62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 1. Serviço Social Aplicado
DESAFIOS DAS TRANSFORMAÇÕES NA FAMÍLIA PARA AS POLÍTICAS SOCIAIS NA ERA DO CHAMADO CONSENSO PÓS-WASHINGTON
Micheli Reguss Doege 1
1. Universidade de Brasília
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa faz parte do projeto matriz intitulado "Desafios da Política Social na era do chamado Consenso Pós-Washington", financiado pelo CNPq e coordenado pela Professora Doutora Potyara A. P. Pereira no âmbito do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Política Social - NEPPOS/CEAM/UnB. A pesquisa procura aprofundar o conhecimento acerca da natureza do processo de transição da política social para um novo Consenso e sua relação com um conjunto de novas demandas e necessidades que não se resumem à sua dimensão econômica ou política, mas se referem a processos estruturais, como as transformações na família.
METODOLOGIA:
Toma-se como procedimento metodológico, a consulta a diferentes fontes documentais, produzidas por autores nacionais e internacionais e a fontes de informação referenciadas em livros, periódicos, jornais e revistas de divulgação cultural e científica. Foram ainda realizadas entrevistas com autores versados no tema e selecionadas matérias publicadas em veículos de comunicação de massa ou veiculadas em eventos científicos de interesse.
RESULTADOS:
Ao longo da história, apreende-se um importante papel assumido pela família: suporte ao Estado de Bem-Estar Social que vigorou na Europa desde 1945 até meados de 1970. Esta família, porém, se apresentava estável, baseada em um provedor masculino e um cuidador feminino que, em tempo integral, assistia os idosos, as crianças e os enfermos. O contrário do que se percebe na atualidade: a predominância das chamadas famílias atípicas ou incomuns, resultantes principalmente da queda da taxa de fecundidade, do declínio de casamentos oficiais e aumento nos casos de separação, (que vem desestruturando a família biparental tradicional e introduzindo novos arranjos familiares como coabitações consensuais, unipessoais e monoparentais); da alteração na organização e composição do grupo familiar, fazendo da família uma organização multifacetada representada por pessoas que vivem junto sem laços de casamento ou de sangue, pessoas que vivem sozinhas, casais sem filhos, mulheres sem cônjuge e com filhos, casais com filhos e solteiros com filhos que vivem com os pais; e da diminuição no número de mulheres com total dedicação às tarefas domésticas e à assistência familiar não remunerada. Assim, funcionando de forma autônoma e voluntária ao longo da história, a família agora não se vê mais desgarrada de uma direção política e cívica que comprometa o Estado com seu bem-estar, sendo, pelo contrário, considerada uma agência de bem-estar social que realiza responsabilidades antes pertencentes ao Estado, eleita fonte privilegiada de proteção social focalizada assentada numa visão economicista e racional pela ideologia neoliberal atual.
CONCLUSÃO:
Os estudos realizados propiciaram um aprofundamento do conhecimento acerca das transformações na família e suas implicações para a realidade política, econômica e social da sociedade brasileira atual. A partir da análise das concepções e práticas de proteção social adotadas no país e pelo exame dos princípios e diretrizes que fundam o paradigma neoliberal, baseando-se em uma leitura crítica do que decorre do Consenso de Washington, bem como do chamado Consenso Pós-Washington, evidencia-se na sociedade brasileira atual, uma tendência à responsabilização da família pela implementação das políticas sociais, em complemento ou mesmo substituição à função do Estado.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Palavras-chave: Política Social, Transformações na Família, Consenso pós-Washington.