62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 12. Neurociências e Comportamento - 1. Neurociências e Comportamento
AVALIAR A QUALIDADE DO SONO EM VIGILANTES DA UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA, CONSIDERANDO A EXPRESSÃO DA RITMICIDADE CIRCADIANA DE HUMANOS
Jacqueline Cosmo Andrade 1
Msc.Francisco Gilberto Oliveira 1
Msc.Lécio Leone de Almeida 1
Luciene Ferreira de Lima 1
Rafael Barbosa Moura 1
1. Universidade Regional do Cariri - URCA
INTRODUÇÃO:
Nós seres humanos somos classificados como seres de hábitos diurnos. A ampliação dos processos contínuos de trabalho tem desrespeitado os horários tradicionais da sociedade e criado para os trabalhadores situações em que seus horários de trabalho entram em contradição com aqueles socialmente estabelecidos. Um conjunto de estruturas neurais especializadas forma o Sistema de Temporização Circadiana, parte especifica do Sistema Nervoso, possuindo função regulatória dos ritmos circadianos, ritmos esses que estão ligados intimamente ao ciclo solar claro-escuro sendo adaptado ao organismo como vigília-sono e determinado endogenamente e geneticamente. Quando um trabalhador é submetido a um horário de trabalho noturno ele passa a dormir de dia, mais seus ritmos circadianos não se invertem, é como se ele estivesse exposto a um conflito de zeitgeber (sincronizador temporal). Nosso trabalho objetivou identificar a ocorrência de possíveis alterações no sono de vigilantes diurnos e noturnos da Universidade Regional do Cariri - URCA, considerando as possíveis influências do Sistema de temporização circadiana. Através de entrevista com os vigilantes objeto desse estudo, buscamos mapear o perfil dos entrevistados em relação ao seu trabalho e consequente qualidade do sono obtido nos diferentes períodos do dia.
METODOLOGIA:
O trabalho foi formulado em duas etapas: na primeira foi feito um estudo exploratório, onde constará uma consulta bibliográfica referente ao tema, seguido por um estudo qualitativo, onde foi feito uma entrevista com os vigilantes dos diferentes turnos da Universidade Regional do Cariri - URCA, campus Pimenta, localizada na cidade de Crato - CE.Compreendendo um quadro de dezesseis vigilantes do sexo masculino, com idade entre 31 e 46 anos.
RESULTADOS:
Classificamos os vigilantes em dois grupos distintos: aqueles que trabalham no período diurno designamos grupo diurno (GD) e os que trabalham a noite de grupo noturno (GN).Os vigilantes trabalham em uma escala de 12 para 36h, ou seja, para cada 12 horas de trabalho, corresponde um período de descanso de 36 horas. De acordo com a pesquisa aplicada, logo após a jornada de trabalho, os vigilantes do GD responderam dormir entre 5 e 9 horas, enquanto os do GN, de 3 a 12 horas de sono.Entre os grupos observa-se a ocorrência de queixas de sono durante o período de trabalho, o conhecido cochilo, caracterizado como sono de curta duração, verificando-se uma pequena diferença entre o GD e o GN.A presença do cochilo é devida ao cansaço, fadiga ou à privação do sono. Podendo também ocorrer quando se tem de acordar muito cedo para comparecer ao trabalho no turno matutino.A avaliação de como se sentiam ao acordar depois do sono noturno através de escala visual com valores de 0 (pior) a 10 (melhor) resultou em média de 7,25 para os vigilantes do grupo diurno e de 6 para o grupo noturno.As médias relativas à qualidade do sono dos vigilantes diurno e noturno são respectivamente 6,62 e 6,38. Mesmo com pouca diferença, indica que o sono noturno é de melhor qualidade.Todos os dados obtidos mostram que a qualidade do sono noturno é melhor, e que os trabalhadores que precisam dormir durante o dia apresentam registro de sono com períodos curtos e irregulares, além da ocorrência de insônia e dificuldades de concentração.A insônia é a mais comum perturbação do sono, e foi um dos distúrbios que mais teve ocorrência no GN, pode-se constatar que a maioria das pessoas com insônia são também submetidas a um nível elevado de stress.A pesquisa comprovou que o sono noturno é considerado o melhor entre os grupos de vigilantes, visto que a noite não tem muito barulho, não há interferência da luminosidade e especialmente por relaxarem mais, se comparado com o sono diurno. Um dos vigilantes noturnos ainda relatou que é difícil dormir pela manhã, pois sua família está toda acordada, especialmente seus filhos que ainda são crianças e fazem muito barulho. O que confirma um esquema social de trabalho diurno e repouso noturno.
CONCLUSÃO:
Os dados relatados ao longo deste trabalho sugerem que a inversão da jornada de trabalho compromete o grau de atenção, gerando indisposição, cansaço e mau humor e que pode colocar em risco a saúde do trabalhador e a de terceiros, dependendo do trabalho com que está relacionado.
Palavras-chave: Sono, Ritmo circadiano, Sistema de temporização circadiano.