62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo
VARIABILIDADE QUÍMICA DOS SOLOS DO SÍTIO TERRA PRETA 1 EM JURUTÍ-PA
Nildineide Lima Soares 1
Adriane da Rocha Costa 2
José Renato Magno Xavier 2
Jucilene Amorim Costa 1
Francisco Juvenal de Lima Frazão 1
1. Museu Paraense Emilio Goeldi
2. Universidade Federal Rural da Amazônia
INTRODUÇÃO:

Na Amazônia embora exista extensas áreas potencialmente agricultáveis, boa parte desses solos são ácidos, apresentam baixa capacidade de troca catiônica e, conseqüentemente, baixa fertilidade (Moreira & Malavolta, 2002). Entretanto, na floresta amazônica também existem áreas de solos afetados consideravelmente pelo homem pré-colonial. Esses solos apresentam coloração escura, restos de materiais arqueológicos (fragmentos cerâmicos e artefatos líticos) e teores elevados de Ca, Mg, P, Zn, Mn e C. Tais solos são conhecidos como Terra Preta Arqueológica (TPA), Terra Preta de Índio (TPI) ou Terra Preta (TP) (Kern & Kämpf, 1989). A grande variação da fertilidade desses solos tem sido alvo de inúmeras discussões, tanto pelo potencial agrícola quanto como áreas de manejo sustentável (Glaser et al., 2001). Os solos da Área Adjacentes (AD) à TPA possuem um grau de desenvolvimento similar, mas não mostram sinais de modificações ocasionadas pelo homem (SOMBROEK, 1966) havendo assim uma distinção química entre elas. Deste modo, o presente trabalho buscou analisar os teores de C orgânico, P disponível, Na e K trocáveis, bem como a Acidez ativa (pH em água), trocável (Al trocável) e potencial (H+Al) entre a TPA e sua respectiva AD a fim de verificar as suas variações químicas.

METODOLOGIA:

O sítio arqueológico está localizado na margem direita do Rio Amazonas, no município de Juriti, extremo oeste do Estado do Pará. Estando compreendida entre as coordenadas 21M 599557E e 9759353N. As amostras de solo analisadas (0-40 cm) foram coletadas durante a etapa de salvamento dos sítios arqueológicos de terra preta no ano de 2007. Os procedimentos para as analises químicas de fertilidade foram realizadas conforme os descritos por Embrapa (1997): C orgânico - volumetria de oxirredução (método Walkley-Black); P disponível (extraído com solução de Mehlich-1) - colorimetria em presença de ácido ascórbico; Na e K trocáveis (extraídos com solução de Mehlich-1) - fotometria de chama; pH em água - relação 1:2,5; Al trocável (extraído com KCL 1N pH 7) e Acidez potencial (extraído com acetato de cálcio pH 7) - volumetria de neutralização e titulação com NaOH.

RESULTADOS:

Foram observados os maiores teores de C orgânico na TPA, os resultados apresentam comportamento normal, com maior teor em superfície diminuindo em profundidade.

O P disponível foi maior nos solos com TPA, apresentando máxima de 400 mg.kg-1, em comparação 20 mg.kg-1 na AD. Em geral, os solos amazônicos, possuem baixo teor de P disponível, por outro lado nas TPA's, pode alcançar valores acima de 600 mg.kg-1 (SOMBROEK, 1966). O P disponível contribui na identificação de sítios com TPA, por possuir teores mais elevados na TPA em comparação aos solos da Amazônia. Relacionado-se à ocupação humana pré-histórica, em virtude da adição de material orgânico (GRIFFTH, 1980).

O teor de K trocável na superfície (0-10 cm) foi maior na TPA que na AD, assemelhando-se em profundidade. Os valores obtidos de Na trocável e Acidez potencial não variaram entre as áreas estudadas.

O conteúdo de Al trocável encontrado na AD variou de 1,41 a 3,66 e cmolc.kg-1, já na TPA de 0,42 a 0,7 cmolc.kg-1.

O pH em água variou de 5,1 a 5,7 na TPA sendo esta a faixa favorável ao desenvolvimento de varias culturas amazônicas. Na AD os valores encontrados são considerados muito ácidos variando entre 3,2 e 3,9. Sendo prejudiciais à disponibilidade de alguns nutrientes essenciais aos vegetais (SILVA, 2003).

CONCLUSÃO:

A introdução de materiais orgânicos (tecidos vegetais, animais, fezes e restos de alimentos) em decorrência da ocupação humana pré-histórica, no sítio Terra Preta 1 em Juruti-Pa, contribuiu para maior fertilidade encontrada na TPA em relação à sua AD. Sendo observados os maiores teores de C orgânico, Ca, K e principalmente P, que pelo alto teor encontrado pode ser usado juntamente com outros atributos para identificar o sítio de TPA. Por outro lado, foi observada a menor acidez para o sitio arqueológico, com o pH médio de 5,5, sendo este favorável ao desenvolvimento da maioria das culturas.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -CNPq
Palavras-chave: Terra Preta Arqueológica, Atributos Químicos, Solos Amazônicos.