62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
ASSOCIAÇÃO ENTRE NÚMERO DE FILHOS E OBESIDADE CENTRAL EM UM GRUPO DE USUÁRIAS E PROFISSIONAIS DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA EM FEIRA DE SANTANA, BAHIA.
Francine Menezes de Jesus Silva 1
Rogério Tosta de Almeida 1
Luane Sales de Jesus 1
Gilmar Mercês de Jesus 1, 2
1. Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atividade Física e Saúde (NEPAFIS) - UEFS
2. Orientador
INTRODUÇÃO:
Nos últimos anos, a obesidade central no Brasil tem aumentado em mulheres (CASTANHEIRA; OLINTO; GIGANTE, 2003; MARTINS; MARINHO, 2003; OLINTO et al., 2006) e parece está associada a um maior número de filhos (KAC; VELÁSQUEZ-MELÉNDEZ e COELHO, 2001, CASTANHEIRA; OLINTO e GIGANTE, 2003). De acordo com a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Mulher e da Criança (PNDS, 2006) as mulheres com mais de 2 filhos apresentaram mais de 50% de ocorrência de excesso de peso. Lacerda e Leal (2004), afirmam que a paridade está associada à retenção de peso pós-parto, assim como o ganho de peso na gestação. Nesse sentido esse trabalho visa identificar associação entre o número de filhos e a obesidade central entre um grupo de usuárias e profissionais do Programa Saúde da Família (PSF) em Feira de Santana, Bahia.
METODOLOGIA:
Estudo transversal realizado com uma amostra selecionada por conveniência de 102 mulheres (20 a 59 anos de idade), profissionais e usuárias do Programa Saúde da Família de Feira de Santana, Bahia. Os dados foram coletados em 16 das 23 Unidades de Saúde da Família vinculadas ao Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Variável dependente: Obesidade Central (OC) avaliada conforme Circunferência da Cintura (CC) ≥86 cm (ALMEIDA; ALMEIDA; ARAÚJO, 2009). Variável independente: Número de filhos identificado pela quantidade de filhos. A análise dos dados foi feita utilizando-se o software SPSS versão 10.0. Foi adotada a prevalência como medida de ocorrência e a Razão de Prevalência (RP) com seus intervalos de confiança (IC) a 95% como medida de associação. A significância estatística foi observada através do teste qui-quadrado (p≤ 0,05). O estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da UEFS, com protocolo de número 135/2009.
RESULTADOS:
A prevalência de obesidade central foi de 43,1%. Quanto ao número de filhos, o maior percentual apareceu entre as participantes que tinham dois ou mais filhos (55,9%), sendo que, 15,2% tinham quatro ou mais filhos. Na análise bivariada, a obesidade central foi mais prevalente entre as mulheres com maior número de filhos (dois ou mais), 45,6% vs 40,0% (RP=1,14; IC95%: 0,72-1,80, p=0,56), não sendo estatisticamente significante esta diferença. Estes resultados corroboram com algumas evidências encontradas na literatura. Outros estudos têm apontado que uma maior quantidade de filhos pode aumentar o risco de desenvolver obesidade central. Kac; Velásquez-Meléndez e Coelho (2001) observaram maiores freqüências de obesidade central em mulheres acima de 35 anos e com dois ou mais filhos. Almeida (2008) encontrou prevalência de obesidade central 2 a 3 vezes maiores nas mulheres com 4 filhos ou mais comparadas as sem filhos. Gigante e outros (1997) confirmaram a associação positiva entre paridade e obesidade geral, bem como, Castanheira; Olinto; Gigante (2003) entre número de gestações e OC, sendo que para estes últimos autores, mulheres que tiveram quatro ou mais gestações apresentaram em média 4,1 cm a mais de CC do que as nuligestas (IC95%: 2,0-6,2).
CONCLUSÃO:
Apesar de ao longo das últimas décadas, as mulheres brasileiras apresentarem mudanças notáveis em seu comportamento reprodutivo, devido à difusão de informações, à assimilação de novas idéias e atitudes reprodutivas, os ideais de famílias menores, maior acesso a métodos contraceptivos, entre outros (SIMÃO et al, 2006). As orientações sobre os efeitos danosos à saúde devido ao aumento excessivo de peso durante a gestação são de extrema importância. Um acompanhamento pré-natal para direcionar a gestante para uma nutrição e ganho de peso adequado ao seu estado nutricional pode ser uma boa estratégia para evitar o ganho de peso durante e após a gestação.
Palavras-chave: Obesidade central, Paridade, Epidemiologia.