A criação de avestruz é uma atividade que vem se expandindo mundialmente. Tendo em vista a criação racional desta espécie onde a quantidade e a concentração de animais por área é cada vez maior, isso provoca uma um aumento na incidência de doenças parasitárias.

O meio de transmissão mais importante das endoparasitoses é a de ave para ave, por meio da ingestão de fezes contaminadas com ovos e larvas. Uma característica dos avestruzes que favorece a disseminação das parasitoses é o hábito coprófago que estes animais possuem. O Ascaridia sp. é o gênero de nematóide, parasita do intestino delgado, mais comum em avestruzes.

A fitoterapia surge como uma alternativa ao uso de anti-helmínticos tradicionais, aumentando os lucros da criação de animais, com a diminuição de gastos com anti-helmínticos e reduzindo os resíduos deixados pelos fármacos no ambiente e na carne dos animais.

O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do farelo da semente de jerimum (Cucurbita pepo Linnaeus) sobre os nematóides gastrintestinais de avestruzes naturalmente infectados no cariri paraibano.

O experimento foi realizado em uma fazenda localizada no município de Monteiro-PB. Foram utilizados 48 avestruzes, todos machos, da raça African black, com 36 meses de idade, naturalmente infectados por nematóides gastrintestinais.

As sementes de jerimum utilizadas no estudo foram postas para secar durante uma semana. Após a secagem, foram trituradas, restando apenas seu farelo.

Os animais foram distribuídos em quatro grupos, com doze avestruzes: Grupo 1 - controle-negativo, que não recebeu tratamento; Grupo 2 - tratado com farelo da semente de jerimum na dosagem de 0,5g/kg de peso vivo, por três dias consecutivos; Grupo 3 - tratado com farelo da semente na dosagem de 1g/kg de peso vivo por três dias consecutivos e Grupo 4 - tratado com Albendazole 10% em dose única. As aves receberam o farelo da semente de jerimum misturado com a ração e o fármaco diretamente por via oral.

As coletas de fezes foram realizadas no dia zero e 10º, 20º e 30º dia após início do tratamento. Após as coletas, as amostras foram enviadas ao Laboratório de Parasitologia - UFCG, campus de Patos/PB sob refrigeração. Os exames de fezes realizados foram o OPG (Contagem de Ovos Por Grama de Fezes). A eficácia dos tratamentos foi avaliada através do teste de RCOF (Redução na Contagem de Ovos Fecais).

No dia zero, o Grupo 1 apresentou média de OPG de 5000; o Grupo 2 com OPG de 7300; o Grupo 3 com 9100 e o Grupo 4 com 3200. Mostrando alta infecção parasitária dos avestruzes pelo parasita Ascaridia sp.

No 10º dia pós-tratamento, foi realizada outra coleta, na qual foi observada uma redução de 68.8% no teste de RCOF para o grupo 2, tratado com 0,5g/kg de farelo de semente de jerimum; o grupo 3, que recebeu 1g/kg de farelo de semente de jerimum, apresentou uma redução de 87,3% no OPG. Enquanto que no grupo 4, tratado com o fármaco, e o grupo 1, controle negativo, apresentaram um aumento no OPG.

No 20º dia, as médias permaneceram constantes, sem variação significativa em nenhum dos grupos.

No 30º dia pós-tratamento houve um aumento no OPG de todos os grupos, talvez pela constante exposição ao fator de risco, ocorrendo a reinfecção por parte dos animais, já que o ambiente permaneceu contaminado durante o experimento.

A maior redução foi no Grupo 3, com a dosagem de 1g/kg, provavelmente devido a uma maior quantidade do principio antiparasitário, já que no Grupo 2 a dosagem foi de 0,5g/kg.

O Grupo 1 e o Grupo 4 apresentaram alta infecção, devido ao não tratamento e a não eficácia do composto anti-helmíntico, respectivamente.

Os tratamentos com o farelo da semente de jerimum reduziram a carga parasitária dos animais, mostrando-se potenciais antiparasitários eficazes no tratamento das helmintoses gastrintestinais de avestruzes naturalmente infectados.