62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
ASSOCIAÇÃO ENTRE NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL E INDÍCIOS DE TRANSTORNOS ALIMENTARES EM USUÁRIAS E PROFISSIONAIS DO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Marília Cordeiro Vasconcelos 1
Luane Sales de Jesus 1
Gilmar Mercês de Jesus 1
Rogério Tosta de Almeida 1, 2
1. Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atividade Física e Saúde (NEPAFIS) - UEFS
2. Orientador
INTRODUÇÃO:
A imagem corporal é de fundamental importância para muitas pessoas, especialmente mulheres, devido ao estereótipo de magreza que é adotado pela sociedade hoje. Isso tem levado as pessoas a um medo mórbido de engordar, resultando em desequilíbrios da conduta alimentar, potencializando assim, o desenvolvimento de transtornos alimentares como a anorexia e a bulimia nervosa. Essa idealização pelo corpo perfeito não leva apenas a mudança nos hábitos alimentares, mas também na prática de atividade física. Parece existir certa tendência destas pessoas pela escolha de exercícios extenuantes, desconsiderando a importante relação entre volume e intensidade da atividade física e controle alimentar, contrariando muitas vezes, os próprios limites do seu corpo, trazendo prejuízos físicos, sociais e psiquiátricos (ASSUNÇÃO, CORDÁS e ARAÚJO, 2002). Desta forma, o objetivo deste estudo foi verificar a associação entre o nível habitual de atividade física e indícios de transtornos alimentares em usuárias e profissionais do Programa Saúde da Família (PSF).
METODOLOGIA:
Estudo transversal realizado com uma amostra selecionada por conveniência de 102 mulheres (20 a 59 anos de idade), profissionais e usuárias do Programa Saúde da Família de Feira de Santana, Bahia. Os dados foram coletados em 16 das 23 Unidades de Saúde da Família vinculadas ao Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Variável dependente: Indícios de Transtornos Alimentares, avaliados pelo Teste de Atitudes Alimentares (EAT-26), adotando-se o ponto de corte ≥20 pontos. Variável independente: Nível habitual de atividade física, avaliado com a utilização do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), versão curta, classificado em nível adequado de atividade física habitual (ativo/muito ativo) e baixo nível de atividade física habitual (irregularmente ativo/sedentário). A análise dos dados foi feita utilizando-se o software SPSS versão 10.0. Foi adotada a prevalência como medida de ocorrência e a Razão de Prevalência (RP) com seus intervalos de confiança (IC) a 95% como medida de associação. A significância estatística foi observada através do teste qui-quadrado (p≤ 0,05). O estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da UEFS, com protocolo de número 135/2009.
RESULTADOS:
Entre as pesquisadas, 15,7% apresentaram indícios de transtornos alimentares. Quanto ao nível habitual de atividade física (NHAF), 30,7% apresentaram baixo nível de atividade física habitual. Na análise bivariada, aquelas que demonstraram indícios de transtornos alimentares, apresentaram níveis mais adequados de atividade física habitual (ativo/muito ativo) quando comparadas com as de baixo nível de atividade física, 17,1% vs 12,9% (RP=1,33; IC95%: 0,47-3,80, p=0,59). Entretanto, estas diferenças não foram estatisticamente significantes. Apesar de não existir consenso na literatura, sobre os métodos e termos para melhor caracterizar a prática excessiva de atividade física (TEIXEIRA et al, 2009), alguns estudos tem apontado que indivíduos com transtornos alimentares utilizam a prática de atividade física excessiva, como comportamento voltado para controle de peso (ASSUNÇÃO; CORDÁS e ARAÚJO, 2002, MOND et al, 2006). Por outro lado, estudos têm evidenciado que a prática de exercícios físicos, orientada e supervisionada, pode ser benéfica durante o tratamento de pacientes com transtornos alimentares (VIEIRA; PORCU e ROCHA, 2007, VIEIRA; PORCU e BUZZO, 2009).
CONCLUSÃO:
A atividade física excessiva é um comportamento frequente entre indivíduos com transtornos alimentares. Este padrão excessivo é motivo de preocupação, uma vez que pode acarretar prejuízos psicológicos, sociais e físicos. Novas pesquisas e instrumentos são necessários para quantificar de forma mais precisa o nível de atividade física dessas pessoas e melhor entender a relação entre atividade física e transtornos alimentares.
Palavras-chave: Transtornos alimentares, Exercício físico, Mulheres.