62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 2. Oceanografia Física
AVALIAÇÃO DA ESTRATIFICAÇÃO DO ESTUÁRIO DO RIO JAGUARIBE, CE.
Felipe Facó Frota 1
Bárbara Pereira Paiva 1
Pedro Paulo de Freitas 1
Francisco Bruno Moreira Carmo 1
Carlos Augusto França Schettini 1
1. Universidade Federal do Ceará/UFC, Instituto de Ciências do Mar/LABOMAR
INTRODUÇÃO:
Os estuários são ambientes de transição entre o continente e o oceano, tendo grande importância biológica devido a sua alta concentração de nutrientes, que favorece uma alta produtividade primária. Além disso, esses ecossistemas são indicadores da influência da atividade econômica humana (construção de portos, carcinicultura, entre outros). Seus processos físicos naturais envolvem a mistura entre as massas de água doce, de origem fluvial, e salgada, do mar adjacente, caracterizando-os como corpos de água com intensos gradientes físicos. O Rio Jaguaribe apresenta área de drenagem de 75.670 km2, sendo o maior e mais importante rio do Ceará, com vazão média é de 57 m3s-1. Sua nascente é na Serra da Joaninha, município de Tauá, Ce, desaguando no Oceano Atlântico na cidade de Fortim, Ce, percorrendo uma extensão 633 km. O objetivo deste trabalho é descrever a estratificação do estuário do rio Jaguaribe a partir de dados hidrográficos obtidos durante um fundeio. Estudos de oceanografia física de estuários no semi-árido são ainda muito escassos, sendo este uma contribuição neste sentido.
METODOLOGIA:
Foi realizada uma campanha hidrográfica no estuário do rio Jaguaribe entre os dias 24 e 26 de novembro de 2009, abrangendo três ciclos completos de maré semi-diurna (trinta e sete horas) em condições de maré de quadratura. Dados de salinidade, temperatura e pressão foram obtidos através de um fundeio de três sondas tipo CTD modelo DIVER da marca Van Essen, nivelados em superfície, meia-água e próximo ao fundo, programados para coletar dados em intervalos de 10 minutos. As sondas de superfície e de meia-água ficaram suspensas a partir de uma bóia, enquanto que a sonda de fundo foi fixada à poita. O fundeio foi no talvegue da seção transversal a 9 km à montante da desembocadura, em profundidade de 6 m. Os dados de pressão registrados pela sonda de fundo foram utilizados para indicar a variação da maré. As sondas foram calibradas tendo como referência uma sonda CTD marca SAIV modelo SD-204. Foi utilizado o programa MATLAB para estabelecer as equações de adequação dos parâmetros de calibração. O parâmetro de estratificação foi calculado, a partir dos dados do fundeio, resultado da razão entre a diferença da salinidade do fundo pela da superfície, e a média aritmética das salinidades nos três níveis.
RESULTADOS:
A variação do nível da água foi simétrica entre os ciclos de maré, com altura de 1,24 m. A salinidade média geral foi de 11,4, e sua variação acompanhou os ciclos de maré. A salinidade média no fundo, meio e superfície foi de 13,1, 11,4 e 9,7, respectivamente. Os dados apresentaram inversão durante a preamar, quando a medida da salinidade na superfície se torna maior que as coletadas no meio e no fundo do rio. Esta inversão pode ser ocasionada por uma corrente lateral ou por uma feição morfológica do fundo do estuário. A análise dos dados também permitiu caracterizar a estratificação do estuário do Rio Jaguaribe, observando-se que ocorre maior estratificação no período de maré de vazante e maior homogeneidade no período de maré de enchente. Essa classificação é definida através do coeficiente de estratificação, cujo valor máximo foi de 1,34 (baixa-mar) e o valor mínimo foi de -0,04 (preamar).
CONCLUSÃO:
Tomando como base os dados da estrutura salina do estuário, identificou-se uma grande variação de salinidade, da ordem de 16 unidades, ao longo dos três ciclos de maré. Os valores mínimos e máximos de salinidade obtidos foram, respectivamente, 1,8 e 17,4 para a superfície, 3,0 e 19,7 para a meia-água, e, por fim, 5,5 e 20,0 para o fundo. Esta variação foi relativamente simétrica ao longo de cada ciclo. Foi possível também caracterizar o comportamento do estuário do Rio Jaguaribe em relação à estratificação, sendo homogêneo na maré de enchente e altamente estratificado na maré de vazante.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq/INCT-Transferências de Materiais na Interface Continente Oceano
Palavras-chave: Hidrodinâmica, Hidrografia, Circulação.