62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
OS JOVENS DO PROJOVEM URBANO: CONSIDERAÇÕES SOBRE PERFIS, EDUCAÇÃO E TRABALHO
Juliana Pereira da Silva 1
Leonor de Campos Dias 2
Maria Emilia Barrios Rodriguês 3
Eliane Ribeiro Andrade 4
1. PPGEd, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO
2. Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
3. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ
4. Prof.ª Dra./ Orientadora - Programa de Pós Graduação em Educação - UNIRIO
INTRODUÇÃO:
O objetivo deste trabalho é delinear e refletir sobre o perfil dos alunos do ProJovem Urbano, oriundos das primeiras turmas organizadas no Brasil, bem como analisar aspectos relacionados às trajetórias escolares, expectativas destes jovens quanto ao programa, e contribuições do mesmo em suas vidas. O ProJovem Urbano (Programa Nacional de Inclusão de Jovens) é uma ação do governo federal cujas as principais finalidades são: a elevação da escolaridade, a formação para o mundo do trabalho e o desenvolvimento de atividades de caráter comunitário; destinado a jovens de 18 a 29 anos, alfabetizados, que não concluíram o Ensino Fundamental. No âmbito macro social, o programa integra a Política Nacional de Juventude, em conjunto com a criação da Secretaria Nacional de Juventude e do Conselho Nacional de Juventude, desde 2005. A análise do perfil dos jovens em relação as suas trajetórias e expectativas pode contribuir para o debate contemporâneo sobre PPJs (políticas públicas de juventude).
METODOLOGIA:
O presente estudo realizou-se a partir do documento Perfil dos alunos do ProJovem Urbano: um estudo a partir do Survey 1 - 1ª entrada, resultado da análise de dados quantitativos, coletados através de pesquisa survey aplicada em 25 municípios de 11 estados, das cinco regiões do Brasil: Amapá, Pará, Maranhão, Ceará, Pernambuco, Bahia, Goiás, Mato Grasso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. A pesquisa abarcou cerca de 72 mil jovens matriculados nas primeiras turmas do programa e ocorreu em novembro de 2008, quando da realização da avaliação diagnóstica dos alunos. Os questionários foram respondidos de forma auto-aplicável, apresentando questões de múltipla escolha. Os dados foram agrupados em sete blocos: i) Identificação; ii) Família; iii) Bens e Infra-estrutura; iv) Voto e Espaços de Participação Social; v) Escolaridade; vi) Trabalho e Renda; vii) ProJovem. Para fins deste trabalho, optou-se por um recorte sobre os itens i; v; vi e vii. A pesquisa foi realizada pelo POPE - Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas do Programa em Pós-graduação em Educação da UNIRIO, a partir do banco de dados gerado pelo CAED, da UFJF.
RESULTADOS:
Os dados relacionados à identificação dos jovens matriculados nas primeiras turmas do programa indicam que boa parte dos alunos do ProJovem Urbano pertence ao sexo feminino, somando 64,4%. No que se refere à faixa etária, 38% do público tem 25 anos ou mais. Os jovens se declaram, majoritariamente, negros (23,3%) e pardos (49,5%). No que tange a escolaridade, 53% deu inicio a vida escolar aos 6 anos ou menos, 26,3% com 7 anos e 7,7 com 8 anos. Dos respondentes, 25% concluíram a 7ª série, 21,9% a 6ª, 24,4% a 5ª e 18,7 a 4ª série. Os dados sobre trabalho e renda apontam uma inserção precária no mercado, visto os 90% dos jovens que informaram receber até 1 salário mínimo no último trabalho remunerado. Destes, 64,7% ganhavam até ½ salário mínimo, e 26,9% até 1 salário. No que se refere às expectativas, os jovens (40,8%) apontam que qualificar-se para arrumar ou manter o emprego é o principal motivo de inscrição no programa. Além disso, obter o diploma do Ensino Fundamental em 1 ano é o segundo motivo mais citado (27,5%). No entanto, quando analisados os dados sobre as contribuições do programa a vida dos jovens, revela-se que 45,3% vislumbra no ProJovem Urbano a possibilidade de continuar os estudos, 27,3% conseguir um emprego e 9,2% melhorar a auto-estima.
CONCLUSÃO:
Diante do exposto, parece obvio afirmar que o ProJovem Urbano contempla, fundamentalmente, jovens pobres. Nesse contexto, fica latente a urgência da inserção desta população no mundo de um trabalho digno, bem como o imperativo no que tange à elevação de sua escolaridade. Analisar as pistas deixadas pelos destinatários de um programa voltado, intencionalmente, a juventude brasileira, nos oferece subsídios para estudar o impacto deste tipo de política no campo da educação e do trabalho. Assim, parece oportuno atentar para as expectativas dos jovens ao se matricularem no programa, o que indica parte de suas demandas. Como ignorar que 40,8% procurou o programa visando qualificar-se para arrumar ou manter o emprego? Como ignorar os 27,5% que objetivavam, principalmente, a conclusão do Ensino Fundamental em 1 ano? Por outro lado, estes dados são praticamente invertidos quando os jovens, após a inserção no programa, declaram que as principais contribuições às suas vidas refletem-se na possibilidade de continuar os estudos (45,3%) e de obter um emprego (27,3%). Relatos do SMA (Sistema de Monitoramento e Avaliação) sugerem que esta inversão de dados parece relacionar-se às dificuldades na implementação da dimensão Qualificação Profissional nos municípios.
Instituição de Fomento: Secretaria Nacional de Juventude / PROJOVEM
Palavras-chave: Políticas Públicas, Educação e Trabalho, ProJovem Urbano.