A presente pesquisa  buscou  discutir a inserção das questões de gênero e sexualidade no espaço escolar, através da  prática docente, partindo da análise das políticas para promoção da "educação para diversidade" na formação de professores. Buscamos compreender como se tem estabelecido a relação de estudos com a diversidade junto aos professores e a aplicação destes na realidade de cada escola. A partir disso, discutimos a questão de como estas políticas para diversidade têm sido debatidas, quais concepções teóricas as estão fundamentando e como se dá a aplicação delas no ambiente escolar.

Este estudo apresenta caráter qualitativo e etnográfico. Desenvolvemos os estudos a partir de pesquisas bibliográficas, observações, e entrevistas. A pesquisa bibliográfica nos forneceu aporte teórico para o desenvolvimento das análises dos conceitos utilizados no decorrer do nosso estudo. Com as observações colhemos materiais empíricos, com os quais montamos em conjunto os conceitos estudados e as tessituras das práticas formadoras dos saberes docentes.

As entrevistas possibilitaram que ficássemos atentos ao objeto e ao objetivo da nossa análise de maneira livre, desprendidos de qualquer situação pré-definida. Os relatos nos revelaram novos conceitos, significados e rumos para o estudo, já que o mesmo se apresenta de maneira flexível, assim, ele pôde caminhar junto ao objeto, se desprendendo de qualquer tipo de posicionamento estático.

A proposta de inserção da temática "educação e diversidade" na formação de professores parte de um projeto político que possibilite o estudo aprofundado dos movimentos presentes na escola contemporânea. Os modelos pedagógicos, sociais ou de gênero que outrora nortearam os procedimentos escolares não se situam numa nova realidade onde a escola se torna a cada momento, um território de formação de subjetividades e de diferenças. Porém, mesmo com uma política que objetiva a diversidade, não se tem encontrado, na realidade escolar, mecanismos que permitam que a escola se torne um ambiente sem preconceitos e como espaço para manifestação do outro, do diferente, do diverso. Os professores têm saído dos cursos sem uma devida preparação para vivenciar e relacionar-se com as variáveis desta diversidade na escola, especialmente por que a própria comunidade escolar está marcada pela intolerância e pelo preconceito. Não se trata da ausência de teorias ou de estudos ampliados, mas pelas idéias de intolerância que margeiam a sala de aula. A diversidade tem sido barrada pela intolerância presente em vários agentes do espaço escolar.

Este estudo permite indagar-nos por que, mesmo com a projeção de uma educação relacionada com a diversidade, às recentes pesquisas promovidas pelos organismos governamentais têm apresentado um quadro de incidência de práticas sexistas e homofóbicas, além do despreparo dos professores para lidar com as diversas manifestações sexuais na escola, em desacordo com aquilo que se propõe como objetivo de inserção desta temática na formação de educadores e na própria organização escolar. Dessa forma, buscou-se entender como se dá esta relação entre formação docente e as múltiplas sexualidades presentes na sociedade contemporânea e a importância dos docentes na afirmação do respeito à diversidade no espaço escolar.