62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
ESTUDOS SOBRE AS ESTRATÉGIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DO ALUNO SURDO
Thanis Gracie Borges Queiroz 1, 2
Anna Maria Canavarro Benite 1, 2
1. Mestrado em Educação em Ciências e Matemática - UFG
2. Laboratório de Pesquisas em Educação Química e Inclusão - LPEQI, IQ - UFG
INTRODUÇÃO:
Percebe-se que o fracasso escolar do aluno surdo está na forma de como é conduzido a aprendizagem dos conteúdos, considerando a prática pedagógica muitas vezes inadequada. Dessa maneira, a abordagem bilíngue envolve uma reestruturação na maneira de encarar a língua e a cultura surda, e essa reestruturação afetará a visão do processo educacional, a postura dos professores ouvintes frente ao aluno surdo, a redefinição dos objetivos e estratégias, ou seja, os surdos têm direito a uma educação plena e significativa. Os professores e profissionais desconhecem a língua de sinais e essas condições bilíngues do surdo, razão pela qual os professores tendem a considerarem-se despreparados para atuar com essa população. Destaca-se então, a necessidade de metodologias apropriadas para o ensino dos conteúdos para surdos e assim possibilitar a esses alunos bom nível de desempenho social, político, emocional e cultural, uma vez que o aprendizado se processa por meio de metodologias próprias de ensino de acordo com o potencial de cada um. Com objetivo de reconhecer essas estratégias de ensino e aprendizagem utilizadas pelos docentes de alunos surdos em uma instituição de ensino especial da cidade de Goiânia configurou-se esse estudo.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado com professores de uma instituição de ensino especial da cidade de Goiânia, que adota como filosofia educacional para surdos o bilinguismo. O questionário, com perguntas aberta e fechadas, foi o instrumento utilizado para coleta de dados, além da análise do projeto político pedagógico da instituição. Ao analisar as características gerais dos participantes verificou-se que predominou o sexo feminino e a idade variou de 25 a 51 anos. Do total, 78% tinham mais de 10 anos de experiência no magistério, entretanto, desse mesmo total, apenas 34% possuíam mais de 10 anos de experiência na educação de surdos. Dentre os participantes, cinco docentes atuam na Primeira Fase do Ensino Fundamental e três na Educação de Jovens e Adultos (EJA), enquanto que uma professora atua em ambos os níveis escolares citados. Caracteriza-se como pesquisa participante com um enfoque de investigação social por meio do qual se busca a participação da comunidade na análise de sua própria realidade, promovendo ações coletivas para o benefício da comunidade escolar.
RESULTADOS:
Os participantes relataram as estratégias de ensino e aprendizagem que consideram adequadas e as que não são apropriadas na compreensão dos conteúdos pelos alunos surdos. Destacando àquelas rotuladas como adequadas estão os passeios e visitas, o uso da informática, livros didáticos incluindo uma versão do livro todo interpretado em Libras, uso da Libras mesmo que interpretada por terceiros, e principalmente os estímulos visuais. Dentre as estratégias consideradas difíceis elencaram a exposição oral das aulas e a falta de intérpretes, o professor desconhecer que a L1 dos surdos é a Libras, a falta de recursos visuais, os conteúdos se apresentarem descontextualizados do cotidiano do aluno ou ainda serem considerados, pelos professores, complexos. Sobre a confecção dos planos de aulas realizados pelos próprios docentes sem qualquer auxílio de outros profissionais, tão pouco subsidiados por materiais teóricos e práticos, foram constatados que eles acreditam que há necessidade de simplificar o conteúdo para que ocorra a aprendizagem desses alunos precisando ter criatividade para tal. Diante disso devemos alertar que essa simplificação do currículo pode se tornar uma privação dos conhecimentos que qualquer aluno tem por direito dentro de uma instituição escolar.
CONCLUSÃO:
Os professores precisam compreender que os percursos de acesso aos conhecimentos é que devem ser alterados e adequados para uma realidade linguística e de noções de mundo que constituem esses alunos surdos. Se o professor limita a aprendizagem do surdo ou não respeita o seu conhecimento pré-estabelecido, estará aniquilando as possibilidades de desenvolvimento que a aprendizagem pode promover a esse indivíduo, porque a aprendizagem e desenvolvimento estão ligados e deve a cada dia mais, proporcionar o desenvolvimento cognitivo, respeitando a individualidade e limitação de cada um. Desta maneira, é preciso se atentar para as estratégias de ensino que permitam a comunicação e a compreensão dos conteúdos envolvidos com as especificidades deste grupo social. A formação continuada com ações de capacitação dos profissionais é de extrema necessidade enfocando as metodologias e estratégias de ensino para surdos, priorizando os aspectos visuais em detrimento dos auditivos desassociando a imagem estereotipada de que esses alunos não aprendem ou possuem elaborações conceituais rudimentares. Interessante capacitá-los também no âmbito da conceituação da surdez, da história da educação dos surdos e da própria língua de sinais, na busca de uma aproximação com esses sujeitos surdos.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás - FAPEG
Palavras-chave: Surdo, Estratégia de Ensino, Aprendizagem.