62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 4. Enfermagem Obstétrica
ASSISTÊNCIA DE PRÉ-NATALISTAS NA DETECÇÃO, TRATAMENTO E ACOMPANHAMENTO DA SÍFILIS NA GESTAÇÃO
Janmilli da Costa Dantas 1
Francisca Marta de Lima Costa 2
Bertha Cruz Enders 3
1. Departamento de Enfermagem da Faculdade de Ciências de Saúde do Trairi - UFRN
2. Maternidade Prof. Leide Morais / Prefeitura Municipal de Natal
3. Profa. Dra. Orientadora - Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do
INTRODUÇÃO:
Segundo o Ministério da Saúde, de 1998 a junho de 2006, foram notificados e investigados no Brasil 36.615 casos de sífilis congênita em menores de um ano de idade. A análise dos bancos de dados do Ministério da Saúde demonstra que, em 75,8%, dos casos notificados de sífilis congênita, a gestante havia realizado o pré-natal. O aparecimento de casos de sífilis congênita na população é de importância significativa, tendo em vista que o Ministério da Saúde considera a taxa desse agravo como um indicador de avaliação da atenção básica à saúde, que reflete diretamente a qualidade da assistência perinatal, em particular a atenção pré-natal, disponível a toda a população. A finalidade deste estudo é contribuir para a qualidade da atenção pré-natal, pautada numa compreensão maior dos profissionais em suas ações na detecção, tratamento e acompanhamento da gestante com sífilis e na prevenção da sífilis congênita; além de contribuir para o enriquecimento do meio científico. Teve como objetivo analisar as condutas dos profissionais da ESF que atuam na consulta pré-natal na região do Trairi da V URSAP no Estado do Rio Grande do Norte quanto à detecção, tratamento e acompanhamento da gestante com sífilis.
METODOLOGIA:
Estudo do tipo exploratório descritivo, com abordagem quantitativa. Realizado nos municípios da V Unidade Regional de Saúde Pública (V URSAP) localizados na região conhecida como Trairi no Estado do RN. Decidimos trabalhar com a população total. O critério de inclusão para convidar o profissional a participar era que ele fizesse parte das equipes da ESF da região Trairi no período de coleta de dados, e que atuasse na realização da consulta pré-natal. Assim, 53 profissionais fizeram parte do estudo, sendo 30 enfermeiros e 23 médicos. Para a coleta dos dados, o instrumento utilizado foi um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas. A coleta dos dados aconteceu, entre o período de 1º de julho a 30 de setembro de 2007, em diferentes horários e diferentes lugares (postos de saúde, residências desses profissionais, V URSAP, ou em outros locais de trabalho desses trabalhadores, como, por exemplo, hospital), havendo necessidade de nos deslocarmos até os municípios e locais de trabalho. Os dados foram digitados em um de banco de dados do Programa Excel Office 2000 da Microsoft, tendo como tipo de análise a estatística descritiva, com freqüências absolutas e percentuais. Os dados das questões abertas foram categorizados segundo similaridade do seu conteúdo e quantificados.
RESULTADOS:
Dos participantes do estudo, 81,2% afirmaram ter algum tipo de conhecimento sobre os sinais e sintomas característicos da sífilis. 71,7% afirmaram solicitar o VDRL na 1ª consulta e no 3º trimestre. 62,3% indicam tratar a sífilis primária na gestante conforme institui o Ministério da Saúde. 52,8% referem tratar a gestante com sífilis secundária com a dose recomendada pelo Ministério da Saúde. Na sífilis terciária ou latente com mais de um ano de evolução, 54,8% disseram tratar a gestante conforme o recomendado pelo Ministério da Saúde. Consideramos que eles devem ser melhor preparados para atuar na assistência pré-natal; uma vez que são preocupantes as chances perdidas de cura da gestante e prevenção da sífilis congênita quando observamos os erros nas formas de tratamentos citadas por esses trabalhadores. Dos profissionais que declararam desenvolver condutas terapêuticas junto a cada parceiro dessas mulheres, todos afirmaram solicitar o VDRL a esse indivíduo. Enfatizamos os 9,5% da população estudada que não referiram ações nesses parceiros; levando-nos à idéia de uma assistência direcionada, apenas, à mulher, desconsiderando, a sua integralidade. 42 profissionais do estudo afirmaram acompanhá-la, e todos citaram a solicitação mensal do VDRL nas suas condutas de acompanhamento .
CONCLUSÃO:
Para detectar, tratar e acompanhar uma gestante com sífilis, os profissionais utilizam os seus conhecimentos sobre a sintomatologia da doença, solicitam exames laboratoriais, prescrevem o tratamento medicamentoso e acompanham esta mulher com o requerimento de exames e ações humanísticas. No entanto, observou-se, pelas colocações dos participantes, ações não condizentes às recomendações do Ministério da Saúde. Ao refletirmos sobre os resultados, acreditamos ser necessário um maior cuidado desses profissionais que estão na assistência pré-natal no que se refere à prescrição medicamentosa, tanto no que diz respeito ao medicamento quanto à dose instituída. Colocamos, neste momento, o desafio dos pré-natalistas para garantirem uma conduta assistencial qualificada ao homem em caso de infecção sifilítica em sua parceira; uma vez que a ausência de tratamento do parceiro pode interferir decisivamente na cura da gestante. Sentimos a necessidade de um melhor embasamento desses trabalhadores para a realização da assistência voltada às práticas do SUS. Sugerimos, um aprofundamento, na formação desses médicos e enfermeiros, no que se refere às disciplinas voltadas para a atenção pré-natal.
Palavras-chave: Cuidado pré-natal, Profissionais, Sífilis.