62ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 9. Artes
ARTE E MOVIMENTO INTERATIVO PARA CONTROLE DE VÍDEOS
Igor Lucena Fernandes de Queiroz 1
Marcos Andruchak 2
1. Departamento de Filosofia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
2. Prof. Dr./Orientador - Departamento de Artes - UFRN
INTRODUÇÃO:
No contexto de perspectivas e meios de criação arte-tecnológicos, decidimos estudar as propostas da interatividade, conceito que apesar de amplo, se restringe na presente pesquisa através de novas estratégias que a arte contemporânea incorpora, aliança ao desenvolvimento tecnológico. Desse modo, o que vem sendo proposto na arte, através da interatividade, consiste de uma relação mais do que a meramente mecânica, já que, necessariamente, a arte abrigará estratégias novas tornando o "antigo" observador, um elemento ativo que experimenta interagindo com as obras. Além da análise, o presente trabalho faz uma reflexão a partir da obra Halterofilismo Mental, de autoria dos mesmos proponentes desta pesquisa, no relacionamento do fazer artístico com a proposta filosófica de repensar a arte que desfaz significados. Tais conceitos foram aplicados à oportunidade da interatividade na obra artística, que funciona a partir do reconhecimento de movimentos, pelo computador. O movimento de pesos de halterofilia aciona vídeos que foram baixados gratuitamente da rede Internet de filósofos, artistas e intelectuais contemporâneos expressando suas visões de mundo. E para a tarefa de controle de vídeo utilizamos o programa Eyesweb, que reconhece os movimentos do novo observador, agora co-autor da obra.
METODOLOGIA:
A pesquisa começou em maio de 2009 com discussões de textos: Júlio Plaza, das aberturas interativas; Alberto Machado, aproximações de arte e mídia; e Anna Barros, quando e como se deu a transdisciplinaridade das artes com outras áreas do conhecimento. A construção da obra teve início na segunda metade de 2009 baixando os vídeos, contendo discursos acima citados em portais da Internet de exibição pública e gratuita. Após seleção, houve a edição de trechos para cada vídeo ter um minuto de duração e representar um recorte com a principal idéia em curso. De vinte vídeos editados obtivemos quarenta e sete em menores partes. No período também se iniciava a pesquisa do operacionamento do programa Eyesweb, com leituras de tutoriais, e testes de reconhecimento de cor e movimento, de metragem, diagramação, e cálculo de centro da figura desejada na imagem. No caso desse projeto de obra e pesquisa, o intuito foi mapear imagens capturadas por câmeras em tempo real e disparar os vídeos baixados, sempre que identificado o movimento dos pesos com o observador. A fundação fomentadora do trabalho foi a mesma que produziu o Salão Abraham Palatnik 2009, uma vez que esta tenha sido selecionada para primeiro ensaio. Faltando agora mais quatro espaços para cumprir o acordo do número mínimo de exibições.
RESULTADOS:
O resultado e execução da obra é a discussão da concepção e interação imanente na multiplicidade de sentidos de: academia, corpo, interatividade; neles, e entre. A "abertura de terceiro grau" proposta por Plaza indica a noção plural de sentidos entre obra e público, este, co-autor, transformando concepções. Em vislumbre da aparência saudável buscado nas cores, formas, e sons, dos elogios, do corpo são, a saúde encolhe para o menor sentido, do corpo. Bibelô desalmado, inconsciente da inconsciência parcial, que é maioria na mente. Oco pela sucção da linguagem, que simula rasgar fronteiras perceptíveis, quando são, apenas pela razão. Machado mostra na mídia tecnológica o manejo do consumidor de produtos carregados de idéias propositalmente parciais. Na obra, a academia toca noutro sentido: o cânon universitário; hiperestimação epistemológica científica; logicisar tudo até sobrar nada sem computar, mesmo nas Artes. E Barros discute o cientista, que cava conhecimento cada vez mais profundo afastando-se da superfície comum e/ou da possível "inter-ação" entre companheiros do apoteótico bloco. Incorremos que a partir dos seres multidisciplinares que em conjunto entendem amplamente e melhor coordenam a fenomenologia nas obras, mais científicas e poéticas.
CONCLUSÃO:
Prenhe de liberdade estética e moral, Halterofilismo Mental é um conceito práxis que se equilibra pelas curas e negações da obra no trocadilho narcisista egóico: corpo, academia, interatividade. Na prática acadêmica, o corpo ginástico pode sedentarizar mentalmente, e a mente lógica pode sedentarizar corporalmente, tendo o sedentarismo por tecnologias mais confortantes pela cura exclusiva de cada oposto. Usando a obra na interatividade de tendências parciais se equivalendo em "con-fusões" de sentidos que podem parecer contrários à cura total, quando a obra não é percebida como cura do corpo em lato sensu (corpo tem mente). Entretanto, a obra como dilema da reflexão do Ser, pretende iniciar pela inconsciência, quando sendo usada só para cura do corpo, ou só da mente, estressando o corpo totalmente. Assim a obra passa a integrar o público consigo mesmo, e ser curada. Porém, se a obra necessariamente estressa pela mente ou pelo corpo, em variado espaço de tempo para cada visitante, esta também pode perder aqueles que admirariam-na, por estarem curados ou não desejando "cura". Ao público, co-autor, cabe a escolha: desejar o autoflagelo pelo estresse da obra; ou fora dela flagelar-se, estressando no acaso de possibilidades cotidianas que ainda não foram computadas pelas academias.
Instituição de Fomento: Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte - FAPERN
Palavras-chave: Interatividade, Arte-Tecnológica, Academia.