62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica
EDUCAR PARA IGUALDADE ÉTNICO-RACIAL
LÚCIA MARIA DE ALMEIDA 1
MARIA DO SOCORRO LIMA DE SOUSA UMBELINO 1
MARIA DE FÁTIMA CARVALHO SOARES 1
ROSINETE PAULINO DA SILVA 1
1. Secretaria Municipal de educação da Cidade do Natal - SME
INTRODUÇÃO:

A partir da publicação da Lei 10.639/03 e sua regulamentação pelo Conselho Nacional de Educação, educadores e escolas passaram a trabalhar com obrigatoriedade e necessidade de introduzir nos seus currículos o papel do Continente Africano na história da humanidade e a relevância dos afros descendentes na formação do brasileiro, levando os educadores a refletir sobre novas perspectivas educacionais dentro de uma conjuntura multicultural. Somos desafiados a fazer um estudo sobre como se deu a construção social do racismo e suas repercussões na escola, considerando toda a história da nossa colonização, da misturas de raças, com cultura e organização social característicos, e do legado social e cultural deixados. Dentro desta diversidade, a escola se encontra em desafio, buscando a partir da reflexão de seus profissionais, estratégias e procedimentos pedagógicos, formas de educar para a cidadania. Entendendo que a questão racial permeia a história social, cultural e política e afeta todos nós, este trabalho objetivou incluir esta temática no processo de ensino aprendizagem proporcionando discussões e reflexões sobre a diversidade étnico-racial, visando à desconstrução das atitudes discriminatórias e proporcionar melhor compreensão da origem das tradições culturais da nossa sociedade.

METODOLOGIA:

O trabalho foi realizado no segundo semestre de 2009. Inicialmente fizemos a leitura e discussão da Lei 10.639/03 em seguida um levantamento bibliográfico e seleção de materiais didáticos e audiovisuais. Objetivando motivar os alunos e propiciar conhecimento sobre a história e cultura africana e a importância no desenvolvimento social e cultural do Brasil, fizemos uma viagem ao continente africano conhecendo seus países através do estudo do mapa político e do globo, foram confeccionadas e pintadas às bandeiras desses países e construído um painel um painel com as principais características desses países. Através da leitura e interpretação escrita e visual de livros paradidáticos e histórias animadas contadas através de vídeo do programa A cor da Cultura, procuramos mostrar a importância de respeitar as diferenças, e compreender que a diversidade faz parte da vida humana. Estudando sobre os objetos e rituais religiosos e sociais da cultura africana, foi desenvolvido um trabalho com as máscaras e com os símbolos. O significado e o uso destes na vida social e religiosa. Foram confeccionados máscaras em papel machê e um tapete com os símbolos representando o adinka. Os trabalhos desenvolvidos foram apresentados a comunidade no dia Nacional da consciência negra.

RESULTADOS:

Acreditamos que a identidade racial representa um processo bastante complexo para muitos devido a anos de uma educação para introjeção do preconceito e a negação da identidade racial, muitos não se percebem como sujeitos que tem preconceito racial ou pertencente a uma determinada etnia, pois foram conduzidos a pensar que vivem em uma sociedade sem preconceito racial. Em nossos alunos negros, percebemos uma forte resistência a se aceitar como tal, principalmente as meninas que não querem ter o cabelo crespo. Percebemos a utilização de estereótipos negativos direcionados aos alunos negros, como acharem que eles não são inteligentes, ou que estão sempre sujos ou que não deveriam estar na escola. Na discussão com os professores, muitos não aceitam que a questão racial traz privilégios, e sim que cada um consegue algo com base somente em seus méritos e não pela cor de sua pele, mas aceitam que existe preconceito em todos os lugares, até em nós mesmos, intimamente guardamos resquícios de nossa educação preconceituosa. Através deste conhecimento acreditamos poder rever nossa forma de pensar e agir, de forma a intervir na construção de um conhecimento que possa educar para conviver com as diferenças e nas diferenças, e que nossos alunos possam perceber que ser diferente não é ser ruim.

CONCLUSÃO:

Sendo a escola um espaço onde ocorre o processo de ensino-aprendizagem, ela é o lugar fundamental para se (re) construir uma abordagem positiva e menos discriminatória com relação aos afro-descendentes, percebemos que a partir do conhecimento da própria herança cultural presente no cotidiano do aluno, e que muitas vezes ele não conhecia e passou a conhecer, sabendo que a mesma tem origem Africana ou dos seus descendentes, muitos alunos e professores tiveram a oportunidade de conhecer e às vezes ate mesmo ampliar o sentimento de identidade cultural em contextos de diversidades multiculturais. Este trabalho permitiu discutir e refletir de forma mais sistemática a cerca da promoção da igualdade étnico racial na escola, procurando trabalhar nas diversas linguagens uma serie de reflexões conceituais, concepções epistemológicas, históricas e sociais que possam refletir numa forma didática de se trabalhar com a questão étnica racial. Considerando ainda que além do aspecto da formação docente, existe também a questão das subjetividades de muitos professores, alguns não sabem como enfrentar a discussão de um tema gerador de conflitos, além da dicotomia de educar para igualdade diante das diferenças.

Instituição de Fomento: Secretaria Municipal de Educação -Projeto escola Brasil - PEB - Grupo Santander Brasil
Palavras-chave: Educação, Étnico-racial, África .