62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 5. Micologia
LEVANTAMENTO DOS PRINCIPAIS TIPOS DE MADEIRAS COMERCIAS AFETADOS PELA AÇÃO DE DIFERENTES BASIDIOMICETOS, NAS SERRARIAS DO MUNICÍPIO DE PARINTINS/AM.
Cynara da Cruz Carmo 1
Ademir Castro e Silva 2
Leonor Alves 1
Andrey Azedo Damasceno 2
Elcilene Belém da silva 2
Welington Rodrigues Paiva 2
1. Universidade Federal do Amazonas/UFAM
2. Universidade do Estado do Amazonas/UEA
INTRODUÇÃO:
Dentre as muitas espécies amazônicas que podem e devem gerar insumos para utilização industrial, encontram-se os fungos. Alguns fungos produzem enzimas extracelulares que oxidam compostos fenólicos relacionados à lignina e são particularmente úteis na bioconversão da madeira, como por exemplo, no pré-tratamento biológico de cavacos  na indústria de papel e celulose (Castro e Silva, 2002; Boominathan & Reddy, 1992). Um dos grandes problemas de todos os tempos tem sido o ataque de fungos à madeira, uma vez que a madeira em virtude de sua estrutura e composição química  é suscetível as ações de organismos xilófagos principalmente os pertencentes à classe dos basidiomicetos onde se inserem os gêneros Polyporus e Trametes,  basidiomicetos típicos da Amazônia, que atuam na decomposição primária da madeira, sendo assim, os causadores da podridão branca, provocando grande prejuízo comercial para madeireiras, serrarias, movelarias e etc. Portanto, o presente desenvolveu estudos sobre a  identificação dos tipos de madeira comercial, afetados pela ação de diferentes basidiomicetos, nas serrarias da cidade de Parintins/Am, e os resultados oriundos se revestem como de grande importância para fortalecer a importância e aplicação da biotecnologia em nosso Estado.
METODOLOGIA:
As linhagens fungicas  foram  coletadas nas serrarias de Parintins/Am.  A inoculação  ocorreu em triplicatas, usando  meio Agar Sabourand 4% e meio BDA, acrescidos de ampicilina 500mg, utilizando-se glicose/ dextrose como principal fonte de carbono e mantidos em temperatura ambiente, em torno de 28°C-31°C. Para medir o crescimento fungico foi realizada mensuração diária para cada meio de cultura a intervalo regular de 24h, durante sete dias após crescimento micelial. Com o intuito de verificar as condições do  substrato natural do fungo, foram coletadas 3 amostras diferentes para cada tipo de madeira afetado pelo fungo. As amostras tinham em média 20 cm e foram armazenadas em sacos de papel e encaminhadas para o laboratório, para determinação de pH. Segundo metodologia proposta por Castro e Silva 2002, usando o peagâmetro foi verificado se o pH da água destilada e desionizada era neutro, em seguida foi colocada a madeira em cubos ou masserada em três copos de Becker e acrescentado em cada Becker 100mL de água destilada (com pH neutro), após um repouso de cerca de duas horas foi verificado o pH da água. Após aguardar um repouso de cerca de duas horas foi verificado novamente a escala de pH. O valor final foi o  pH da última amostra medida.
RESULTADOS:
Entre as espécies de madeira atingidas pela ação de basidiomicetos coletadas com mais freqüência nas serrarias de Parintins/Am destacaram-se a Macacaúba (Platymiscium) e Muiracatiara (Astronium lecointei Duck). A análise das condições da madeira mostrou que o pH se encontra na faixa de 4,5 a 4,8 e a temperatura em torno de 300 C, sendo o pH dos meios testados ajustados para a faixa de 4 a 6 e a temperatura 28 a 320 C. Entre os basidiomicetos encontrados com maior freqüência destacaram-se dois gêneros,  Polyporus e Trametes. Em meio Sabourand,  o aparecimento do micélio foi observado 24h após a inoculação, em ambos os gêneros. O maior avanço no crescimento foi obtido a partir do segundo dia, e a melhor média obtida no terceiro dia, para Polyporus e segundo dia para Trametes. O micélio de Polyporus é aveludado, esbranquiçado, levemente elevado, com hifas ramificadas, enquanto Trametes é aveludado, esbranquiçado e ralo. A pigmentação começou no 2º dia, para Trametes, apresentando-se regular, com grânulos marrom claro. Já Polyporus teve início no 1º dia, com grânulos esbranquiçados. Em meio BDA, o aparecimento de micélio foi observado nas primeiras 24h. O crescimento em diferentes gêneros, foi observado a partir do terceiro dia. A pigmentação ocorreu de forma semelhante ao meio Sabourand.
CONCLUSÃO:
As madeiras comerciais mais afetadas pela ação de basidiomicetos encontradas nas serrarias de Parintins/Am foram a Macacaúba (Platymiscium) e Muiracatiara (Astronium lecointei Duck). Os basidiomicetos encontrados com maior freqüência nas toras de madeira coletadas nas serrarias de Parintins/Am, pertencem aos gêneros Polyporus e Trametes. Na análise das condições de crescimento em laboratório, o maior avanço no crescimento foi obtido a partir do segundo dia, e a melhor média obtida no terceiro dia     para Polyporus e segundo dia para Trametes. O crescimento dos fungos em meio Sabourand, foi melhor visualizado nos três primeiros dias após a inoculação, ocorrendo resultados semelhantes também em meio BDA. O resultado  demonstra que as condições ótimos obtidas para ambos os gêneros são muito semelhantes às condições de seus substratos naturais, a madeira, mostrando também a afinidade dos fungos estudados, tanto para meio Sabourand, quanto para BDA.
Instituição de Fomento: FAPEAM
Palavras-chave: Fungos, Madeiras, Serrarias.