62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 1. Serviço Social Aplicado
SERVIÇO SOCIAL E RELIGIÃO: COMPARAÇÃO DO PERFIL SOCIO-RELIGIOSO DOS ESTUDANTES INGRESSANTES E CONCLUINTES DO CURSO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ EM 2009.
Gleidson Alves Pantoja 1
Heliana Baia Evelin 1
1. Universidade Federal do Pará
INTRODUÇÃO:
Este trabalho se propõe analisar a presença da religião no Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Pará, buscando identificar no processo de formação acadêmica do profissional de Serviço Social indícios/provas da relação da profissão com a religião de um modo geral e especifico que possam influir através da categoria mediação e outros instrumentais do Serviço Social na pratica cotidiana da Profissão. Bem como detectar se há uma cultura de negação da identidade no Serviço Social em relação aos vínculos da profissão com a questão religiosa. Contribuir para a produção teórica sobre relações religiosas em Belém do Pará, em especial as religiões católica, evangélica e candomblé. Saber o que os alunos ingressantes e concluintes do curso de Serviço Social da Universidade Federal do Pará, pensam sobre a profissão e se o julgamento que fazem tem algum grau de relação com a religião, quais fatores contribuíram para a formação de suas opiniões acerca da atuação do Serviço Social. O estudo remete: a um conjunto de fatores que envolvem a relação religião/sociedade e se evidenciam com a: "crença na garantia sobrenatural de salvação, e técnicas destinadas a obter e conservar essa garantia" (Abbagnano, 2000), crenças e técnicas das religiões católica, evangélica e candomblé.
METODOLOGIA:
Foram aplicados 85 questionários a alunos ingressantes (65) e concluintes (20) do curso de Serviço Social/UFPA. Que constam de identificação dos dados referentes à faixa etária, cor, local de nascimento, local de moradia, grau de instrução dos pais, motivo de escolha do curso de Serviço Social, religião, noções sobre o candomblé e a umbanda. O estudo sistematizou bibliografia relacionada ao tema, análise crítica do material coletado nas leituras e elaboração de textos para apresentação em eventos científicos.
RESULTADOS:
Foi possível inferir que todos os ingressantes moram em Belém ou região metropolitana, Enquanto que entre os concluintes 5% moram no interior. A maioria (77,69%) nasceu em Belém; possui a faixa etária de 17 a 20 anos (69,23%); se auto declara de cor Parda (61,53%) e possui mãe com escolaridade até o ensino médio (55,38%). Em relação à religião 55,38% são católicos; 26,15% são evangélicos e 4,61% ateus. Quando interrogados sobre o que entendem por religião, a maioria diz ser uma crença em seres superiores; um conjunto de doutrinas, dogmas e práticas que um determinado grupo resolve seguir. Ou ainda uma instituição ou entidade ligada a um ser sobrenatural. Verificou-se que 83,75% citam o catolicismo como religião; 49,23% o protestantismo. O candomblé e a umbanda aparecem com 35,38% e 32,37% respectivamente. 83,75% dizem que sua opção religiosa não influenciou na escolha do curso; enquanto que 16,92% dizem que sim. 87,69% nunca freqüentaram um terreiro de umbanda ou candomblé, enquanto que 12,37% já freqüentaram. Entre os concluintes 5% moram no interior. A maioria (75%) tem entre 22 e 25 anos, se auto declara de cor parda (60%), e possui mãe com escolaridade até o ensino fundamental (45%). 75% são católicos e 15% evangélicos, 5% não declararam. A maioria (55%) entende religião como orientação espiritual, estado de espírito, crença em dogmas, doutrinas, princípios e valores morais. 95% citam o catolicismo como religião, 90% o protestantismo, a umbanda e o candomblé somam 60%. Todos dizem que sua religião não influenciou na escolha do curso. Os que já freqüentaram terreiro de umbanda ou candomblé somam 35%, os que nunca freqüentaram 65%.
CONCLUSÃO:
A pesquisa constata a forte presença da religião entre os alunos, indicando a relevância de se dar continuidade ao trabalho de forma a contribuir para a construção teórica na área da cultura. Enquanto dentre os ingressantes encontramos um considerável percentual (16,92%) dos que escolheram o curso por influência religiosa, nenhum dentre os concluintes se diz influenciado, o que nos leva a inferir uma possível mudança ao longo da formação acadêmica e nos leva a deduzir que há um elemento reforçador cultura de negação da identidade religiosa no Serviço Social. Ademais nos permite refletir o agir profissional do Assistente Social no atendimento a indivíduos de religiões como o candomblé que historicamente sofre preconceito, uma vez que a maioria dos entrevistados tem vínculos e, portanto, formação religiosa cristã. Encontrou-se ainda uma grande pluralidade religiosa e de pensamentos místicos que evidenciaram a busca pelo respeito a liberdade religiosa como um direito constitucional.
Instituição de Fomento: Universidade Federal do Pará
Palavras-chave: Serviço Social, Religião, cultura, sociedade..