62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 8. Economias Agrária e dos Recursos Naturais
PERIGOS E DIFICULDADES ENFRENTADOS PELOS COLETORES DE PUXURI (Licaria puchury-Major), NA AMAZÔNIA.
Rosilane Ramos Graça 1
Ilane Ramos Graça 2
Sandra Patrícia Zanotto 1
Helena Camarão Telles Ribeiro 1
Márcia Bananeira Castro e Silva 1
Ademir Castro e Silva 1
1. Universidade do Estado do Amazonas
2. Universidade Nilton Lins
INTRODUÇÃO:

A Licaria puxury-major, (Mart.) Kosterm. pertence ao gênero Licaria e à família  Lauraceae, é conhecida popularmente na Amazônia como puxuri. Suas sementes aromáticas são usadas na medicina folclórica como carminativas e estomáquicas no tratamento de insônia e irritabilidade de adultos e crianças (Mors e Rizzini, 1966; Pio Corrêa, 1931). Segundo Maia, 1973, cita que esta espécie ocorre na região amazônica, nas matas de Tabatinga, e se estende até ao Brasil Central. Após pesquisa realizada constatou-se que a maior ocorrência da planta nativa se da no Município de Borba, no Rio Mapiá em todos seus afluentes, e há também no Município de Silves prevalecendo o plantio (Graça, 2003). No Município de Borba são utilizadas todas as partes da árvore, principalmente a semente que é ralada na língua do pirarucu (nome da espécie), para o combate de todos os males do estômago. Nas comunidades, as folhas e os galhos substituem o café e as sementes são vendidas localmente. Atualmente no mercado não se conhece nenhum produto industrializado com atividade farmacológica ou medicinal feito com a planta. Por isso há necessidade de estudo a respeito da espécie para transformar o conhecimento cientifico em produtos que possam gerar renda para as comunidades. (Graça, 2003).

METODOLOGIA:
Foi realizada uma viagem ao município de Borba-Am, onde duas comunidades foram visitadas: "Cinco Irmão"  e "São Bento", e também o  rio Mapiá e seus afluentes: o Igarapé do Piaba e o igarapé do Querosene. Para a obtenção de informações concernentes ao período da safra, e as dificuldades encontradas durante a coleta da L. puchury-major foram efetuadas entrevistas com os coletores aplicando um questionário. Durante as visitas e entrevistas foram utilizados equipamentos tais como: máquina fotográfica, filmadora e gravador.Este trabalho teve como objetivo resgatar informações  junto as comunidades a respeito da espécie Amazônica Licaria puchury-major, para que este conhecimento seja difundido e valorizado perante às autoridades competentes no sentido de colaborar para melhor utilização desse recurso sustentável e orientar os coletores quanto aos riscos da coleta.     
RESULTADOS:

A época da colheita dos frutos é de dezembro a março que é um  período chuvoso e uma das dificuldades enfrentadas pelos coletores são as cobras diversas que se escondem nas "cacurutas" (amontoado de terras do próprio igapó formado 90%  por cauxi, que se acumula no pé das árvores). Outra dificuldade é a localização das árvores, pois habitam lugares de difícil acesso como: igapós, pântanos e cabeceiras de rios, por ser muito distante os coletores com seus familiares permanecem na floresta durante a época da safra morando em casas improvisadas denominadas "tapiris" e sofrendo intempéries locais. O único meio de transporte utilizado até o local é de canoa. Devido à altitude das árvores e pelo fato dos frutos não poderem ser apanhados porque murcham e perdem seu valor comercial, a maneira mais fácil é coletar durante o temporal quando caem mais frutos.. Outra forma é ficar o dia todo dentro d`água procurando os frutos que estão no fundo ou presos no "chavascal" ou entre os galhos das árvores que estão submersas, no entanto correm o risco de levar choque elétrico do peixe "puraquê"(Electrophorus electricus), como também cair árvores sobre os mesmos. É comum, encontrar árvores cobertas por teias de aranhas "caranguejeiras" e várias espécies de formigas. (GRAÇA, 2003).

CONCLUSÃO:

Conclui-se que há várias dificuldades enfrentadas pelos coletores, conforme observadas durante esta pesquisa, pode-se observar que os coletores passam a maior parte do tempo molhados pelas chuvas e permanecem muito tempo na água fria, por isso a maioria sofre de reumatismo. Além do temporal, risco de árvores caírem sobre os mesmos, como também choque de peixe elétrico, ataque de animais que habitam pântanos, picadas de insetos peçonhentos, etc.

Instituição de Fomento: FAPEAM
Palavras-chave: L. puchury-major, Atividade Anti-Formicida, Amazônia.