62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Gestão e Administração - 9. Gestão e Administração
GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES: UMA ANÁLISE DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE JÓIAS E FOLHEADOS DE JUAZEIRO DO NORTE/CEARÁ
Linara Ferreira Porto 1
Sarah Maria da Silva Gonçalves 1
Ives Romero Tavares do Nascimento 1
João Paulo Bezerra Nobre 1
Suely Salgueiro Chacon 2
1. Curso de Administração, Universidade Federal do Ceará - UFC/Campus Cariri
2. Profa. Dra/Orientadora - Universidade Federal do Ceará - UFC/Campus Cariri
INTRODUÇÃO:
Juazeiro do Norte é o município mais populoso do interior do Ceará e se destaca por seu centro comercial e religioso, além de deter o maior número de micro e pequenas empresas ligadas ao fabrico de jóias folheadas do estado. A intensa produção, que envolve não só as empresas, mas também alguns produtores artesanais, condicionou esses atores a se articularem buscando a melhora dos processos produtivos e alguns benefícios do Poder Público. Esta articulação, denominada Arranjo Produtivo Local (APL), já foi responsável por um dos maiores índices de fabricação de jóias e folheados do país e contribui significativamente para a economia da região. Contudo, essa mesma produção envolve o emprego de uma série de compostos químicos que, se não foram manuseados e armazenados de forma correta, pode conduzir a um processo de poluição do meio ambiente local. Apesar de existirem vários processos de gestão ambiental, nem todas as organizações atentam para este fator. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo investigar as questões relacionadas à gestão ambiental das empresas do APL de Jóias e Folheados de Juazeiro do Norte para apreender de que forma os resíduos químicos oriundos dos processos de produção são manuseados nestas organizações.
METODOLOGIA:
A pesquisa ocorreu no período de outubro a dezembro de 2007 em Juazeiro do Norte, caracterizou-se como exploratório-descritiva e utilizou informações de fontes secundárias e produção primária de dados. Quanto a estas primeiras, teve-se acesso a material bibliográfico sobre história da atividade produtiva de jóias na cidade, sobre a atual constituição do APL de Jóias e de banco de dados fabricantes de jóias cadastrados nas associações e nas empresas que vendem matérias-primas às mesmas. Já a produção de dados deu-se através da realização de entrevista semiestruturada com 38 fabricantes de jóias da cidade de Juazeiro do Norte, Ceará. A entrevista foi composta por questões objetivas e subjetivas distribuídas em seis seções: a) produto e processo; b) comercial; c) mão-de-obra; d) meio ambiente; e) associativismo; e f) materiais e fornecedores. Este trabalho apresenta os resultados relacionados às práticas de gestão ambiental realizadas pelas organizações do setor. Para a análise das perguntas abertas, dividiu-se as respostas por categorias para então organizá-las em variáveis. Em seguida, procedeu-se à tabulação das respostas de todas as questões no programa estatístico SPSS versão 15.0 para, assim, chegar aos resultados.
RESULTADOS:
Percebeu-se que parte considerável dos entrevistados (23,7%) armazena os resíduos produzidos. Um percentual de 23,7% trata os resíduos antes de descartá-los no meio ambiente. Outra parcela representativa de empresários (21,1%) afirmou que não há a produção de resíduos na fabricação de seus produtos. Para 10,5% o serviço de descarte dos materiais não utilizáveis é feito pelos responsáveis químicos. O recolhimento feito por outras organizações (5,3%), os resíduos comercializados (5,3%) e os que são colocados junto à coleta de lixo (2,6%) são os outros destinos mais comuns dos detritos da produção. Em relação ao local de descarte, 21,1% respondeu que se encontra na própria empresa, ao passo em que outros entrevistados (18,4%) responderam que desconhecem o local de descarte, uma vez que esta tarefa compete a terceiros. A unidade da SEMACE é o ponto de alocação dos resíduos para 10,5% dos empresários, enquanto que para 5,2% a incineração ou a dispensa no aterro sanitário representam o local de descarte. Contudo, um fato expressivo é que a maioria (42,1%) não sabe dizer onde são dispostos os rejeitos da produção. Assim, constatou-se que apesar de a maior parte do percentual dos produtores armazenar ou tratar os resíduos da produção, a maioria desconhece a destinação desses rejeitos.
CONCLUSÃO:
A partir desta pesquisa pode-se conhecer como se dá o processo de gestão ambiental dos resíduos químicos nas empresas do APL de Jóias de Juazeiro do Norte. Por se tratar de um processo altamente poluidor, embora seja igualmente rentável e que colabora significativamente para o crescimento econômico da cidade, trabalhos neste sentido são raros por discutirem questões cujas soluções impactam no processo produtivo e na própria cultura organizacional das empresas. Em relação ao manuseio de resíduos químicos, constatou-se que parte das empresas não se responsabiliza pelo descarte dos rejeitos, competindo esta atividade a terceiros. Em um processo de gestão ambiental que de fato contribua para a preservação do meio ambiental os empresários deveriam ter essa informação e, caso o descarte seja irregular, procurar meios ambientalmente corretos de alocação dos resíduos químicos. Neste caso caberia a proposição de um projeto de educação ambiental junto aos gestores das empresas do APL de Jóias.
Instituição de Fomento: SEBRAE/CE
Palavras-chave: Gestão Ambiental, Produção de Jóias em Juazeiro do Norte, Arranjo Produtivo Local.