62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
PERSPECTIVAS DE INCLUSÃO DIGITAL NA PREFEITURA DO RECIFE - A ESCOLA ITINERANTE DE INFORMÁTICA
Flávia Barbosa Ferreira de Santana 1
Maria Auxiliadora Soares Padilha 1
1. Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica, UFPE
INTRODUÇÃO:

Este resumo tem como objetivo apresentar a análise da concepção de inclusão digital presente no Projeto da Escola Itinerante de Informática (EII) da Prefeitura do Recife. O estudo apresenta uma discussão sobre a relação entre Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e a exclusão/inclusão social, refletindo sobre a influência das novas tecnologias nas relações sociais. Além disso, propomos uma discussão sobre inclusão social na era digital, destacando o impacto que a revolução tecnológica causa na vida em sociedade, bem como alguns aspectos que a definem. Para isso refletimos sobre as três dimensões da inclusão/exclusão social: a dimensão econômica, a dimensão cognitiva e a dimensão política. Depois, trazemos uma discussão sobre inclusão digital na sociedade contemporânea, apresentando conceitos relevantes sobre inclusão digital. A motivação para este estudo decorreu do fato de que apesar do esforço do Governo Federal no desenvolvimento de inúmeros programas e projetos de inclusão digital, poucos estudos são capazes de demonstrar como a população que faz uso desses programas se apropria dos mesmos. Outra motivação surgiu pela constatação de que diversos Programas sociais estavam sendo instituídos na Rede Municipal de Ensino do Recife com objetivos de incluir digitalmente.

METODOLOGIA:

A metodologia do estudo se baseou em coleta das notícias veiculadas no site da Prefeitura do Recife sobre o Projeto da EII, entrevista estruturada com a coordenadora do Projeto da EII e a análise documental do Projeto da EII. Quanto ao instrumento de análise de dados, utilizamos a técnica da Análise de Conteúdo (AC), que possibilitou alcançar diretamente o sentido dos discursos dos sujeitos e documento, identificando: a concepção de inclusão digital existente nas notícias; a concepção de inclusão digital da coordenadora da EII; e a concepção de inclusão digital presente no Projeto da EII. A primeira etapa da AC (Preparação da informação) consistiu em identificar as diferentes amostras de informações a serem analisadas. A segunda etapa (Unitarização) versou em reler cuidadosamente os materiais com a finalidade de definir as unidades de análise. A terceira etapa (Categorização ou classificação das unidades) consistiu em agrupar os dados, considerando a parte comum existente entre eles. A quarta etapa (Definição de categorias) se referiu em definir categorias, identificando o material de cada uma delas, comunicando o resultado. E a quinta etapa (Interpretação) consistiu em ir além do descrever, fazendo inferência, procurando a compreensão mais aprofundada do conteúdo das mensagens.

RESULTADOS:

A maioria dos programas e projetos de inclusão digital está mais voltada para o aspecto técnico e instrumental do uso e do acesso às novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). A ideia mais geral é que ao ter acesso, ao saber manusear e ao utilizar a tecnologia, automaticamente, se está incluído socialmente e digitalmente. No entanto, apenas quando o contexto social é respeitado, considerando a cultural local, é que a partilha de conhecimentos, a valorização e a ampliação da cultura e a dinâmica da autoria podem surgir. Para que o acesso às TICs gere uma transformação do uso efetivo das mesmas, os sujeitos devem produzir conhecimento e informação de forma crítica, reflexiva e criativa; deixar de ser apenas meros consumidores e receptores das TICs; deixar de ser apenas treinados e instrumentalizados em informática. E tudo isso só será possível quando os sujeitos passarem a serem autores da produção do seu próprio conhecimento e informação. O reconhecimento do contexto traz impactos significativos e diretos na comunidade. Quando o contexto e as condições sociais da comunidade são considerados como determinantes no uso da tecnologia, as comunidades passam a ser vistas como ativas na interação da tecnologia, responsáveis pela produção de conteúdo, informação e conhecimento.

CONCLUSÃO:

Concluímos que o Projeto da EII já pensa em uma inclusão para além do acesso, mas ainda falta considerar o sujeito como ator principal e não a tecnologia, além do contexto social de uso dessa tecnologia. De um modo preliminar podemos considerar que, como na grande maioria dos programas de inclusão digital, o projeto da EII tem como foco a questão da cidadania, a profissionalização, a instrumentalização em informática e a ampliação de mercados. Verificamos que o Projeto da EII prioriza a inserção do sujeito na sociedade da informação via a empregabilidade ou formação para o trabalho; e também prioriza o exercício a cidadania proporcionando o acesso gratuito, contínuo e sistemático. No entanto, ressaltamos que um programa ou projeto público de inclusão digital deve primar pelo acesso às TICs, mas somando a isso conceitos, valores e compreensões sobre a o papel da tecnologia, o contexto social onde ela é aplicada e as relações que se estabelecem entre a tecnologia e os grupos que dela se utilizam. É preciso reconhecer que essa forma de conceber a inclusão digital, como sendo algo meramente técnico, como somente apresentar o computador às pessoas ou ensiná-las como utilizar programas e aplicativos informáticos, muitas vezes softwares proprietários, não inclui o sujeito digitalmente.

Instituição de Fomento: Fundação de Amaro à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco - FACEPE
Palavras-chave: Inclusão Digital, Tecnologia e Inclusão, Escola Itinerante de Informática.