A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino que ainda representa um desafio para governo e sociedade no que concerne a garantia desse direito subjetivo. Embora os investimentos em educação tenham aumentado na ultima década, ainda há muito que fazer no âmbito da EJA em nosso país. Em uma realidade repleta de injustiças e desníveis sociais, as possibilidades de crianças e jovens estarem inseridos na escola na idade adequada muitas vezes são reduzidas. As causas variam desde a própria necessidade de que a criança ou adolescente auxilie com algum tipo de trabalho, a aumentar a renda doméstica, até a desestruturação da família e a falta de condições de incentivo a continuação dos estudos. Ás vésperas de uma nova pesquisa censitária, em 2010, o que os dados estatísticos mostram sobre essa modalidade de ensino? Que avanços podem ser considerados, quais desafios permanecem? Dessa forma, o presente trabalho objetiva expor resultados de uma análise dos dados estatísticos referentes ao desenvolvimento da Educação de Jovens e Adultos no Brasil entre os anos de 2000 - 2009.

Segundo o Censo 2000 - IBGE 15 milhões de brasileiros acima dos 15 anos de idade encontravam-se em situação de analfabetismo. Do universo de 141,5 milhões de pessoas no país acima de 15 anos, cerca de 10,9 milhões (7,7%) freqüentavam ou freqüentaram anteriormente algum curso de EJA. A maior concentração de matrícula encontra-se no Nordeste (42,4%), seguida pelo Sudeste (30,2%), Norte (13,3%), Sul (7,2%) e Centro-Oeste (6,5%). A EJA é mais procurada por mulheres (53%), e pessoas com menor rendimento, sendo mais freqüentada no Sul do país. Embora se observe entre os brasileiros com mais de 15 anos uma redução de 13,6% para 10%,  ainda significa que 14,2 milhões de pessoas permanecem em situação de analfabetismo, notadamente na região Nordeste que com 19,4%, detém quase o dobro da média nacional. Os principais motivos, apontados, para abandono do curso foram: a incompatibilidade do horário das aulas com o horário de trabalho (27,9%); falta de interesse em fazer o curso (15,5%); incompatibilidade do horário das aulas com os dos afazeres domésticos (13,6%); dificuldade em acompanhar o curso (13,6%), inexistência de curso próximo a residência (5,5 %), inexistência de curso próximo ao local de trabalho (1,1%), falta de vaga (0,7%); outro motivo (22,0%). 

Conclui-se que a pesar das dificuldades a EJA vem proporcionando a milhões de brasileiros melhores condições de vida tanto no lado profissional quanto pessoal e social. A crescente participação das pessoas de 18 a 39 anos de idade revela a importância da continuação dos estudos para: uma boa qualificação profissional, ingresso no mercado de trabalho e melhores oportunidades de emprego. As pessoas deixaram de estudar por algum motivo (trabalho, falta de condições financeira, afazeres domésticos, dentre outros) e gostariam de recuperar o tempo perdido, por isso optaram em cursar a EJA e não o ensino regular. Vale ressaltar, que o combate ao analfabetismo constitui-se, na atualidade, pauta das políticas de educação, uma vez que o domínio da leitura e da escrita são requisitos indispensáveis ao exercício da cidadania.