A capacidade de infiltração do solo pode ser interrompida mediante as condições de degradação e compactação. Com respeito ao tema, estudos realizados por Reichardt (1990) com base em Dunne e Leopold (1978) indicam que a infiltração da água no solo envolve três processos distintos, assim definidos: 1) a entrada da água no topo do solo; 2) o armazenamento dentro do solo e, 3) a transmissão da água através do solo.

Sendo assim, a capacidade de infiltração do solo constitui um dos principais elementos da dinâmica hidrológica, responsável pela deflagração de processos erosivos, assoreamento de canais e movimentos de massa nas encostas.

Constituem-se como objetivos deste trabalho: a análise dos aspectos físicos e geomorfológicos, na deflagração e surgimento de formas erosivas do tipo voçoroca na Vila Buriti, bairro da cidade de Manaus (AM), a partir dos dados de mensuração da capacidade de infiltração sobre as seguintes superfícies: (A) superfícies sem crosta - soil surface without crust e (B) superfícies com crosta estrutural ou encrostadas -  with structural crust.

Os testes de infiltração foram aplicados em duas áreas distintas: (A) superfícies sem crostas e  (B) superfícies com crostas, selecionadas e identificadas por meio de testes nos ensaios de campo. A utilização do infiltrômetro de Hills, seguindo a metodologia proposta por Guerra (1996) e adaptada por Thomaz (2005), propiciaram o acompanhamento da dinâmica hidrológica da infiltração e sua relação com os processos erosivos.

Durante os testes foi realizado o seguinte procedimento: com o auxílio de um martelo o infiltrômetro de Hills, cilindro metálico de 15 cm de altura por 10 de diâmetro (15cm X 10cm), foi introduzido 5cm no solo, na parte interna do cilindro foi afixada uma régua graduada nos 10cm internos restantes do instrumento. Em seguida, despejou-se água dentro do infiltrômetro, marcando-se o tempo com um cronômetro e, registrou-se em caderneta de campo a profundidade da água, a cada cinco minutos na régua até chegar aos 60 minutos de experimento (GUERRA, 1996 apud THOMAZ, 2005).

A coleta dos dados possibilitou a composição de uma análise comparativa com base nos resultados obtidos a partir de dois testes de infiltração realizados cada um durante 60'. No primeiro teste, realizado em superfície sem crostas foi observado que a mensuração da quantidade de água infiltrada nos primeiros 15^' foi rápida, em seguida, manteve-se estável entre 20^' e 30^' e posteriormente retomou a velocidade de infiltração inicial. Deve-se ressaltar que próximo ao intervalo de tempo, representado por 25^' foram adicionados ao anel 800 ml de água. Fatores como fissuras internas dentro do solo, podem exercer influência direta na capacidade de infiltração, pelo fato das mensurações terem sido realizadas próximo às cabeceiras da voçoroca e em bordas instáveis.

Com relação às superfícies com crostas as interpretações dos valores aferidos demonstram que nos primeiros 05^' a infiltração foi rápida, e depois se manteve estável entre o intervalo de tempo representado de 10^' a 40^' posteriormente, entre 40' a 60' a infiltração foi moderada, apresentando valores de infiltração inferiores ao do primeiro teste, onde os dados de volume de água infiltrada (ml) foram relativamente baixos, quando comparados com os da área vegetada, ou seja, decorridos 60^' a taxa de infiltração na superfície com crostas, foi menor do que na área sem crostas.

Os dados obtidos, caracterizam indicadores para o reconhecimento de que superfícies compactadas por crostas, favorecem à geração de fluxos superficiais do tipo (runoff) e são  responsáveis pela deflagração de feições erosivas severas. Práticas corretivas e mitigadoras para a correção e restabelecimento da capacidade de infiltração do solo, são de extrema importância para impedir o avanço da erosão.