Introdução: Pretende-se refletir acerca de um processo de trabalho desenvolvido na metodologia da pesquisa com a produção monográfica nos cursos de graduação da Universidade Federal de Uberlândia, por intermédio das disciplinas Métodos e Técnicas de Pesquisa (MTP) e Metodologia Científica. Particularmente, objetiva-se sistematizar a estratégia de implantação de um recurso instrumental de intervenção, o sociodrama, como mecanismo de superação à resistência do corpo discente ao processo de produção monográfica. Desde o ano de 1985, ao ingressar na carreira do ensino superior, para ministrar as disciplinas metodológicas da pesquisa, implantou-se, de forma pioneira, a monografia como recurso de avaliação. Inicialmente, identificou-se uma resistência a produção monográfica. Apesar das dificuldades encontradas, manteve-se, por todo período (1985-2009), o sistema de avaliação monográfica como requisito de cursar a disciplina metodológica da pesquisa vinculada a prática docente nos cursos de graduação da UFU: Artes Plásticas, Artes Visuais, Geografia, Psicologia, Decoração, Música, Artes Cênicas, Ciências Sociais, Ciências Contábeis, Administração de Empresa, Economia, Direito, Psicologia, Filosofia,  Enfermagem e Letras.

Metodologia: Privilegia-se, nesta reflexão, a investigação experimental, sob o enfoque da teoria moreniana, na sua vertente sociodramática, articulada com a conscientização educacional de Paulo Freire, aplicadas as duas abordagens nas disciplinas metodológicas nos Cursos de Graduação da Universidade Federal de Uberlândia. Vale-se, também, a proposta de trabalho da pesquisa documental, que resgata o movimento histórico do que ocorreu nos registros do corpo discente das turmas dos diversos cursos de graduação. Além destas fontes, a experimental e a documental, a pesquisa apropria-se da sistematização do olhar do protagonista de quem implantou a proposta pioneira de produção monográfica. E, neste resgate histórico, aborda, fundamentalmente, a ação intervencionista frente à resistência do corpo discente à produção monográfica nos cursos de graduação da UFU.

Resultados e discussão: A abordagem do debate teórico acerca desta temática requer a sistematização em duas vertentes: a técnica e a emocional. Inicialmente, no primeiro aspecto, aborda-se, objetivamente, o processo de trabalho desenvolvido na disciplina metodológica com a conceituação da monografia e de como se estrutura o trabalho acadêmico. No segundo, a emocional, ataca-se, privilegiadamente, as vias de acesso ao problema (interno e externo) do que se pretende compreender. Aqui, a intenção é focar o mecanismo de bloqueio ao desenvolvimento da questão técnica, a produção monográfica. Ou seja, reside, no campo emocional, o canal de resistência ao processo do trabalho monográfico, pois existe uma mobilização ao processo de satisfação real ou imaginário provocado pela escolha do tema gerador do estudo acadêmico. Sistematiza-se, assim, a partir da concepção filosófica de Paulo Freire, desde a mobilização do tema gerador para a escolha do assunto até o processo de trabalho do estudo monográfico, o campo de compreensão do que se pretende fundamentar a reflexão. Em seguida, caracterizam-se a questão conceitual da "síndrome de burnout" e do papel de "bode expiatório" do professor, como mecanismos de defesa do emocional.  

Conclusão: Apresenta-se, na via técnica, a proposta metodológica da produção monográfica, com as suas especificidades que caracterizam a reflexão acadêmica. Na vertente emocional, expõem-se os fundamentos da proposta filosófica do trabalho e as fontes de tratamento teórico das vias de resistência ao enfrentamento da questão: a via interna (a síndrome de burnout) e a via externa (o papel de bode expiatório do professor). E a estratégia de intervenção, sob a ótica moreniana, frente à resistência do corpo discente à produção monográfica, com o objetivo de superação do bloqueio, pelo recurso de conscientização que a leitura sociodramática propicia ao processo de resistência: o aluno de graduação.  

Palavras-chaves: Tema gerador, conscientização, intervenção sociodramática.