62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 3. Oceanografia Geológica
CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DE SUBSTRATOS ESTUARINOS DO MUNICIPIO DE HUMBERTO DE CAMPOS (MA), PARA FINS DE IMPLANTAÇÃO DE CULTIVOS DE MOLUSCOS
Diranneide Gomes Amorim 1
Rosiley Garros Marreira 1
Clayane Carvalho dos Santos 1
Vanessa silva Gomes 1
Ione Mendes Lima 1
Paulo Roberto Saraiva Cavalcante 1
1. Depto.de oceanografia e limnologia, Universidade Federal do Maranhão - UFMA
INTRODUÇÃO:
Os estuários têm sido considerados um dos habitats naturais mais produtivos do mundo, representando áreas vitais à alimentação de variadas espécies de aves, reprodução de peixes, crustáceos, assim como locais de pesca costeira. Isso pelo fato dessas zonas receberem um grande aporte de nutrientes e matéria orgânica, além de serem receptoras de grandes volumes de sedimentos carreados por descargas fluviais, criando condições naturais adequadas ao desenvolvimento e manutenção dos produtores primários e toda uma diversificada cadeia alimentar. O sedimento estuarino reflete a qualidade do sistema aquático do ponto de vista de ciclagem de matéria e fluxo de energia, sendo um dos compartimentos mais importantes dos ecossistemas aquáticos, uma vez que nele ocorrem processos biológicos, físicos e químicos, que influenciam o metabolismo do sistema (ESTEVES1998). Por apresentar elevadas concentrações de nutrientes, este compartimento é sede de variados processos que influenciam a coluna d'água e a própria camada sedimentar que constitui habitat natural de organismos bentônicos. Assim o objetivo do presente trabalho foi realizar um diagnóstico das características texturais e geoquímicas de substratos estuarinos do município de Humberto de Campos, para a implantação de cultivo mexilhões.
METODOLOGIA:
O município de Humberto de Campos localiza-se entre as coordenadas 02° 35'54"de latitude S e 43° 27' 40" de longitude W, apresentando como limites territoriais o oceano Atlântico ao norte, a oeste Icatu e Morros, ao sul Morros e Primeira Cruz e a leste, Primeira Cruz.Foram realizadas quatro campanhas para amostragem de sedimento de fundo com o uso de draga Gibbs, sendo definidas três estações representativas da região. Em laboratório, as amostras foram dessalinizadas e secas em estufa, homogeneizadas e divididas em sub-amostras para caracterização física e geoquímica. A análise granulométrica foi efetuada pela combinação da técnica de peneiramento convencional e pipetagem (Suguio, 1973), sendo os dados processados em software Sysgran. As porcentagens das frações granulométricas foram determinadas segundo a escala de Wentworth (1922), com a classificação nominal da amostra sendo obtida de acordo com Folk & Ward (1957). Para as determinações geoquímicas utilizou-se a fração do sedimento < 62 µm, com o carbono orgânico total sendo determinado pelo método de Walkley-Black modificado por GAUDETTE et.al., (1974) e matéria orgânica multiplicando o valor do carbono orgânico pelo fator 1,725 (EMBRAPA,1997). Na determinação do ferro foi utilizado o método da EMBRAPA (1999).
RESULTADOS:

Quanto às características texturais do sedimento estuarino, houve predominância de silte, variando de 87,5% a 99,4%, a areia apresentou média de 3,6%, enquanto a argila registrou-se um valor médio de 1,37%. O cascalho foi a fração que apresentou menor concentração na área estudada. O predomínio de partículas finas caracteriza áreas protegidas onde a influência das forçantes hidrodinâmicas como ventos, correntes e marés é menos incisiva, favorecendo a deposição de material lamoso e a homogeneidade textural. O teor de matéria orgânica variou de 4,1 a 4,82%, com média de 4,5%, considerado assim intermediário, o que a enquadra nos sedimentos do tipo mineral. Isso favorece a atividade de cultivo, uma vez que altas concentrações de matéria orgânica podem favorecer a ressuspensão e a permanência, dos sedimentos na coluna d'água, além consumir altas taxas de oxigênio. Os teores de ferro variaram 214 a 1540,3 µg/g com média de 493,8 µg/g, sendo que os maiores valores geralmente observados no período seco, esclarece-se pela oxigenação do local pelas chuvas, provocando a oxidação química, já que em ambiente redutores esse micronutriente tende a reduzir (Esteves 1998), Quanto ao período seco, pode se explicar uma possível ocorrência de matéria orgânica dissolvida.  

CONCLUSÃO:

Embora preliminares, os resultados das características texturais e geoquímicas indicam ambientes moderadamente produtivos e dotados de potencial favorável à malacocultura. Os dados ora gerados poderão ser utilizados em futuros estudos de monitoramento da atividade de cultivo de moluscos.

Instituição de Fomento: CAPES
Palavras-chave: ferro, sedimento estuarino, cultivo.