62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 5. Psicologia da Saúde
DEPRESSÃO E QUALIDADE DE VIDA EM CUIDADORES DE IDOSOS COM DEMÊNCIA DE ALZHEIMER.
Beatriz Mosca Rivera 1
Luana Cristina Fernandes de Lara Andrade 1
Sara Salsa Papaleo 1
Caroline Araújo Lemos 1
Louis Anderson Nunes Bezerril 2
Eulália Maria Chaves Maia 1
1. Departamento de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN
2. Departamento de Fonoaudiologia, Universidade Potiguar/UNP
INTRODUÇÃO:
Atualmente a população de idosos tem aumentado a cada ano e, paralelo a isto, o aumento da incidência de doenças neurodegenerativas como a Demência de Alzheimer (DA). Esta doença resulta em perdas cognitivas, emocionais e sociais apresentando um impacto direto nas atividades cotidianas do indivíduo e de seus cuidadores, sobretudo cuidadores familiares e/ou principais. Estudos sugerem que prestar cuidados à pacientes com DA está associado ao desenvolvimento de comorbidades físicas e psicológicas, como a depressão e piora na qualidade de vida. De acordo com Beck, as pessoas que desenvolvem a depressão apresentam pensamentos de auto desprezo e auto acusação generalizando-os para outras situações, e prejudicando sua qualidade de vida. O termo qualidade de vida não possui uma definição única, abarcando múltiplos aspectos da existência do indivíduo, compreendendo as esferas física, mental, social e espiritual, sendo de grande relevância considerar as questões subjetivas concernentes do universo de cada sujeito. Dessa forma, objetiva-se avaliar a relação entre as características do cuidador de idosos com DA e seus índices de qualidade de vida e depressão, visto que há a necessidade de compreender o impacto do cuidado para os cuidadores.
METODOLOGIA:
A pesquisa referida foi realizada no Centro Especializado de Assistência à Saúde do Idoso - CEASI, localizado no bairro da Ribeira, Natal - RN, no qual funciona o Programa Municipal de Atendimento ao Paciente com Demência de Alzheimer. Participaram da pesquisa o total de 26 sujeitos identificados como cuidadores principais de idosos com DA. Estes eram informados a respeito do estudo enquanto aguardavam atendimento para o idoso, sendo convidados a participar voluntariamente. Após dado consentimento livre e esclarecido, os cuidadores respondiam a um questionário semi-estruturado abrangendo aspectos como idade, sexo, escolaridade, parentesco com o idoso e se estes residem na mesma casa. Em seguida, era aplicado o Inventário de Depressão de Beck (BDI), caracterizando o nível de depressão entre mínima e grave. Além disso, os cuidadores respondiam a Escala de Qualidade de Vida para cuidadores, adaptada em 2005 por Novelli, que apresenta excelente estabilidade e confiabilidade, além de ser adequada à amostra a ser estudada. Os dados obtidos foram organizados com auxílio do programa SPSS for Windows, versão 17.0, seguido de formatação, armazenamento de informações e tratamento estatístico apropriado.
RESULTADOS:
Do total dos 26 participantes entrevistados, 24 são mulheres e 2 homens, com idade média de 53,6±10,8 anos. Apesar de se dizerem cuidadores principais, apenas 19 cuidadores residem com o idoso, sendo 14 casados e 3 solteiros. Ainda sobre a caracterização da amostra, percebe-se uma heterogeneidade em relação à escolaridade variando de 10 sujeitos com o Ensino Fundamental Incompleto a 1 sujeito com Pós-graduação. Quanto ao grau de parentesco com o idoso, conforme observado na literatura, a maioria desses cuidadores são filhas (n=15) e conjugues (n=5). Sobre a pontuação na Escala de Qualidade de Vida, a média foi de 24,6±5,1, considerada baixa comparando-se a média de cuidadores de outros estudos. Dentro os participantes, as filhas apresentaram o pior índice de Qualidade de Vida (23,3±5,4) e os conjugues apresentaram o nível mais alto (27±6,1) comparados aos outros cuidadores da pesquisa. A pontuação média de depressão dos participantes foi de 32,7±9,4, considerando-se participantes com "depressão moderada" aqueles com pontuação entre 20-35 pontos. Destaca-se também o alto índice de depressão entre as filhas (35,3±10,8), e entre os sujeitos solteiros (36,7±13,2). Quanto a variável "reside com o idoso", não foram observadas diferenças entre as médias de Qualidade de Vida e Depressão.
CONCLUSÃO:
Percebe-se, então, que os resultados obtidos corroboram com dados da literatura a respeito do perfil do cuidador (sendo a maioria mulheres, filhas e esposas) e as conseqüências do cuidado para estes, tais como indícios de depressão moderada e baixa qualidade de vida. Sobre isso, estudos relatam que a saúde precária do cuidador, o grau de parentesco, a relação anterior com o paciente, o sexo, entre outros, influenciam significativamente no impacto do cuidado. Os resultados apresentados anteriormente permitem uma reflexão a respeito da necessidade de se elaborar serviços que acolham e atendam os cuidadores dos idosos com DA, visando tanto o bem-estar do cuidador como do próprio idoso, visto as conseqüências físicas e psicológicas envolvidas com a DA. Por fim, esta pesquisa confirma os resultados de várias outras da área, indicando que o cotidiano do cuidador interfere em sua qualidade de vida, podendo evoluir aos quadros de depressão.
Palavras-chave: Cuidadores, Qualidade de vida, Depressão.