62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 8. Economias Agrária e dos Recursos Naturais
POTENCIAL PARA CONSERVAÇÃO DO AÇÁI: UMA ANÁLISE DA PRODUÇÃO DE AÇAÍ E DESMATAMENTO NO ESTADO DO PARÁ
Oriana Almeida 1
Romulo Azevedo 2
Sérgio Rivero 3
Tássia Ferreira 4
Fernando Araújo 5
1. NAEA-UFPA
2. Departamento de Elétrica - UFPA
3. Departamento de Economia - CEPEC-UFPA
4. Departamento de Economia - UFPA
5. Departamento de Geografia - UFPA
INTRODUÇÃO:
O debate sobre produtos extrativistas é dividido entre os argumentos de economistas que preveem o declínio das atividades extrativas e sua substituição por plantas domesticadas e dos que acreditam que o extrativismo é uma forma de conservação ambiental da floresta amazônica. Homma em seu trabalho publicado em 1989 desenvolve um modelo teórico que mostra que o extrativismo está fadado a ser substituído por produtos domesticados. Nesse sentindo a substituição de espécies nativas por espécies domesticadas apresentada por Homma (1989) não parece ser um processo diferenciado do processo normal de mudança e adoção de inovações no processo produtivo. Ao mesmo tempo, o largo período de tempo necessário para que as inovações sejam desenvolvidas e introduzidas e a possibilidade de introdução de novas tecnologias que vão suplantar economias extrativistas não devem ser razões para não aproveitar do potencial das economias extrativas para a conservação da Amazônia. O presente trabalho visa analisar a relação entre açaí e conservação destacando a relação entre área desmatada e produção de açaí por município do estado do Pará.
METODOLOGIA:
Dados de desmatamento do INPE-PRODES foram usados e foram considerados dados do IBGE, da pesquisa de produção extrativa vegetal do ano de 2008 para os municípios que tiveram produção do açaí (ambos em logaritmo natural). Uma regressão simples com produção do açaí como variável independente e desmatamento como variável dependente foi feita com objetivo de analisar relação entre as duas variáveis e sua significância.
RESULTADOS:
O estado do Pará é responsável por 67% da produção de açaí do Brasil sendo os principais municípios produtores os municípios do Marajó e Tocantins. Desde 1980 a produção do açaí mais que dobrou subindo de 56 mil toneladas para 110 mil toneladas. A maior parte dessa ascensão se deu até 1987 quando a produção do açaí teve uma média de 103 mil toneladas (IBGE). O aumento da produção se deu tanto pelo plantio em áreas novas como pelo adensamento de açaí pelos pequenos produtores rurais da região de várzea. A regressão entre desmatamento e produção de açaí por município mostra uma relação negativa e significativa mostrando que regiões onde há açaí possuem menor desmatamento.
CONCLUSÃO:
Os resultados mostram que as regiões de várzea onde está localizada a maior produção de açaí estão inversamente correlacionadas com o desmatamento no Pará. O desmatamento está fortemente associado com a expansão da pecuária da região mas também se associa mais fracamente com produção de culturas perenes. Os municípios onde se concentra a produção do açaí são os possuem menor renda do estado do Pará. Entretanto, grande parte da produção extrativa e de pequena produção não é contada pelos métodos de avaliação atual. Em anos recentes açaí tem se transformado em uma das principais atividades econômicas da população da região de várzea do estuário amazônico. Estes resultados apontam para a necessidade de se incorporar mecanismos mais específicos para avaliar a renda gerada pela pequena produção extrativa, o que pode aumentar a significância de culturas como o açaí na renda local. O fato da maior produção de açaí ter relação inversa e significativa com o desmatamento também indica que é necessário pensar, nas políticas de desenvolvimento e de preservação dos recursos naturais, a incorporação da produção extrativista não só como uma fonte de renda, mas também como uma atividade que gera externalidades positivas na preservação ambiental.
Instituição de Fomento: FAPESPA, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico-CNPQ
Palavras-chave: Açaí, Extrativismo, Desmatamento.