62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO DO SANATIVO® EM BACTÉRIAS GRAM - POSITIVAS E GRAM - NEGATIVAS.
Luanda Bárbara Ferreira Canário de Souza 1
Adriana Diocleciano Soares 1
Jannyce Guedes da Costa 1
Kleyton Santos de Medeiros 1
Maria Celeste Nunes de Melo 1
Maria José de Britto Costa Fernandes 1
1. Departamento de Microbiologia e Parasitologia, Centro de Biociências, UFRN
INTRODUÇÃO:

Uma das formas mais antigas de prática medicinal da humanidade é o uso de extratos vegetais. Entretanto, o emprego de plantas medicinais no tratamento de doenças é em sua maioria sem comprovação científica. Apesar disso, essa prática é comum nos dias atuais, onde vários extratos de plantas são industrializados e comercializados, além dos fabricados artesanalmente utilizados pela população. A maior parte das informações sobre o uso das plantas medicinais, é transferida entre as gerações e fundamentada em experiências empíricas. No entanto, o uso delas vem sendo gradualmente regulamentado nas últimas décadas a partir de experimentos científicos que confirmem a sua real eficácia. O Sanativo® é um fitoterápico de uso tradicional no Nordeste Brasileiro, que é composto pela associação de extratos hidroalcoólicos de angico (Piptadenia colubrina Benth), aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi), camapú (Physalis angulata, Linné) e mandacaru (Cereus peruvianus, Miller). Essa composição de plantas do Sanativo® possui atividade antimicrobiana comprovada in vitro, sendo este utilizado para tratar doenças causadas por microorganismos. O presente estudo foi conduzido para avaliação da atividade antimicrobiana in vitro do Sanativo® sobre cepas bacterianas Gram-positivas e Gram-negativas.

METODOLOGIA:

A partir do extrato liofilizado do Sanativo® foram preparadas dispersões aquosas para a realização dos testes microbiológicos. A análise foi feita pelo método de difusão em ágar, de acordo com Bauer et al. (1966), utilizando discos de papel estéreis impregnados com 10 µL das concentrações 50 mg/mL, 100mg/mL e 170 mg/mL  da dispersão aquosa do extrato. Utilizou-se nos testes bactérias Gram-positivas (Staphylococcus aureus ATCC 25923, Enterococcus faecalis ATCC 29212, Staphylococcus epidermidis ATCC 1228, Bacillus cereus ATCC 11778, Staphylococcus aureus resistente à meticilina MRSA 112 e Staphylococcus spp. coagulase negativa) e Gram-negativas (Escherichia coli, Escherichia coli beta-lactamase de espectro estendido ESBL, Salmonella spp., Enterobacter spp., Klebsiella oxytoca, Klebsiella pneumoniae, Citrobacter freundii, Chromobacterium violaceum, Pseudomonas aeruginosa, Shigella sonnei, Shigella flexneri e Escherichia coli ATCC 25922). As análises foram realizadas em triplicata para cada bactéria e o resultado final foi dado pela média aritmética mais cálculo do desvio padrão dos halos de inibição.  Considerou-se como detentora de atividade antimicrobiana, a concentração que apresentou a formação de um halo igual ou superior a 7mm de diâmetro.

RESULTADOS:

As três concentrações testadas do extrato (50 mg/mL, 100 mg/mL e 170 mg/mL) foram capazes de inibir todas as bactérias Gram-positivas, enquanto que só duas concentrações (170 mg/mL e 100 mg/mL) foram capazes de formar halo de inibição para três bactérias Gram-negativas (Citrobacter freundii, Chromobacterium violaceum, e Shigella flexineri). Apenas 25% das bactérias Gram - negativas testadas foram sensíveis às concentrações de 100mg/mL e 170 mg/mL. Porém, para a primeira concentração verificou-se a formação de halos de inibição com diâmetros menores. Em contraste a esse valor tivemos 100% de atividade inibitória para as Gram-positivas nestas mesmas concentrações. A concentração de 50 mg/mL foi capaz de inibir o crescimento de somente uma bactéria Gram-negativa, que foi a Chromobacterium violaceum. A diferença de sensibilidade ocorrida entre bactérias Gram-positivas e Gram-negativas pode ser explicada devido às diferenças na constituição química da parede celular destes dois grupos de microorganismos. Os dados apresentados neste trabalho revelaram que o fitoterápico Sanativo® tem grande potencial de uso comprovado como agente antimicrobiano em infecções causadas pelas bactérias com crescimento inibido.

CONCLUSÃO:

Os extratos vegetais têm grande potencial de uso como agentes antimicrobianos, principalmente contra as bactérias Gram-positivas.

As bactérias Gram-positivas tiveram maior susceptibilidade às substâncias antimicrobianas de origem vegetal que constituem o Sanativo® do que as Gram-negativas.

O fitoterápico Sanativo® apresentou grande potencial de uso como agente antimicrobiano, sendo isso demonstrado através de ensaio in vitro. O resultado da análise sugere a possível aplicação no tratamento de doenças infecciosas causadas pelas bactérias testadas.
Palavras-chave: Atividade Antimicrobiana, Fitoterápico Sanativo®, Disco Difusão.