62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 1. Fisiologia Celular e Molecular
INFLUENCIA DO EXERCÍCIO NA EXPRESSÃO DA β-ACTINA, MYOD E ATROGINA NO MÚSCULO GASTROCNÊMIO DE RATOS WISTAR TREINADOS AERÓBICAMENTE.
Naiza Arcângela Ribeiro de Sá 1
Alex Soares Marreiros Ferraz 3
Igor Cabral Coutinho do Rêgo Monteiro 2
Francisco Fleury Uchôa Santos Junior 2
Ruan Carlos Macêdo de Moraes 1
Maria da Conceição Lopes Ribeiro 1
1. Departamento de Educação Física - UFPI
2. Instituto Superior de Ciências Biomédicas - UECE
3. Prof. Msc./Orientador - Departamento de Educação Física - UFPI
INTRODUÇÃO:
A musculatura estriada esquelética enquanto tecido ocupa lugar de destaque no dispêndio metabólico dos diversos seres vivos, sendo possivelmente o mais metabolicamente ativo dentre os tecidos corporais. Assumido-a como órgão, desempenha um papel muito importante na proteção, sustentação, locomoção e em fenômenos que desencadeiam sobrecargas estruturais e energéticas a esse organismo. Todas essas características conferem a essa estrutura lugar central nos processos anabólicos e catabólicos relacionados a síntese e a degradação de proteínas. Os Fatores Miogênicos Reguladores (MRF) são os fatores de transcrição que controlam a diferenciação, maturação e desenvolvimento do tecido muscular, sendo importantes sinalizadores do estado fisiológico de um organismo, órgão ou tecido diante de situações de perturbação de sua homeostase. O exercício físico é um conhecido indutor de adaptações nas mais diversas estruturas celulares, teciduais, orgânicas e sistêmicas que tem em comum a transcrição gênica e sua tradução protéica como evento de modificação fenotípica do organismo. Diante do exposto este trabalho tem como objetivo analisar a expressão de genes relacionados aos eventos de anabolismo e catabolismo muscular em decorrência da prática de exercício físico aeróbico.
METODOLOGIA:
Foram utilizados 12 Ratos Wistar, machos divididos em Controle (Cont) e Exercício (Exer). O grupo submetidos a exercício treinou 5 dias por semana, 30 minutos por dia durante 8 semanas. A velocidade foi aumentada gradativamente de 6,7m/min a 21,7m/min. O treinamento foi realizado no período noturno, sob luz vermelha. Após o período experimental, os animais foram anestesiados, com cetamina 60mg/Kg e xilasina 8mg/Kg e sacrificados por decaptação. Os músculos gastrocnêmios dissecados, foram maceradas em nitrogênio líquido, e acondicionadas em solução de RNA Lysin Buffer (Promega, Minchigan, USA) para a extração de RNA total e posterior síntese de cDNA (Im&Prom II Reverse Transcription Reverse® & Promega). As diferentes frações de cDNAs foram utilizadas na amplificação em cadeia por Polimerase (PCR), utilizando-se dos primers específicos para β-Actina (housekeeping gene), Atrogina e da MyoD. Os produtos da PCR foram conferidos através de gel de agarose (1%) não desnaturante, corado com brometo de etídeo. Para a quantificação da expressão utilizou-se de uma metodologia semi-quantitativa, através da subtração da expressão dos genes alvos pelo housekeeping gene.
RESULTADOS:
Os animais controle apresentaram peso corporal (370,3±14,45g) maior que os exercitados (318,3±36,69g). Fato que não alterou os níveis de expressão do gene da proteína estrutural β-actina, que apresentou valores similares entre os dois grupos Cont (2334±326,9) e Exer (2656±165,1). Da mesma forma a expressão da MyoD não foi diferente entre os dois grupos Cont (835±226,4) e Exer (1100±135,0). Já para a expressão de Atrogina o grupo exercício apresentou uma menor expressão (649±131,7) quando comparado ao controle (1070±442,9). Ressaltando-se que os valores referem-se a expressão de cada gene em relação a expressão intra animal de β-actina. Como esperado para expressão da β-actina, uma das proteínas musculares mais abundantes, essa apresentou valores absolutos maiores que os genes de sinalização. Quanto a expressão da MyoD e da Atrogina foram observadas diferença compatíveis com a pratica de exercício, sendo apenas a da Atrogina significante. Como esse é um gene relacionado à atrofia muscular foi caracterizado um decréscimo de sua expressão na fibra muscular exercitada. A significância estatística foi considerada quando os resultados apresentaram probabilidade de ocorrência da hipótese nula menor que 5% p< 0,05. Para tal análise foi utilizado o Programa GraphPad Prism 5.
CONCLUSÃO:
A prática de exercício mostrou ser eficaz em autorregular a via de síntese protéica. A expressão gênica da β-actina se manteve similar entre os grupos possívelmente em função dessa ser uma proteína estrutural e muito abundante. A similaridade na expressão da MyoD entre os grupos pode estar relacionado ao tempo de vida dos ratos (ratos jovens), pois esse é uma proteína mais expressa em tecidos jovens, fato que pode diminuir o impacto do exercício na expressão diferencial desse gene. A expressão aumentada da Atrogina relacionada ao desuso do sistema muscular causa atrofia na musculatura esquelética, a menor expressão dessa no grupo Exercício tem relação direta com os mecanismos de sinalização de hipertrofia relacionados ao treinamento com exercícios. A prática de exercício físico foi capaz de inibir um dos genes de sinalização da atrofia muscular, fato benéfico na preservação da massa muscular esquelética.
Instituição de Fomento: FAPEPI, FUNCAP, CAPES, CNPq.
Palavras-chave: Expressão Gênica, Exercício Físico, Músculo Esquelético.