62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 1. Entomologia e Malacologia de Parasitos e Vetores
CRIADOUROS-CHAVE DE Aedes aegypti EM ARACAJU, SERGIPE
Letícia Silva Marteis 1
Roseli La Corte dos Santos 1
1. Universidade Federal de Sergipe
INTRODUÇÃO:

Em 2008, Sergipe foi um dos estados brasileiros mais afetados com epidemia de Dengue: foram 34.803 casos suspeitos com 25.703 confirmações, sendo que 12.160 delas ocorreram no mês de abril. Em Aracaju, município sergipano endêmico para a doença, só no primeiro semestre de 2008, 10.362 casos de Dengue tiveram confirmação. Diante da ausência de vacina eficaz contra a doença, o combate ao vetor ainda é a forma mais eficaz de controle e prevenção da Dengue e, neste sentido, o Sistema de Informação Georreferenciada (SIG) constitui poderosa ferramenta para desenvolvimento de programas de prevenção e controle de doenças. Assim, este trabalho objetivou caracterizar a dinâmica da infestação por Aedes aegypti no bairro Porto Dantas, Aracaju - SE, através do mapeamento georreferenciado dos imóveis com foco do mosquito, para recomendação de medidas eficazes de controle e prevenção de nova epidemia da doença.

METODOLOGIA:

A pesquisa consistiu em três levantamentos entomológicos, realizados em épocas com diferentes níveis de precipitação, com visitas domiciliares para investigação e caracterização dos focos do culicídeo e mapeamento georreferenciado dos imóveis positivos para Aedes aegypti. Foram mapeados todos os imóveis positivos dos três levantamentos e os tipos de recipientes encontrados foram agrupados em três categorias: armazenamento, descartáveis e reutilizáveis. Para determinação dos criadouros-chave foram consideradas duas variáveis: freqüência nos levantamentos e presença de pupas. Para identificar os imóveis-chave considerou-se a presença de três ou mais criadouros do mosquito. A produção de mosquitos adultos foi determinada pela média de pupas e os indicadores de risco de transmissão da Dengue foram analisados a partir das variações nos índices de infestação preconizados pelo Ministério da Saúde.

RESULTADOS:

Os criadouros-chave encontravam-se distribuídos uniformemente por todo bairro e foram provenientes de recipientes destinados ao armazenamento de água, como tanques de lavar, caixas d'água e tonéis, sobrepujando os recipientes descartáveis e os reutilizáveis, embora os descartáveis ganhem importância na época chuvosa. Os criadouros-chave são recipientes de atenção especial nas medidas de controle e prevenção da Dengue na localidade. Além de produtivos, eles encontram-se distribuídos por todo o bairro e fazem parte da cultura local. A análise espacial revelou que mais importante que considerar a distribuição dos imóveis-chave é dar atenção à distribuição dos criadouros-chave. Os imóveis-chave não estão relacionados à produtividade de imaturos na localidade e encontram-se concentrados no início do bairro. Os criadouros-chave, porém, além de produtivos, espalham-se por toda área residencial. A redução na quantidade e freqüência de criadouros e nos índices larvários ao longo dos levantamentos não implica em isenção de risco de transmissão da Dengue, pois ainda há grande oferta de recipientes com potencial para se tornarem novos focos de Aedes aegypti.

CONCLUSÃO:

Constatou-se a necessidade de direcionar medidas de controle para os criadouros-chave e estabelecer campanhas educativas que influenciem os hábitos de armazenamento de água da população, uma vez que estes determinam a presença de criadouros produtivos independente de fatores ambientais como a precipitação. Além disso, os criadouros-chave contribuem para que o bairro se mantenha em estado de alerta quanto ao risco de Dengue mesmo com a redução na infestação pelo vetor e a produção atual de mosquitos adultos, associada à grande oferta de recipientes pode ser suficiente para recolonizar a área e contribuir para nova epidemia de Dengue na localidade.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Aedes aegypti, Criadouros-chave, Distribuição espacial.