêncio de Medeiros 1
1. Depto. de Oceanografia e Limnologia, DOL/UFRN
INTRODUÇÃO:
O lançamento de efluentes constitui um dos principais fatores que contribui para a deterioração de ecossistemas aquáticos. Essas fontes de poluição podem causar impactos ecotoxicológicos, onde compostos químicos causam efeitos adversos aos organismos (Schwarzenbach et al., 2006). As Estações de Tratamento de Esgoto (ETE's) são constituídas por lagoas em série que objetivam a diminuição da carga poluidora de efluentes por propiciarem a decomposição da matéria orgânica por microorganismos. Estudos brasileiros demonstraram que esses sistemas, em muitos casos, são ineficientes para a remoção da toxicidade, mesmo quando o despejo atende aos limites estabelecidos nos padrões de emissão (Bertoletti; Zagato, 2006). Diante do exposto, o presente estudo objetivou a comparação da eficiência na remoção da toxicidade de ETE's constituídas por uma só lagoa e ETE's constituídas por três, através de ensaios de toxicidade crônicos com o organismo-teste Mysidopsis juniae (CRUSTACEA, MYSIDACEA).
METODOLOGIA:
Efluentes tratados de cinco sistemas de tratamento foram coletados: Jardim Lola I (JLI), Jardim Lola II (JLII) e Amarante (AMA) - sistemas compostos por 3 lagoas em série - e CIAT e Quintas (QTAS) - sistemas compostos por apenas uma lagoa. Esses sistemas tratam efluentes sanitários de parte da grande Natal/RN e, após tratados, são lançados no Estuário Potengi. A amostragem foi simples, com uma coleta realizada pela manhã e outra à tarde. Após coletadas, as amostras foram postas em isopor com gelo e levadas ao ECOTOX-Lab/DOL/UFRN, onde foram congeladas por até 60 dias antes da realização dos testes (ABNT NBR 15469, 2007). Os ensaios foram crônicos (com duração de 7 dias) e objetivaram analisar efeitos sobre a sobrevivência e a fecundidade dos organismos testados. O método de ensaio foi baseado no recomendado pela USEPA (2002). Os organismos utilizados foram oriundos do cultivo do ECOTOX/Lab/DOL/UFRN, que segue metodologia baseada na ABNT NBR 15308/2005. A determinação dos valores de CL50% para a sobrevivência foi estimada através do método Trimmed Spearman-Karber (HAMILTON et al., 1977), enquanto que os valores de CI50% para a fecundidade, através do método de Interpolação Linear (Norberg-King, 1993).
RESULTADOS:
Os efluentes tratados dos sistemas compostos por apenas uma lagoa (CL50%: CIAT-M, 20,17%; CIAT-T, 24,97%; QTAS-M, 5,85%; e QTAS-T, 5,98%) demonstraram maior toxicidade que os efluentes tratados por sistemas compostos por três lagoas (CL50%: JLI-M, 57,39%; JLI-T, 56,57%; JLII-M, 54,26%; JLII-T, 40,56%; AMA-M, 5,85%; e AMA-T, 48,57%). Todos os efluentes testados não se mostraram tóxicos à fecundidade dos organismos testados. Os resultados evidenciam que sistemas com maior tempo de residência propiciam uma remoção mais eficiente da toxicidade, além disso, também mostram que a toxicidade aliada à carga orgânica surte maiores efeitos no efeito sobrevivência. Calazans et al. (2000) já alertavam para os problemas existentes em QTAS e CIAT. As concentrações de carga orgânica e de bactérias coliformes fecais afluentes aos dois sistemas foram superiores às previstas no dimensionamento dos reatores, o que demonstrou a necessidade de tratamento complementar. Os outros sistemas, apesar de aparentemente estarem bem dimensionadas, também não foram totalmente eficientes na remoção da toxicidade.
CONCLUSÃO:
Os sistemas compostos por três lagoas e que, consequentemente, apresentam maior tempo de detenção, apresentaram valores de CL50%;7d maiores que os compostos por apenas uma lagoa, o que evidencia que estes últimos foram menos eficientes na remoção da toxicidade dos efluentes urbanos. Pelo fato desses sistemas não garantirem remoção total da toxicidade, é necessária a implantação de um controle ecotoxicológico de efluentes líquidos, através de uma estimativa de potencial tóxico, onde, pela caracterização ecotoxicológica de efluentes e pelo estudo da dinâmica de corpos d'água (no caso a dinâmica de maré do estuário Potengi), é possível o estabelecimento de padrões ecotoxicológicos, ou seja, da ecotoxidade permissível. Após o referido estudo, será possível encontrar soluções para complementar o tratamento das ETE's estudadas para que elas se tornem realmente eficientes.
Instituição de Fomento: Instituto de Desenvolvimento e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte - IDEMA
Palavras-chave: Ecotoxicidade, Estações de tratamento de efluentes, Mysidopsis juniae.