62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada
PERFIL DE SUSCEPTIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS DE Staphylococcus haemolyticus RESISTENTES À METICILINA ISOLADOS DE HOSPITAIS DA CIDADE DO NATAL-RN
Jannyce Guedes da Costa 1
Leonardo de Albuquerque Dantas 1
Thiago André Cidral 1
Eutália Elizabeth Novaes Ferreira da Silva 1
Maria José de Britto Costa Fernandes 1
Maria Celeste Nunes de Melo 2
1. Departamento de Microbiologia e Parasitologia, UFRN
2. Profa. Dra./ Orientadora - Departamento de Microbiologia e Parasitologia, UFRN
INTRODUÇÃO:
Embora, os estafilococos coagulase negativos (ECN) sejam comumente encontrados colonizando a pele e as mucosas de indivíduos sadios, sua importância como patógeno nosocomial deve-se ao aumento do uso de cateteres e próteses em pacientes imunocomprometidos. Esses microrganismos são, atualmente, os segundos mais isolados em hemoculturas dos hospitais do Brasil, de acordo com o Programa de Vigilância Epidemilógica SENTRY. Entre os ECN, os Staphylococcus haemolyticus destacam-se pela patogenicidade, resistência a antibióticos e por ser a segunda espécie mais isolada. Na rotina laboratorial, a identificação do gênero Staphylococcus limita-se a separação da espécie S. aureus dos não-S. aureus, fazendo com que isolados de S. haemolyticus não sejam reportados. Sabendo-se que a resistência à meticilina é indicativa que a amostra não seja inibida por nenhum beta lactâmico e sugestiva de um padrão de resistência múltipla a outras classes de antimicrobianos como quinolonas, aminoglicosídeos, tetraciclina e macrolídeos esteja presente, deve-se acrescentar ao antibiograma essas classes de antibióticos. Assim, esse estudo tem como objetivo analisar o perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos de S. haemolyticus resistentes à meticilina isolados de hospitais da cidade do Natal-RN.
METODOLOGIA:
As amostras desse estudo foram isoladas de hospitais da cidade do Natal-RN entre 2004 e 2006 e conservadas em glicerol a vinte graus negativos no Laboratório de Bacteriologia Médica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Para confirmar o gênero Staphylococcus foram realizados os teste de rotina: coloração de Gram, catalase e coagulase livre. A identificação ao nível de espécie foi obtida através dos testes de sensibilidade a novobiocina e a polimixina B e das provas bioquímicas de assimilação de açúcares, segundo Kloss e Bannerman 2001. A resistência à meticilina foi observada através da sensibilidade à oxacilina (1ug) e cefoxitina (30ug) pelo teste de disco difusão em ágar (CLSI, 2009). Os outros antibióticos testados foram: gentamicina, clindamicina, nitrofurantoína, sulfametoxazol+trimetoprim, eritromicina, tetraciclina, rifampicina, amicacina, clorafenincol, imipenem, ciprofloxacina. O método de aproximação dos discos de eritromicina e clindamicina concomitante ao antibiograma para avaliar a resistência induzida à clindamicina também foi realizado (CLSI, 2009).
RESULTADOS:
Foram analisadas nesse estudo 32 amostras de ECN e, dentre estas, seis foram identificadas como Staphylococcus haemolyticus resistentes à oxacilina das quais: duas foram isoladas da ponta de cateter venoso, duas de secreções, uma de urina e uma de sangue. Em geral, os microrganismos alcançam a corrente sanguínea através de dispositivos de acesso vascular infectados, fato que justifica a importância de se isolar S. haemolyticus em outros espécimes, como ponta de cateter. A amostra de sangue foi a que apresentou maior perfil de resistência equivalente a sete drogas. Cinco amostras foram resistentes a eritromicina e a ciprofloxacina, enquanto que, para rifampicina e imipenem, todas as seis foram sensíveis. Não foi observada resistência induzida a clindamicina pelo disco de aproximação. A alta susceptibilidade dos S. haemolyticus resistentes à oxacilina desse estudo sugere que as amostras possuam o SCCmec tipo IV, cassete cromossômico estafilocócico que confere resistência a todos os beta-lactâmicos e alta susceptibilidade aos não beta-lactâmicos. Amostras pertencentes ao SCCmec tipo IV, com resistência a eritromicina, clindamicina, gentamicina e ciprofloxacina, como a amostra de sangue, pode ser indicativo de uma alta habilidade desses isolados em adquirir  genes multirresistentes.
CONCLUSÃO:

- Diante da importância da espécie Staphylococcus haemolyticus como patógeno nosocomial torna-se necessária a sua identificação na rotina laboratorial;

- O uso racional de antibióticos e medidas de controle da disseminação de cepas resistentes são importantes para evitar o surgimento de prováveis surtos de infecção no ambiente hospitalar.
Palavras-chave: Staphylococcus haemolyticus, Resistência à Meticilina , Patógeno nosocomial .